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Entrevista da Semana Sábado, 12 de Outubro de 2024, 15:00 - A | A

Sábado, 12 de Outubro de 2024, 15h:00 - A | A

projeto polêmico

"Não somos contra câmeras em repartições públicas", diz presidente da Federação dos Sindicatos de MT

Segundo Carmen Machado, as câmeras vão comprovar que o servidor não é "malandro", como a proposta parece sugerir

Lázaro Thor/VGN

A presidente da Federação Sindical dos Servidores Público de Mato Grosso (FESSP), Carmen Machado, afirma que não é contra a instalação de câmeras em repartições públicas. Uma medida que, segundo ela, promoverá segurança e principalmente demonstrará que os servidores não são "malandros", como a proposta parece sugerir.

"O candidato, caso seja eleito, vai poder comprovar na prática, que o Servidor Público, não pode ser culpabilizados pelos desmandos e corrupções que ocorrem nos bastidores de poder.", afirmou Carmen.

A sindicalista também declarou que a divisão dos servidores públicos tem limitado os avanços para todas as categorias. Em entrevista ao , Carmen afirmou que a divisão provocada no período pós Fórum Sindical, com a eleição de representantes de categorias específicas, foi um movimento que não garantiu a manutenção dos direitos aos servidores.

Machado também expressou preocupação com as eleições em Cuiabá e Várzea Grande. Segundo a sindicalista, é preciso que os servidores se atentem para candidatos que defendem a retirada de direitos.

VGN - A federação realizou uma reunião recente para deliberar quem apoiará para prefeito em Cuiabá. Qual o sentimento dos servidores públicos em relação a estas eleições?

A FESSP/MT - FEDERAÇÃO SINDICAL DOS SERVIDORES PÚBLICOS DO ESTADO DE MATO GROSSO foi demandada por vários sindicatos, filiados e não filiados para uma reunião, que foi realizada no Sindicato dos Fiscais do Município de Cuiabá, cujo objetivo foi avaliar o resultado das eleições municipais e discutir quais as pautas de interesse das categorias deveriam ser apresentadas aos candidatos.

O resultado do 1º turno das Eleições foi uma surpresa com relação ao que as pesquisas apresentavam e, neste sentido, é necessário fazer uma reflexão aprofundada sobre o contexto político atual.

Os Servidores Públicos expressam preocupação com relação as promessas feitas por candidatos, especialmente quando envolvem demissões ou cortes.

Por outro lado, há um sentimento de esperança de que novos líderes, que nunca tiveram acesso ao Executivo, possam trazer mudanças positivas e melhorias nas condições de trabalho.

A nossa expectativa, enquanto representante sindical, é que as propostas sejam voltadas para o fortalecimento dos serviços públicos e a valorização e o respeito aos seus Servidores.

VGN - A Federação dos Servidores do Estado de Mato Grosso - FESSP-MT foi fundada em 1978. De lá pra cá, muita coisa mudou em Mato Grosso. Na sua avaliação, quais eram os desafios do passado que permanecem até hoje e quais são os novos desafios que surgiram?

A FESSP/MT foi fundada no período de Ditadura Militar, onde todos os Sindicalistas e lideranças sofriam grandes perseguições.

Todos aqueles que se mostravam contrários ao regime ditatorial do período, no que se refere a luta pelos direitos dos trabalhadores públicos e privados no Brasil eram perseguidos.

Mesmo diante desse cenário, a FESSP/MT sempre conseguiu fazer a defesa dos servidores Municipais e Estaduais, requerendo aos Poderes, a promoção de condições de trabalho mais justa e digna.

Recentemente, o contexto sindical sofreu mudanças significativas na sua estrutura de ação, logo, a situação atual requer renovação com novas demandas, o que significa dizer que isso não está relacionada apenas a remuneração, que no nosso ponto de vista é importante, mas, não se pode perder a perspectiva relacionada a salubridade estrutural e a questão da ambiência emocional, que infelizmente é uma verdade vivenciada atualmente, com os assédios de uma maneira geral.

