04 de Fevereiro de 2025
04 de Fevereiro de 2025
 
menu

Editorias

icon-weather
lupa
fechar
logo

Fatos de Brasília Terça-feira, 04 de Fevereiro de 2025, 17:50 - A | A

Terça-feira, 04 de Fevereiro de 2025, 17h:50 - A | A

Nova liderança na Câmara dos Deputados

Hugo Motta foi eleito com apoio de partidos antagônicos, como PT e PL

Motta destacou que sua trajetória foi determinante para consolidar uma candidatura de consenso

Edina Araújo/Fatos de Brasília

A eleição do novo presidente da Câmara dos Deputados representou uma movimentação política incomum, capaz de reunir apoios que foram desde a esquerda do PT até a direita do PL. Aos 35 anos e em seu quarto mandato, ele se tornou o mais jovem presidente da Casa, resultado de uma articulação política construída nos bastidores. Como ele mesmo definiu, essa trajetória se baseou em um perfil conciliador e articulador.

Em entrevista a Globo News nesta terça-feira (04.02), Motta destacou que sua trajetória foi determinante para consolidar uma candidatura de consenso. Ele relembrou que já havia ocupado cargos estratégicos na Câmara, como a liderança de partido e a Presidência de comissões, além de contar com o apoio de figuras influentes na Casa. Essa experiência permitiu a formação de uma base sólida, culminando na retirada da candidatura de Marcos Pereira, então presidente do seu partido, o Republicanos.

Questionado sobre o papel do ex-presidente Jair Bolsonaro nas negociações, ele garantiu que a pauta da eleição não foi contaminada por temas polêmicos e que seu compromisso foi estritamente administrativo. No entanto, confirmou que Bolsonaro mencionou a questão da anistia aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro.

“O presidente Bolsonaro disse que sua preocupação era com as pessoas que estão sendo condenadas com penas muito altas e algumas exiladas na Argentina”, explicou. Ele enfatizou que a decisão final sobre esse tema caberá ao colégio de líderes da Câmara.

Em relação ao presidente Lula, o novo líder da Câmara ressaltou que o diálogo sempre foi maduro e que o chefe do Executivo demonstrou preocupação com suas relações políticas. “Sempre disse que, para estar na Câmara dos Deputados, é necessário se relacionar com todos. Se eu não tivesse essa capacidade, não teria sido eleito”, afirmou.

Reforma política e o papel do Congresso

Um dos pontos mais debatidos foi a proposta de um regime semipresidencialista. Questionado sobre sua posição, ele disse que apoia a discussão, mas ponderou que deve ser conduzida com responsabilidade para evitar rejeição popular. “Se dissermos à população que ela não escolherá mais o presidente, a maioria será contrária. É necessário um debate sério”, argumentou.

Sobre a relação com o Executivo, o presidente reafirmou que a Câmara não será um fator de instabilidade para o governo. No entanto, reforçou que isso não significa a aprovação automática de todas as propostas enviadas pelo Planalto. “Nosso compromisso é com uma agenda para o país, e ajudar nessa agenda não significa aprovar tudo o que o governo mandar”, declarou.

Segurança pública como prioridade

Outro tema abordado foi a segurança pública, considerada pelo novo presidente um dos principais desafios do Brasil. Ele prometeu priorizar a discussão e defendeu maior cooperação entre os entes federativos. “Temos facções criminosas se fortalecendo, e é necessário que Estados, municípios e a União trabalhem juntos. A Câmara tratará essa pauta com seriedade e celeridade”, garantiu.

Regulação das redes sociais e transparência no orçamento

O presidente afirmou que a discussão avançou no último ano, mas enfrenta resistência de setores que enxergam na medida um risco à liberdade de expressão. “Precisamos encontrar um equilíbrio entre liberdade e responsabilidade”, ponderou.

Quanto à transparência no orçamento, ele defendeu a importância das emendas parlamentares, mas reconheceu que eventuais desvios devem ser investigados. “Se houver alguém utilizando as emendas para práticas ilícitas, que seja punido. Mas retirar essa prerrogativa do Parlamento seria um retrocesso”, afirmou.

Relação com ministros e possível reforma ministerial

O presidente da Câmara também comentou a relação com ministros do governo, especialmente com Fernando Haddad, da Fazenda. Ele elogiou o ministro e destacou que o Congresso tem sido um pilar de estabilidade fiscal no país. “Vamos apoiar qualquer agenda que priorize a responsabilidade fiscal, porque sem isso não há crescimento econômico”, assegurou.

Questionado sobre uma possível reforma ministerial, ele disse que essa decisão cabe ao presidente Lula, mas que ajustes são naturais em qualquer governo. Sobre a especulação de que o ex-presidente da Câmara, Arthur Lira, poderia se tornar ministro, afirmou que ele seria uma peça importante na articulação política, caso essa fosse a decisão do governo.

Bolsonaro e a possibilidade de reversão da inelegibilidade

Sobre a articulação de alguns parlamentares para reduzir o tempo de inelegibilidade de Bolsonaro de oito para dois anos, o presidente disse que ainda não recebeu o projeto e que qualquer proposta será tratada com transparência. “Vamos garantir previsibilidade e planejamento em todas as matérias analisadas na Casa”, afirmou.

O novo presidente da Câmara assume o cargo com um discurso de pacificação e conciliação, buscando equilibrar os interesses do governo e da oposição. Resta saber se conseguirá conduzir essa agenda sem ceder às inevitáveis pressões políticas ao longo de sua gestão. O próximo período será crucial para medir sua capacidade de manter o Parlamento independente e produtivo.

RUA CARLOS CASTILHO, Nº 50 - SALA 01 - JD. IMPERADOR
CEP: 78125-760 - Várzea Grande / MT

(65) 3029-5760
(65) 99957-5760