Elaine Andrade sempre foi apaixonada por um quitute que, em qualquer ocasião, fazia seus olhos brilharem e sua boca salivar. Em festas, confraternizações e aniversários, ela não se fazia de rogada: logo pegava um pedacinho para provar.
A empada é um produto popular no Brasil e tão antigo que pode ter surgido na Idade Média. Essa delícia secular, sempre foi uma paixão culinária para Elaine, mas ela jamais imaginaria que o amor por esse salgado seria a saída para um momento crucial de sua vida, quando ficou desempregada, sem fonte de renda e impossibilitada de trabalhar normalmente. Em conversa com o 
, a ex-diarista de 39 anos contou como deu a volta por cima e transformou uma paixão antiga em sua fonte de renda.
“Eu sempre fui amante de empadas, sempre gostei de empadas, onde eu vou, passo, vejo e experimento”, conta Elaine.
Apesar do gosto pelo salgado de origem portuguesa, Elaine nunca se arriscou a fazê-lo e se contentava com as empadas que experimentava em uma outra ocasião. Um dia, porém, uma familiar de seu marido contou que sabia os segredos de uma boa empada e se prontificou a ensiná-la. Depois de aprender, não parou mais de fazer empadas.
“Eu fui fazendo, em festas de famílias, comemorações, e sempre alguém comentava, que não via a hora da próxima festa para fazer as empadas”, contou Elaine.
Demissão e a volta por cima
Em pouco tempo, cozinhar empadas se tornou um hábito, mas ainda não era um trabalho. O jogo mudou quando Elaine foi demitida da clínica veterinária onde trabalhava. Após perder a fonte de renda, ela passou a trabalhar temporariamente como diarista. Neste ofício, Elaine seguiu trabalhando por um ano, até sofrer um novo baque: o diagnóstico de uma alergia aguda.
“Eu peguei uma crise alérgica muito forte, o médico me deu um laudo dizendo que eu não poderia mais trabalhar com produtos de limpeza e poeira, foi aí que eu me vi sem saída”, contou.
Sem outra opção de trabalho, em um momento de questionamentos e de dúvidas, Elaine se fez uma pergunta: "Por que não vender empadas?". E, a partir de então, não parou mais de fazê-las e de vendê-las, ganhando clientes e realizando o sonho diário de quem sabe que o amor é o melhor tempero.
E a resposta dos clientes veio tão rápida quanto as respostas dos amigos e parentes que experimentavam a empada, encantados com o sabor do salgado. A quantia de produtos vendidos saltou exponencialmente em três anos. Das 10 primeiras empadas vendidas no início, o volume saltou para 4 mil empadas mensais.
Sonho com vista para o mar
Os frutos colhidos por Elaine foram mudando sua vida e da sua filha, além da vida do marido, que foi um dos grandes apoiadores da sua realização profissional. Elaine conseguiu, em pouco tempo de trabalho, ver o mar pela primeira vez ao lado da filha.
“Aa viagem que eu fiz foi para o Rio de Janeiro, eu pude estar proporcionando esse momento para minha filha, para nós, foi muito bom, foram dias intensos lá”, contou a cozinheira.
O dinheiro das empadas também ajudou Elaine a auxiliar na compra de uma moto para filha, o que se tornou outro sonho realizado. “A base de tudo é o amor, se você fizer as coisas com amor pode ter certeza que vai ter sucesso”, finaliza a empreendedora.
