O juiz Irênio Lima Fernandes foi reintegrado aos quadros do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) nesta quarta-feira (21.02), por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), após um período de afastamento compulsório. Em entrevista ao , Irênio destacou seu retorno como "uma generosidade de Deus".
Irênio estava afastado de suas funções devido a supostas irregularidades relacionadas ao "Escândalo da maçonaria", que envolveu desvios de 1,7 milhão de reais para uma cooperativa vinculada à loja maçônica Grande Oriente do Estado de Mato Grosso. No entanto, em sessão virtual concluída na terça-feira (20), o STF seguiu por unanimidade o voto do relator, Nunes Marques, e decidiu pela reintegração de Irênio, considerando que sua participação se limitou ao recebimento privilegiado das quantias, sem evidências de envolvimento direto nas irregularidades.
“Um grande agradecimento à generosidade de Deus. Só com ele pode acontecer um milagre de um grão de areia no deserto, que é o STF, com inúmeros processos, enxergar o meu e julgar depois de 12 anos”, disse Irênio.
Contudo, mesmo com a decisão, Irênio não retorna a função, devido sua idade. Ele classificou que a justiça chegou tardiamente para ele. “A justiça para mim chegou tardiamente. Porque eu já completei 75 anos, com toda alegria, porque Deus faz o bem. Então estou bastante feliz pelo resgate da minha dignidade. Não por mim, porque como eu fui gerente geral do Banco da Amazônia por muitos anos e nunca recebi presente de ninguém, de espécie alguma, até os presentes de Natal colocava debaixo da árvore e dividia com os funcionários, nunca levei para minha casa. Então, sempre achei que uma hora isso se corrigiria. Para os meus familiares, isso é um resgate da minha dignidade”, declarou.
Indagado se fica chateado por ficar tanto tempo afastado compulsoriamente, o que lhe impediu de ter subido na carreira da magistratura, como, por exemplo, ter sido aposentado como desembargador ao invés de juiz, Irênio diz não guardar mágoas.
“Tudo que Deus faz é bom. Então não há ressentimentos, faz parte da luta, até os cabelos da nossa cabeça estão contados. Então, Deus conduz”.
Irênio também diz não acreditar que houve perseguição, para ele, houve convicção. “Acho que houve convicção. Cada um acredita e faz aquilo que acha que é certo, e depois, às vezes, a gente vai no bolo e custa para explicar tudo que acontece. Acho que o Ministério Público examinou isso e não viu nada de irregular, a Auditoria do Estado examinou e não achou nada equivocado, o Tribunal de Contas examinou e achou que estava tudo certo. Então não entendi por que o CNJ achou que estava tudo errado. Mas a justiça tarda, mas não falta. Uma hora ela chega”.
Questionado se continua acreditando na justiça, Irênio garantiu que sim. “Continuo acreditando na justiça porque é o último reduto, o último esconderijo, o último apoio que a sociedade pode ter”.
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