O governador Mauro Mendes (União Brasil) afirmou na última terça-feira (23) que José Geraldo Riva liderou os “tempos das trevas” em Mato Grosso, ao responder crítica do ex-deputado. Mendes fez menção a acusações de corrupção contra o parlamentar, que já foi considerado o “maior ficha suja” do Brasil.
A história política de Mato Grosso mostra que Mendes e Riva estão muito mais próximos do que se imagina em diversos casos de corrupção que estouram no Estado nos últimos anos. A diferença é uma só: enquanto o ex-deputado foi alvo de investigação, o governador seguiu incólume.
Propina da Queiroz Galvão
Em um dos casos mais emblemáticos de corrupção em Cuiabá, a privatização da Sanecap, Mauro Mendes teve participação primordial, de acordo com investigações da Polícia Federal.
Mendes foi acusado pela construtora Queiroz Galvão, que participou do processo, de ter recebido R$1 milhão em propina para dar continuidade ao processo de privatização, que foi iniciado na gestão de Chico Galindo e herdado pelo então prefeito.
O empresário Mario de Queiroz Galvão afirmou, em acordo de delação premiada homologado no Supremo Tribunal Federal (STF), que pagou pelo menos R$ 1 milhão em propina para o governador entre outubro de 2012 e fevereiro de 2013, em três parcelas. Segundo o delator, o núcleo político de Mendes havia pedido ao grupo R$ 6 milhões, mas não foi atendido. As acusações se referem ao período em que ele era candidato e prefeito eleito de Cuiabá pelo PSB.
O caso foi revelado pelo site Congresso em Foco: https://congressoemfoco.uol.com.br/temas/corrupcao/exclusivo-governador-de-mato-grosso-e-acusado-de-receber-propina/
Caixa 2 de Empresária
O governador Mauro Mendes também é citado como tendo recebido caixa 2 da empresária Marilena Aparecida Ribeiro.
Marilena é apontada na delação do ex-governador Silval Barbosa como responsável por emprestar R$1 milhão, que supostamente seria caixa 2 para a campanha do empresário Mauro Mendes durante a disputa pela Prefeitura de Cuiabá, em 2008. Mendes pediu para que Blairo Maggi liquidasse a dívida, o que teria ocorrido, segundo Silval, por meio de contratos no Cepromat, atual MTI.
Marilena também foi citada na Operação Ararath por suposta prática de agiotagem. Em 2017, ela foi condenada pela Justiça em R$ 20 mil por danos morais por ter usado um funcionário como “laranja” em uma empresa endividada. A própria Marilena firmou acordo de delação premiada, que gerou a quebra de sigilo bancário do ex-deputado Carlos Bezerra. A delação, que segue em segredo de Justiça, nunca foi revelada ao público.
A empresária conseguiu um contrato de R$ 2,5 milhões para alugar o prédio de sua propriedade para a Defensoria Pública de Mato Grosso.
Fazenda Ajuricaba
Mendes também aparece em outros trechos da delação de Silval Barbosa quando o assunto é negócios empresariais. Silval contou que o governador foi seu sócio na aquisição da Fazenda Ajuricaba, uma área de 3 mil hectares em Nossa Senhora do Livramento destinada ao garimpo.
O ex-governador contou que comprou a área com Mauro, Wanderley Fachetti Torres, José Lacerda e Valdinei Mauro de Souza, o “Nei” Garimpeiro.
O governador procurou o dono da Construtora Enza, antigo proprietário, pedindo preferência na compra da fazenda. Em troca da preferência, o governador teria auxiliado a construtora em negócios no MT Integrado.
A sociedade foi dissolvida, mas Mauro Mendes e Valdinei continuaram com a parte deles, segundo a delação.
Acordo com Taques
Foi Mauro Mendes quem orientou Silval Barbosa a doar R$20 milhões para a campanha de Pedro Taques, em 2014, visando que este último não atacasse a gestão do ex-governador.
Semanas depois, Mendes deixou a coordenação de campanha de Taques e foi substituído pelo empresário Alan Malouf. O empresário procurou o grupo de Silval e informou que qualquer valor acordado deveria passar pelas suas mãos e não mais por Mendes.
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