O papel da Federação/Sindicatos é fundamental para exigir a garantia do cumprimento de direitos, denunciar abusos, promover condições laborais adequadas e dar acesso à Justiça ao Trabalhador, alcançados ao longo dos anos de luta, evitando com isso, os retrocessos.

Atualmente estamos diante de um perigo iminente, caso o Governo Federal aprove a PEC 66, o resultado será devastador, tendo em vista que irá afetar todos os servidores, Distritais, Estaduais e Municipais.

Além disso, é preciso trazer à tona a polarização política atual, que traz um novo cenário, que pode dificultar, ainda mais, a classe trabalhadora.

VGN - Atualmente, a classe sindical em Mato Grosso ainda não conseguiu repetir a experiência do Fórum Sindical, no governo Pedro Taques, que ocasionou na vitória das urnas de vários representantes dos servidores. Qual sua avaliação sobre o desempenho desses representantes?

A nossa percepção é que o processo de união e de lutas de interesse de várias categorias que compunham o Fórum Sindical não foram consideradas.

No nosso ponto de vista a luta do Fórum deveria acontecer de forma coletiva e os participantes deveriam respeitar as especificidades de cada Sindicato membro, sem competitividade e interferências.

A experiência do Fórum Sindical, durante a sua atuação demonstrou de forma inequívoca que a união é essencial, mas a fragmentação atual limita os avanços que poderiam ser alcançados.

Desta forma, a Federação, com a legitimidade jurídica e representante a nível de 2º Grau tem o papel de ser um canal de união entre as várias categorias de servidores públicos Estaduais e Municipais no que tange a representatividade e a busca por direitos.

VGN - O que é preciso fazer para retomar o poder de mobilização, não apenas de greve, mas também de capacidade de se indignar e de cobrar políticos dos servidores públicos de Mato Grosso?

Primeiramente é preciso demonstrar coerência, bom senso e unicidade nas ações a serem propostas, para resgatar, não só junto as bases, mas, sobretudo, para a sociedade como um todo, a importância dos Servidores Públicos na sua atuação para bem servir a sociedade brasileira, em especial a de Mato Grosso.

Não se pode, nunca, perder a capacidade de se indignar e normalizar aquilo que não é normal.

Se faz necessário, sentar a mesa de negociação com técnica e conhecimento, para isso, os representantes sindicais precisam se capacitar para que os argumentos sejam instrumentos necessários para provocar a mudança de atitude dos Gestores e da própria Sociedade com relação ao Serviço Público e aos seus Servidores.

Concluindo, para retomar o poder de mobilização, é fundamental investir na conscientização da sociedade e dos servidores sobre os seus direitos e a importância da participação nas políticas sociais.

É preciso promover eventos que reúnam os servidores, para discutir suas demandas, com o objetivo de estabelecer agendas para auxiliar e revitalizar o engajamento, podemos considerar que esse tipo de ação pode ser traduzida em educação permanente em Política Sindical.

VGN - O candidato a prefeito de Cuiabá, Abílio Brunini (PL), é conhecido por declarações que, no mínimo, não pegam bem para os servidores públicos. Como a fala de que demitiria 3 mil servidores em Cuiabá e mais recentemente a promessa de colocar câmeras nas repartições públicas. Ainda assim, Abílio tem voto entre os servidores e também recebe apoio de muitos servidores. Qual sua explicação para este fenômeno?

Considerando a fala do candidato a Prefeito, podemos dizer que nós não somos contra a colocação de câmeras nas repartições públicas, pelo contrário, significa promover segurança, até porque, isso irá demonstrar, de forma inconteste, o trabalho e a eficiência do Servidor Público.

O que nos parece equivocado e que não podemos admitir é o conceito de que o servidor precisa ser “vigiado”, querendo insinuar, usando um termo bastante pejorativo que o servidor é “malandro”, inclusive, passando para a sociedade uma falsa impressão de que o servidor público e consequentemente os serviços são ineficientes, fato que não é verdadeiro.

