Durante a pandemia, muitas pessoas buscaram novas formas de lidar com o tempo e com as emoções. Foi nesse cenário que a advogada Dayane Tacarangi, moradora do bairro Boa Esperança, em Cuiabá, encontrou um caminho completamente diferente para sua vida profissional: o artesanato em cerâmica. O que começou como um hobby se transformou em refúgio para a ansiedade e, hoje, representa sua principal fonte de renda e também de realização pessoal.
Com o retorno da filha à escola e do marido — também advogado — ao escritório, Dayane continuou trabalhando em home office, mas já com certa inquietação. “A pandemia acabou. Meu marido voltou para o escritório, minha filha voltou às aulas e eu continuei advogando, ainda em home office, mas com aquele pensamento: não quero mais advogar, quero outra coisa. Comecei a ficar muito ansiosa. Um dia, minha filha, passando ali na prainha, viu uma pessoa fazendo cerâmica”, contou.
Foi o impulso que faltava. Curiosa, Dayane iniciou na arte por acaso. “Na minha primeira aula, no meu primeiro contato com a argila, percebi imediatamente que queria empreender com cerâmica”, lembrou.
As primeiras inspirações para suas peças vieram da infância da filha e, com o tempo, os encantos cuiabanos também passaram a integrar seu repertório criativo. As criações de Dayane ganharam visibilidade na internet; hoje, ela vende por meio do Instagram, onde já acumula mais de 18 mil seguidores. As encomendas chegam de diversas partes do Brasil e até do exterior, incluindo países como Portugal e Estados Unidos.
Mas o caminho até aqui teve seus desafios. Um dos principais foi a ausência de um forno especial — item essencial para transformar o barro em cerâmica. “Eu não tinha forno. O forno é uma peça muito cara, então eu utilizava o forno de outra ceramista, né? Ela me cobrava pelo valor das peças, e eu fazia as queimas lá. Mas, ao transportar essas peças, elas ainda estavam na forma de barro seco. Ainda não eram cerâmica, eram barro seco, extremamente frágeis. Por isso, eu perdia muitas peças”, relatou.
Foi o impulso que faltava. Curiosa, Dayane iniciou na arte por acaso. “Na minha primeira aula, no meu primeiro contato com a argila, percebi imediatamente que queria empreender com cerâmica”, lembrou
Para comprar seu próprio forno, Dayane participou de diversas feiras livres, vendendo o máximo que conseguia. E deu certo. “Optei por não ter uma loja física, mas montei um pequeno estúdio de cerâmica aqui na frente da minha casa. Às vezes, por exemplo, as pessoas me ligam e marcam: ‘Ah, estou indo ao seu ateliê, gostaria de ver pessoalmente’. Eu recebo aqui em casa com hora marcada — a pessoa vem, toma um cafezinho, escolhe as peças”, contou.
Dayane, que vem de uma família sem tradição em negócios, hoje se dedica exclusivamente à arte. Ela garante: é, sim, possível viver daquilo que se ama. “Tenho muitos colegas de feira que sustentam suas famílias com isso. E eu sou exemplo de que é possível, sim, trocar de profissão, fazer essa transição de carreira”, afirmou.
E, para quem sonha em empreender, ela dá um conselho: buscar sempre conhecimento, não apenas sobre o produto oferecido, mas principalmente sobre como empreender e sobre empreendedorismo. “Mas, ao mesmo tempo, não espere aquele momento ideal, tipo: ‘Ah, quando eu estiver pronto’. Porque a gente nunca vai estar totalmente pronto. Então, comece. Apenas comece”, finalizou.
Leia também - A fé que virou negócio:ex-caminhoneiro abre empreendimento de jantinhas em VG após sonho revelador