O ministro da Agricultura de Pecuária, Carlos Fávaro (PSD), afirmou nesta quarta-feira (19.06) que o ex-secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura (MAPA), Neri Geller (PP), não fez nada de errado, mas "precisa ser investigado". Fávaro defendeu a exoneração para garantir transparência nas investigações contra o seu ex-aliado.
“Apesar do ato falho, de ter as ligações pessoais do filho com a empresa que operou este leilão não teve nada de errado que possa sofrer qualquer tipo de condenação, mas precisa ser investigado. Por isso o presidente Lula determinou que a CGU faça toda investigação, que a Polícia Federal faça toda investigação, fundamental na transparência e isso dá credibilidade nas ações do Governo”, declarou o ministro.
Em resposta a mágoa do ex-deputado Neri Geller, que deixou o Governo em meio a escândalo de irregularidades no leilão para compra importação de arroz, Carlos Fávaro citou a demissão do ministro chefe da Cada Civil, Henrique Hargreaves em 1994, pelo então presidente Itamar Franco e a sua readmissão 121 dias depois após a conclusão das investigações.
“É muito importante dizer que a exoneração do ex-ministro Neri Geller não se trata de um ato de juízo de valores, em hipótese alguma de condenação. Não se trata aqui de fazer julgamento, mas é a total liberdade que precisa ser feita para investigar. Certamente Henrique Hargreaves não saiu comemorando porque foi demitido, pode até ter ficado magoado, mas teve o reconhecimento de Itamar Franco poucos dias depois”, argumentou o ministro.
Fávaro não descartou uma readmissão “apesar do ato falho” do filho de Neri, Marcelo Geller ter ligações com a empresa de Robson Almeida de França, que operou no leilão cancelado por suspeitas de irregularidades.
Conforme o ministro, a transparência para investigar evitando conflitos de interesse é parte do papel do Poder público e precisa ser reconhecido. “Anulou o leilão porque faz parte e é de um ato da gestão combater qualquer conflito de interesse. É a prevenção.”
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