Os deputados estaduais retomam nesta semana a votação do projeto de lei que obriga a filmagem dos treinamentos do Corpo de Bombeiros, assim como das Polícias Militar e Judiciária Civil de Mato Grosso. A proposta inclui ainda a obrigatoriedade da presença de uma ambulância. A iniciativa, apresentada pelos deputados Wilson Santos e Júlio Campos (União), foi motivada após a morte de Lucas Veloso Perez, que passou mal e se afogou durante um treinamento do Corpo de Bombeiros, na Lagoa Trevisan, em Cuiabá.
Júlio Campos defendeu a gravação de áudio e imagens de todos os treinamentos da Segurança Pública do Estado de Mato Grosso, em homenagem à memória do jovem Lucas Veloso, que perdeu a vida devido à má condução dos treinamentos.
"Eu acredito que o comando da segurança pública [PM, PJC e Corpo de Bombeiros], ao treinar os novos profissionais recém-incorporados, adotará medidas mais cautelosas e deliberadas para evitar incidentes tristes e vergonhosos. Não é aceitável que um jovem venha treinar em Mato Grosso e retorne em um caixão", declarou Júlio.
O texto foi unanimemente aprovado pelos deputados na primeira votação, porém surpreendentemente recebeu um parecer contrário da Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJR) para a segunda votação.
Tramitação - O projeto, que estava na pauta de votação, teve sua votação adiada na última quarta-feira (10) após um pedido de vista apresentado pelo deputado Elizeu Nascimento, presidente da Comissão de Segurança. Em relação ao pedido de vista, o deputado Wilson Santos declarou que isso constitui um direito regimental do colega e expressou sua convicção de que a proposta será devolvida para votação nesta semana. Ele acrescentou que Elizeu Nascimento justificou o pedido com a necessidade de fazer adequações na matéria.
"Existe uma forte tendência de que o projeto seja aprovado por unanimidade, especialmente porque não difere do decreto já estabelecido pelo governador. Considerando que um decreto pode ser revogado unilateralmente a qualquer momento, uma lei oferece maior estabilidade e segurança jurídica. Foi por isso que propus o projeto de lei. Espero que seja tanto aprovado quanto sancionado pelo governador", declarou Wilson.
Morte em treinamento - A equipe de Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) conduziu a reconstituição da morte de Lucas Veloso Peres, aluno soldado do Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso, de 27 anos, vítima de afogamento. O incidente ocorreu durante um treinamento na Lagoa Trevisan, em 27 de fevereiro. A reconstituição aconteceu nessa sexta-feira (12.04), com as portas fechadas, sem a presença da família, profundamente abalada pelo ocorrido.
Reicindência - Não é o primeiro caso de morte em treinamento em Mato Grosso. Em 2026, Rodrigo Claro morreu durante o treinamento de atividades aquáticas em ambiente natural do 16º Curso de Formação de Soldado Bombeiro do Estado de Mato Grosso realizado na Lagoa Trevisan em Cuiabá.
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Conforme o Ministério Público, Rodrigo foi submetido a sessões de afogamento durante a travessia da lagoa. Ele chegou a ser hospitalizado, mas morreu dias depois.
Segundo a denúncia, a tenente Ledur, era a instrutora do curso, e teria usado de meios abusivos de natureza física e de natureza mental. Após ser denunciada criminalmente, Izadora chegou a usar tornozeleira durante três meses, mas o equipamento foi retirado.
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