O deputado estadual Lúdio Cabral (PT) classificou como "fato gravíssimo" a denúncia apresentada pela Procuradoria Geral da República (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais 33 pessoas por tentativa de golpe de Estado. Em entrevista concedida nesta quarta-feira (19.02), o parlamentar defendeu que o caso seja tratado como um episódio histórico para o Brasil e não apenas sob a ótica eleitoral.
"É importante separar esse debate do debate eleitoral, porque se trata de um fato gravíssimo, fartamente documentado pela Polícia Federal e pela denúncia da PGR. Bolsonaro e mais 33 pessoas foram envolvidos em um esforço para abolir o Estado Democrático de Direito no Brasil, incluindo a intenção de assassinar o presidente e o vice eleitos e um ministro do Supremo Tribunal Federal", declarou Lúdio.
Para o deputado, a denúncia reforça a necessidade de fortalecimento das instituições democráticas. "Essa é uma questão séria, um fato histórico importante para o nosso país, porque precisamos consolidar as instituições democráticas. Essa denúncia tem tudo para contribuir para que outros aventureiros desorientados não tentem mais uma vez avançar contra o Estado de Direito", afirmou.
Questionado sobre os impactos da denúncia no cenário eleitoral, Lúdio Cabral reconheceu que a situação pode ter desdobramentos políticos, mas reforçou que se trata de um processo jurídico independente. "É lógico que tem reflexo nos processos eleitorais, mas essa denúncia foi oferecida pela PGR, que é uma instituição independente e será julgada pelo Poder Judiciário. Não há relação direta com o processo eleitoral ou com disputa política", explicou.
Movimento por anistia
O parlamentar também criticou a proposta do deputado Júlio Campos (União Brasil), que pretende iniciar um movimento nacional nas Assembleias Legislativas em defesa da anistia aos envolvidos nos atos do 8 de janeiro de 2023. "Não tem sentido qualquer movimento dessa natureza, especialmente depois de uma denúncia tão forte como essa oferecida pela PGR", declarou.
Sobre a proposta de Júlio Campos de garantir uma individualização mais equilibrada das penas, Lúdio reforçou que o processo judicial já funciona dessa maneira. "As pessoas denunciadas e processadas no Judiciário por crime passam por um julgamento individualizado. Isso já ocorre naturalmente e cabe ao Poder Judiciário essa análise. Esse é um tema que não cabe interferência de natureza política", afirmou.
O deputado destacou ainda que qualquer tentativa de influência política sobre o julgamento seria uma afronta à independência dos poderes. "É mais do que uma interferência entre os poderes, é o processo político querendo influenciar no processo judicial, no trabalho do Judiciário. Não tem lógica nenhuma. Tanto que a denúncia feita pela PGR individualizou o nome de 34 pessoas e identificou os crimes praticados por cada uma delas", concluiu.
Leia mais: PGR denuncia Jair Bolsonaro e ex-integrantes do Governo por crimes contra democracia
Entre no grupo do VGNotícias no WhatsApp e receba notícias em tempo real (CLIQUE AQUI).