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Política Quinta-feira, 08 de Junho de 2023, 17:21 - A | A

Quinta-feira, 08 de Junho de 2023, 17h:21 - A | A

machista!

Com mais de R$ 30 mil em salário, Cattani esquece de criar projetos relevantes para MT e se preocupa em mugir e discriminar mulheres

Ao invés de respeitar a população que o elegeu, o parlamentar se encontra em um impasse devido a declarações que colocaram a luta feminina na lama

Giovanna Bitencourt/VGN

O salário é de R$ 31.238,19 mil. A verba indenizatória é R$ 65 mil, além de outros benefícios que a Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) oferece, como o auxílio combustível, que entre os meses de janeiro a abril de 2023, foi gasto em média de R$ 73.996,03 mil. Diante deste cenário, leva-se a crer que o deputado bolsonarista, Gilberto Cattani (PL), tem diversos projetos de leis e discursos relevantes para a sociedade mato-grossense. Entretanto, isso está longe de ser realidade.

Ao invés de respeitar a população que o elegeu, visto que 51% do total de eleitores em Mato Grosso é composto por mulheres, o parlamentar se encontra em um impasse devido a declarações que colocaram a luta feminina na lama.

No dia 15 de maio, foi criada uma frente parlamentar formada apenas por homens. Um dos deputados que compõe a frente é Gilberto Cattani, que se sente confortável em ditar regras aos corpos femininos, e se imagina como um super-herói, ao sentir-se no direito de “combater” o aborto no Estado. A Frente Parlamentar de Combate ao Aborto “Pró-Vida” visa convencer mulheres a manter gestações indesejadas ou não planejadas.

No momento da criação da comissão, Cattani defendeu que a vida existia desde o primeiro instante da gestação e, ainda, comparou a gravidez de mulheres com a gestação de vacas.

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"Quando a minha vaca entra no cio, está no período fértil e o touro ‘cobre’ a minha vaca, é assim que a gente fala na roça, então ela está prenha. Isso é natural. Agora eu pergunto para qualquer pessoa: O que tem na barriga da minha vaca? Se você pedir para essas feministas ou essas pessoas que defendem o assassinato de bebês no ventre da sua mãe, eles vão dizer que lá tem um feto, não é um bezerro. Assim como eles falam da mulher, que dentro da barriga da mulher, até a 6ª semana, é um tipo de coisa, depois um amontoado de célula e assim por diante, que não é uma criança. Eles usam a palavra feto para desmerecer", declarou Cattani.

Em vídeo divulgado nas redes sociais, o parlamentar aparece em um estábulo com duas vacas, a se "desculpar" com os animais. Em outro vídeo postado pelo próprio deputado, a esposa dele aparece mugindo.

A Comissão da Mulher Advogada da Ordem dos Advogados do Brasil - Seccional Mato Grosso (OAB-MT) denunciou o deputado Gilberto Cattani ao Ministério Público do Estado. "Ao traçar tal paralelo, o deputado equivale o cio de animais de sua fazenda com o período fértil de uma mulher, e, sem qualquer necessidade para a discussão, fala em touro cobrindo a vaca", diz trecho da denúncia.

Em entrevista ao , a presidente da Comissão, Glaucia Amaral, explicou que a mulher sempre foi inferiorizada nos séculos passados, contudo, vivemos uma realidade que isso é considerado crime. Conforme a presidente, esses comportamentos discriminatórios destacam que a pessoa é presa a atitudes negativas e frutos de injustiças históricas.

“A mulher foi tratada pelas normas de séculos atrás como cidadã inferior, de segunda classe, com menos direitos, inferiorizada. Quando alguém ridiculariza por qualquer meio, inferioriza, discrimina, produz efeito na sociedade. Primeiro, prova que é alguém preso a comportamentos negativos, frutos de injustiça histórica, ou seja, temos que lamentar esse tipo de pensamento ainda em nossos dias”, destacou.

Glaucia observou que Cattani fomenta um grande problema social ao utilizar de falas problemáticas como parlamentar, levando as pessoas a concordar, ou até mesmo, adotar e defender esses comportamentos discriminatórios, visto que o Parlamento é um local de grande relevância para a sociedade.

“O problema é social, pelo efeito de contaminar pessoas que não tem pensamento discriminatório, e levá-las a concordar por simpatia ou antipatia, e adotar e passar a defender esse pensamento nefasto”, afirmou.

No dia 1º de junho, um projeto de lei, de autoria do deputado Gilberto Cattani, que obriga a comunicação de tentativa ou consumação de aborto à polícia, Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) e ao Conselho Tutelar, foi aprovado em primeira votação na ALMT.

O projeto cria o 'Programa de Proteção ao Nascituro em Mato Grosso' e, consoante o texto, é destinado à "proteção do direito à vida da criança, desde a concepção até o nascimento". Desta forma, qualquer tentativa ou consumação de aborto deve ser comunicado aos órgãos para providências cabíveis.

Ainda, conforme o projeto, a comunicação poderá ser feita por qualquer pessoa, principalmente, pelos profissionais da saúde da rede pública ou particular. O sigilo profissional assegurado ao médico e ao paciente, não se aplica nas situações de aborto criminalizadas pela lei, por se tratar de ilícitos penais.

Ao justificar o projeto, Cattani afirmou que o aborto se trata de retirar a vida de um ser humano. Argumentou ainda que muitos procedimentos são realizados de forma clandestina e que a prática precisa ser coibida em homenagem à preservação da vida. O parlamentar também cita a Declaração Universal de Direitos Humanos, em que toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal e a Constituição Federal que diz que "todos são iguais perante a lei".

O projeto de lei visa preservar a vida, conforme o deputado, mas se torna irônico e hipócrita, comparado às atitudes discriminatórias do parlamentar que inferioriza as mulheres, ao comparara-las com vacas. Além de estimular a violência contra mulheres, visto que os dados de feminicídio em Mato Grosso são alarmantes e preocupantes.

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