A delegada da Polícia Civil, Ana Cristina Feldner, em resposta a manifestação do Ministério Público do Estado, assinada pelo promotor de Justiça Reinaldo Rodrigues de Oliveira Filho, que cobra os inquéritos da Grampolândia, sob pena de busca e apreensão em caso de não ser enviado em até dez dias, alegando demora das investigações, lamentou a postura do MPE e disse que se dependesse do órgão, as investigações do caso já estariam arquivadas. Leia matéria relacionada: MPE quer que Justiça mande delegada encaminhar inquéritos da Grampolândia, sob pena de busca e apreensão
Em entrevista ao oticias, Feldner disse que ainda não foi notificada e não tem conhecimento da manifestação do MPE, sendo que tomou conhecimento do teor pelo site oticias, que deu em primeira mão, mas diz lamentar a postura do MPE, pois, segundo ela, sempre colocou as investigações à disposição do órgão, e que não teria a necessidade de fazer uma manifestação “midiática” e com “nítido abuso e descabida demonstração de poder”.
“Eu não tenho conhecimento deste parecer do Ministério Público. Mas, com base no que foi divulgado pelo oticias, é uma opinião do Ministério Público, eu só tenho a lamentar tal parecer, e destacar que é um pedido, ainda não tem decisão da Justiça. O MPE deveria se preocupar em apurar a verdade real, querer efetivamente identificar os culpados, identificar a verdade real e querer a conclusão efetiva dessas investigações. Mas, infelizmente, desde o início, o Ministério Público sempre tem se manifestado contrário em todos os atos da investigação da Grampolândia” diz.
Conforme a delegada, todos os pedidos que foram feitos pela Força Tarefa da Grampolândia, o MPE sempre manifestou ao contrário. “Infelizmente, nesta investigação, nós não temos atuado em nenhum momento em conjunto com o Ministério Público para buscar a verdade” enfatiza.
A delegada ressalta que se dependesse do MPE, em especial do promotor de Justiça que assinou a manifestação, Reinaldo Rodrigues de Oliveira Filho, a investigação da Grampolândia já estaria arquivada, pois, conforme ela, ele já deu um parecer onde pediu o arquivamento, e que inclusive, este parecer foi usado por um dos investigados, delegado aposentado Rogers Elizandro Jarbas, para pedir arquivamento das investigações no Superior Tribunal de Justiça (STJ), mas, o pedido foi negado por unanimidade pelos ministros da Corte Superior.
“A investigação da Grampolândia só não foi arquivada por dois motivos, porque o juiz entendeu que não era caso de arquivamento e que as investigações deveriam seguir e porque o promotor pediu o arquivamento antes do final das investigações, isso que é o mais lamentável de tudo, o Ministério Público pedir para arquivar uma investigação sem ela ter terminado. Investigações essas, que recentemente, os ministros do STJ, de forma unânime julgaram que não deveriam ser arquivadas” destaca.
Quanto ao tempo da investigação, Feldner lembra que as investigações somente começaram depois de dois anos dos fatos, após ser veiculada matéria nacional, segundo ela, antes disso não houve investigação, pois houve o sumiço da denúncia. “As investigações demoraram a começar porque ninguém tinha conhecimento, quem tinha deu sumiço na denúncia, e aliado a isso, a investigação ficou grande parte em Brasília em razão de recursos causados pelos investigados, com a participação do Ministério Público, no sentido de atacar a investigação, e ainda, um simples pedido feito pela nossa equipe, como por exemplo realização de perícia, que na praxe policial demora uma semana para ser manifestado, demorava até quatro, cinco meses para ser manifestado por parte do Ministério Público, e por último, como grande opositor às investigações, o próprio Ministério Público, que gera sim atraso nas investigações porque ele é sempre contrário a tudo, sempre demora em dar parecer, então eles têm contribuído para que essas investigações não terminem, inclusive com esse pedido de arquivamento”.
A delegada reclama que falta parceria do Ministério Público, pensando na sociedade. Conforme ela, foram encaminhados pedidos para instaurar ações de improbidade administrativa contra o coronel Siqueira, mas nunca obteve resposta do MPE. “Nunca recebemos retorno, não sabemos nem se foi instaurado alguma ação, então realmente não há troca de informação” ressalta.
E ao final, Feldner classifica como desnecessário o pedido de busca e apreensão. “As investigações sempre foram colocadas à disposição do MPE. Esse pedido de busca e apreensão é antiético e com isso ele quer gerar tumulto entre os órgãos oficiais. Ele deveria se preocupar com a população e a resolução do caso, a policia civil jamais vai descumprir alguma medida, não precisa desse pedido midiático e desrespeitoso, uma desnecessária demonstração de poder, querendo intimidar, mas não me sinto intimidada, porque não estou eivada de necessidades, e já tinha colocado a disposição os inquéritos, bastava tão somente ele solicitar”.
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