Sob o silêncio do empresário mato-grossense do agronegócio, Argino Bedin, a relatora da Comissão Mista Parlamentar de Inquérito (CPMI), senadora Eliziane Gama (PSD-MA) resgatou os momentos turbulentos enfrentados pela população de Mato Grosso em razão dos bloqueios das rodovias estaduais, promovidas pelos atos antidemocráticos. A CPI do 8 de Janeiro foi criada com objetivo de investigar os ataques de 8 de janeiro aos Poderes da República.
Um dos vídeos expostos pela parlamentar mostra a imagem de um pai desesperado, que estava sendo impedido por manifestantes, que bloqueavam a rodovia, de levar o filho para uma cirurgia em Cuiabá. O vídeo que viralizou à época comoveu e causou indignação após serem impedidos por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) na BR-163, em Sorriso.
“Olha o desespero. (...) Você fazer manifestação, fazer algumas obstruções é até comum, mas impedir que ambulâncias, pessoas que estão em situação de fato grave de vida possam ser impedidas de transitar, deixa de ser manifestação e passa ser um ato desumano”, disse Eliziane, sobre a “luta” de Gabriel da Guia Boa Sorte, 9 anos, que conseguiu a cirurgia após seguir viagem por caminho alternativo em meio a lavoura. (reveja o vídeo abaixo)
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Bedin, aos 73 anos, proprietário de 13 fazendas e de 16 caminhões usados em bloqueios de estradas em janeiro, é apontado como financiador dos atos de 8 de janeiro. Ele, que atuou como militante bolsonarista, se calou diante do questionamento, especialmente quando indagado sobre o relatório da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN). Segundo dados da ABIN, 272 caminhões foram de comboio para o acampamento do 8 de janeiro, em Brasília, sendo que 72 vieram de Sorriso, destes 72, 16 eram da família do empresário. “Precisamente cinco do senhor Argino Bedin e mais 11 caminhões é referente a vários outros integrantes de sua família, filhos enfim e outros parentes”, declarou a relatora.
Os alertas nas rodovias de Mato Grosso emitidos no relatório da ABIN, consta ainda que, no dia 5 de novembro, 180 caminhões de Sorriso estavam se direcionando para Brasília. Ainda do relatório, Eliziane cita que no dia 19 de novembro houve tentativa de explosão na antiga BR-174, região de Comodoro, Mato Grosso, bem como, outras ações que se equiparam com vandalismos, como, por exemplo, fogo em ambulância e guinchos, uso de armas, coquetel molotov, despejo de cargas na pista, utilização de terra e madeira para furar pneus, furtos de pneus e até troca de tiros entre policiais e manifestantes. Os fatos aconteceram em Nova Mutum, Lucas do Rio Verde e em Sorriso.
“Vários destes acontecimentos, vários desses atos ocorrem na região próxima da fazenda que é de propriedade do senhor Bedin e também da fazenda Lagoa Vermelha e outras todas localizadas na BR- 163”, destacou Eliziane Gama.
A senadora também apontou envolvimento do Movimento Verde Amarelo, que é composto por associados da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), na qual o Grupo Bedin faz parte. Segundo ela, o presidente da Aprosoja Brasil, Antonio Galvan, que também integrava o Movimento Verde Amarelo, que incentivava atos antidemocráticos e o questionamento do processo eleitoral. “O Movimento Verde Amarelo recebeu dinheiro e não foi pouco dinheiro, ou seja, todas essas manifestações que ocorreram eram subsidiadas. (...) Um dos que foram presos é integrante da Aprosoja”, declarou a senadora.
Além dos transtornos nas rodovias, a senadora também expôs o desabastecimento, como exemplo citou a falta de querosene nos aeroportos, ocasionadas por restrição nas rodovias. Ainda, em Tangará foi publicada situação de emergência por escassez dos combustíveis. "Estes atos afetaram a vida de milhares de pessoas causando graves prejuízos e pode ter contribuído com a morte de pessoas por falta de atendimento”, criticou Eliziane Gama.
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