O ano de 2020 foi um ano no mínimo estranho, e cheio de surpresas e desafios, cheio de introspecções e reflexões, mas também com muito clamor a Deus e despertar de consciência individual e coletiva, segundo internautas do oticias.
A reportagem conversou com algumas moradoras de Várzea Grande e Cuiabá, que foram infectadas pela Covid-19 e sofreram com algum familiar. Elas relatam aos internautas do voticias como foi este ano de 2020 e qual a expectativa que elas têm para 2021, que se inicia na próxima sexta-feira (01.01). No final da matéria ouça os áudios na íntegra de algumas delas.
Rosilene Andrade, 51 anos, fisioterapeuta e servidora da Prefeitura de Várzea Grande. A primeira lembrança da servidora foi à surpresa com a notícia do novo coronavírus no Brasil, pois impactou diretamente seu campo profissional. No primeiro decreto do município, os profissionais da saúde tiveram todos os seus direitos trabalhistas, como férias e licença prêmio suspensos, e eles foram remanejados para prestar assistência na Unidade de Urgência e Emergência do Pronto-Socorro de Várzea Grande e em outras Unidades, para ajudar a combater a pandemia. Ela contou que a vida lhe pregou outra surpresa, ainda mais aterrorizante. Em março ela sentiu uma dor súbita e logo foi diagnosticada com um tumor, onde em menos de quatro dias conseguiu ser operada e através de uma biópsia descobrir que não se tratava de um tumor maligno.
A servidora retornou ao trabalho após a licença médica e foi infectada pela Covid-19. Segunda ela, os primeiros sintomas não foram graves, mas logo em seguida descobriu uma pneumonia afetando 25% do seu pulmão, fazendo com a recuperação se tornasse mais lenta e difícil.
Para Rosilene, mesmo sendo final do ano, as pessoas podem agradecer a Deus e ter nova perspectiva para 2021, com o surgimento da vacina contra a Covid-19. “Minha intenção é não ser infectada novamente, e continuar atendendo meus pacientes. No início de 2021 minha esperança é muito grande, pois eu espero que em março, um ano após a esse surto, espero poder estar vacinada e com uma tranquilidade maior, por que quando você contrai uma doença e têm sintomas muito pesados você fica um pouco apavorada, você vê sua vida fica por um triz. O ano 2020 foi bem tenso, espero que 2021 seja mais sereno e mais tranquilo e de mais paz”, desabafou ela.
Viviane Ormond, moradora do bairro CPA I, em Cuiabá, disse que 2020 foi um ano que ela nunca tinha vivido ou pensado em viver em seus 28 anos de vida. Um ano cheio de provações, onde coisas ruins aconteceram ao mesmo tempo, mas as pessoas souberam lidar. Segundo a jovem, o coronavírus (Covid-19) virou tudo de ponta cabeça. “Foi um ano que todo mundo foi pego de surpresa. Um ano triste e cheio de perdas familiares, profissionais, pessoal, financeiro. Muitas empresas quebraram, muitas pessoas perderam seu serviço. Eu fui uma que perdi meu trabalho nesta pandemia”, desabafou.
Viviane lembra que viver esse “novo” normal tem sido difícil para todos, ela mesmo disse que sempre gostou de sair e estar rodeada de pessoas, mas que agora fica em casa restrita a tudo e a todos. Para ela o mais importante foi não perder nenhum parente para o vírus, mesmo ela e irmã terem sido infectadas. “Pegamos, mas tivemos sintomas leves”.
A jovem que nunca perdeu as esperanças e conseguiu retornar ao mercado de trabalho ainda este ano. “Com certeza será um ano inesquecível, vivemos e vivenciamos coisas que jamais pensamos na vida. Lockdown, máscara de proteção, álcool em gel, distanciamento social, muitas mortes, muitas famílias em luto. Esse ano vai ficar marcado e vai ser difícil recuperar”.
Viviane concluiu que 2021 está aí, e a pandemia não acabou, e a população precisa entender muitas coisas ainda para poder enfrentar e vencer esse vírus, e retornar à vida normal. “Fecho dizendo que 2020 foi um ano difícil, mas de muito aprendizado, um ano que aprendemos a dar valor em coisas que não dávamos antes, como estar sempre perto da família, pois esse vírus mostrou que a vida é um sopro, uma hora pessoa está aqui e de repente não está mais. Somos frágeis, o ser humano é frágil. Espero que 2021 seja um ano melhor, mais consciente e que com fé em Deus possamos vencer essa doença”, finalizou.
Para Tatiana de Cassia Dias Marques, 41 anos, moradora de Várzea Grande, o início de 2020 foi bom, porém, o coronavírus chegou em março para devastar tudo e todos. Segundo ela, mesmo o presidente da República, Jair Bolsonaro tratar como uma “gripezinha”, hoje já são mais de 150 mil mortes. “A Covid-19 chegou e quase acabou com nossas vidas, pois sofremos por todas as perdas do mundo. Ele [coronavírus] nos deixou sem chão, sem rumo, passamos por dificuldades financeiras, e mesmo assim teve o aumento na alimentação, no combustível, na conta de luz, e tudo foi afetado”, declarou ela.
Ela relatou que sentiu na 'pele', pois em setembro quase perdeu a mãe para doença, que ficou acamada por meses e ainda chegou a ficar internada. Para ela o pânico não parou por aí, pois em seguida descobriu que a filha, que sofre de asma, também teria sido infectada pela Covid-19. “Passei por essa experiência de medo de perder alguém da família várias vezes. Primeiro foi a minha mãe, depois minha filha, e em seguida mais entes da família. Cheguei a ficar em pânico só de pensar na possibilidade de perder a minha filha. Mas foi mais um susto, susto esse que nem todas as famílias tiveram a mesma sorte”.
Ela espera que 2021 seja um ano repleto de saúde, paz, harmonia e que chegue logo a vacina, para o mundo não perder mais ninguém. “Que seja um ano melhor sem doenças”.
Nosso último relato se trata de um “milagre” até para os profissionais da saúde. A gestora de eventos, Angélica Pereira Sardinha, 41 anos, de Cuiabá, viu sua vida mudar completamente em outubro, quando testou positivo para Covid-19. Ela passou por vários Hospitais da Capital, chegando há ficar 57 dias internada e entubada em uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), sendo 42 dias em coma induzido e 35 traqueostomizada. De forma agressiva, o coronavírus chegou a ocupar 90% de seus pulmões. “A morte esteve perto, no entanto, por um “milagre”, sim, até os médicos usaram essa expressão. Eu recebi uma nova chance de renascimento”, contou ela.
Ela relembrou que quando acordou do coma, ouviu a voz do marido, o advogado, Paulo José Lopez de Oliveira. A recuperação após a volta do coma levou alguns dias. E no dia 8 de dezembro, Angélica retornou para casa com o marido e os dois filhos, Lorenzo, 6, e Sofia, de 11 anos.
A gestora afirmou que esse foi o melhor presente de Natal que recebeu em toda sua vida. Ela contou que fora a família, somente as avós participaram da Ceia de Natal no último dia 24, que segundo ela, foi quem ajudou com os netos na ausência da mãe.
Muito emocionada, Angélica fala que essa fase foi uma lição. “Uma lição tirada de tudo isso é a valorização do momento presente, viver o hoje, com amor e intensidade. A vida é um sopro", finalizou. Ela relata no áudio encaminhado à reportagem do oticias todo período hospitalar e o pós-Covid-19 (na íntegra no final da matéria).
Áudio Viviane
Rosilene
Angélica
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