O candidato, caso seja eleito, vai poder comprovar na prática, que o Servidor Público, não pode ser culpabilizados pelos desmandos e corrupções que ocorrem nos bastidores de poder.

Com relação aos servidores que o apoiam, a única explicação plausível, é que ele pode, se alguma forma, representar mudanças na administração pública, mesmo com as declarações polemicas que desqualificam os servidores.

VGN - Muitos servidores associam a atividade sindical ao campo político da esquerda e imediatamente rejeitam este tipo de ação. Para você, como é possível para os sindicatos de Mato Grosso - um Estado predominantemente bolsonarista - mudar esse cenário?

É preciso considerar que o contexto atual está completamente transformado no que se refere ao sindicalismo.

Para mudar essa percepção, os Sindicatos precisam trabalhar para desmistificar a ideia de que sua atuação está apenas atrelada a esquerda política.

Temos a obrigação, enquanto representantes sindicais, promover diálogos respeitosos e abertos com todas as correntes políticas e focar em pautas coletivas que beneficiem todos os servidores e para isso é preciso que essas representações transitem em todos os espaços de poder.

VGN - O Governo Mauro Mendes tem sido marcado por uma relação não muito amistosa com os servidores e mesmo assim não sofreu tantas greves quanto o Governo Pedro Taques. Na sua opinião, o que explica essa diferença de tratamento?

Acredito que, talvez, a visão empresarial do Governador Mauro Mendes tenha dificultado, ou impedido, que ele estabelecesse um diálogo institucional com as classes dos servidores públicos de Mato Grosso, com o objetivo de realmente, compreender as demandas das categorias.

É possível observar que houve avanços em relação a obras de infraestrutura que foram necessárias para atender a população, entretanto, podemos dizer que a Gestão Estadual não olhou para o seu principal patrimônio, que são os seus Servidores, muito pelo contrário, os Servidores foram penalizados pelo não pagamento dos RGAs em atraso, condições insalubres, sobrecarga de trabalho relacionadas a falta de concurso público, aumento de alíquota previdenciária, ou seja, um confisco inaceitável de 14% para os aposentados e pensionistas, o que para nós é uma grande injustiça para essa parcela de servidores que ajudou a construir esse rico e pujante Estado.

É preciso registrar que durante a Gestão do atual Governador, muitas ações, que são consideradas antissindicais foram vivenciadas pelos Sindicatos, podemos citar a questão dos cortes de pontos daqueles servidores que participavam de mobilizações/greve.

O Servidor não pode ter um dia de trabalho cortado pela sua participação em atos que objetivam a defesa dos seus direitos, posto que um dia de trabalho a menos em seu salário, pode significar na falta de alimento na mesa de sua família e até mesmo, na falta de medicamentos para tratamento de sua saúde.

VGN - A presença de representantes sindicais na política de Mato Grosso tem sido algo que, no final das contas, refletiu apenas em mudanças pontuais para algumas categorias. Por que acredita que isso ocorreu?

A falta de definição estratégica no que se refere a representatividade política de servidores públicos oriunda dos meios sindicais, no nosso ponto de vista, se refere a falta de reconhecimento do Servidor enquanto trabalhador.

Essa falta de reconhecimento, significa uma ausência de engajamento coletivo das categorias, impedindo de eleger um número significativo de representantes que possam atender os anseios na busca da preservação dos direitos já conquistados e obtenção de novas.

´Considerando o número de Servidores Públicos do Estado de Mato Grosso poderíamos, sem dúvida, eleger um número significativo de vereadores, Deputados, Senadores e até mesmo, Governador do Estado, se houvesse uma conscientização entre as categorias de que nós temos força suficiente para fazer valer os nossos direitos.

Não se pode banalizar a nossa força e nos apegar, apenas em discussões nas redes sociais, é preciso ação e a nossa maior e melhor arma democrática, sem dúvida é o voto.

Leia mais: As entidades sindicais em Mato Grosso foram trituradas no Governo Mauro Mendes, diz ex-deputado

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