A fiscalização do Conselho Regional de Enfermagem de Mato Grosso (Coren) constatou que os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) fornecidos pela Prefeitura aos profissionais do Pronto-Socorro de Várzea Grande, são inadequados para o tratamento da covid-19.
A constatação foi feita na sexta-feira (19.06), pela fiscal do Coren/MT, Elvane Lisita. Ela emitiu uma notificação extrajudicial, concedendo cinco dias para que o Pronto-Socorro se adeque as exigências e forneça os EPIs corretos, dentro das normas de proteção para o tratamento do novo coronavírus.
Ao oticias, a coordenadora de fiscalização do Coren/MT, Patrícia Vilela, explicou que os aventais descartáveis gramatura 40 fornecidos aos profissionais do Pronto-Socorro, só podem ser usados em outras alas que não seja para pacientes da covid. Para ser impermeável, segundo a coordenadora, a gramatura necessita ser maior que 50. “O EPI não protege somente os profissionais, mas os pacientes também. Os equipamentos que estão fornecendo são de qualidade duvidosa. Os profissionais tem se queixado muito”, disse.
Ainda, de acordo com Patrícia, na sexta-feira (19), os profissionais fizeram o teste de impermeabilidade com os descartáveis e não funcionou, conforme vídeo no final da matéria, encaminhado por eles.
“Na ala de covid tem 15 leitos, sendo que na sexta-feira estavam com 10 pacientes internados, cinco suspeitos e cinco confirmados positivos. O capote, ou avental, é necessário na assistência ao paciente com suspeita ou confirmação de infecção por SARS-CoV-2. Este deve possuir gramatura mínima de 30g/m2 e deve ser utilizado para evitar a contaminação da pele e roupa do profissional. E não adianta usar dois ou três aventais que não resolve a questão da impermeabilidade”- esclareceu à coordenadora.
De acordo com ela, o profissional deve avaliar a necessidade do uso de capote ou avental impermeável (estrutura impermeável e gramatura mínima de 50 g/m2) a depender do quadro clínico do paciente (vômitos, diarreia, hipersecreção orotraqueal, sangramento, etc.).
Além dos EPIs inadequados, outro problema é a falta de profissionais, que segundo Patrícia, no decorrer da semana passada, a UTI do Pronto-Socorro ficou fechada alguns dias, por falta de profissionais. “Existe um déficit de mais de 30 profissionais apenas do Pronto-Socorro de Várzea Grande, ou porque estão com suspeita ou com confirmação da covid-19. E este déficit ainda pode não ser o real, pode ter mais profissionais fora do trabalho. Todos estão trabalhando no limite e ainda tem o stress dos EPIs não ser adequados. É muita pressão. Em cinco dias, se não resolverem, a assessoria jurídica do Coren será informada e irá ingressar com uma ação civil pública”, ponderou.
Funcionários do Pronto-Socorro afirmaram ao oticias, que na sexta-feira (19), chegaram mais EPIs nos plantões e continuam inadequados.
Ela informou que na próxima semana haverá uma ação do Coren em conjunto com o Ministério Público Federal.
Outro lado – O secretário de Comunicação de Várzea Grande, Marcos Lemos, afirmou ao oticias, que todas as aquisições realizadas de EPIs ou doações recebidas vêm dentro das normas estabelecidas pela ANVISA. Segundo ele, problemas relatados quanto a máscaras na UPA Cristo Rei foram prontamente recolhidas e não pagas.
“No tocante a qualquer aquisição seja de EPI ou de medicamentos, as aquisições passam por critérios, mas temos encontrado dificuldades por causa dos preços excessivos e falta mesmo de materiais para atender a demanda. Ontem chegaram novos EPIs no HPSMVG”, disse.
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