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VGNJUR Terça-feira, 29 de Agosto de 2023, 13:05 - A | A

Terça-feira, 29 de Agosto de 2023, 13h:05 - A | A

Decisão

Juiz diz ter agido com sua consciência, mas se houver decisão superior acata na hora

Almir matou a advogada Cristiane Castrillon da Fonseca Tirloni, 48 anos, no último dia 13

Edina Araújo/ VGN

O juiz Geraldo Fidelis, titular da 2ª Vara Criminal de Cuiabá, em entrevista ao , nesta terça-feira (29.08), explicou sobre a decisão de retornar o ex-policial, Almir Monteiro dos Reis, para a cadeia pública de Chapada dos Guimarães (a 65km de Cuiabá). Almir matou a advogada Cristiane Castrillon da Fonseca Tirloni, 48 anos, no último dia 13, e a deixou morta dentro do próprio carro, no Parque das Águas, em Cuiabá.

De acordo com a Polícia Civil, a vítima e o suspeito teriam se conhecido no dia do crime. O homem foi preso em flagrante e autuado por feminicídio.

Segundo a Polícia Civil, Cristiane passou a tarde de sábado (12) em um churrasco com a família e amigos. Por volta de 22 horas, foi com o carro até um bar próximo à Arena Pantanal. No local, a vítima teria conhecido o ex-policial, com quem teria deixado o estabelecimento por volta de 23h30. Ainda, segundo a Polícia Civil, ela a matou asfixiada e com muitos golpes pelo corpo todo.

O assassino havia sido transferido para a Penitenciária Central do Estado (PCE), por recomendação do Ministério Público. A notificação recomendatória da transferência foi assinada pelo procurador-geral de Justiça de Mato Grosso, Deosdete Cruz, no domingo (20.08), após ter sudo provocado pelo presidente dá Assembleia Legislativa, deputado Eduardo Botelho (União) e da deputada Janaína Riva (MDB).

Segundo Geraldo Fidelis, com 10 anos de experiência na fiscalização do sistema prisional de Cuiabá e Várzea, decisão foi pautada pela sua própria consciência e no conhecimento da realidade do sistema prisional local.

Ele explicou que a colocação do ex-policial na ala conhecida como "Raio 8", que abriga a cúpula de uma facção criminosa atuante no Estado, poderia desencadear uma reação adversa e até mesmo incitar um levante, com potencial de se espalhar para outras unidades prisionais em diferentes Estados.

O magistrado destacou a necessidade de consultar o setor de Inteligência do Sistema Penitenciário para avaliar os riscos e as implicações de uma medida como essa. Ele enfatizou que uma simples alteração na rotina prisional pode desencadear efeitos em cascata, levando a consequências imprevisíveis. Atualmente, a Penitenciária Central do Estado (PCE) é a maior unidade prisional de Mato Grosso, abrigando quase três mil detentos.

Ele mencionou que não testemunhou rebeliões nas unidades prisionais sob sua jurisdição. Ele ressaltou a importância da expertise dos profissionais que trabalham no sistema Penitenciário de Mato Grosso na manutenção da ordem.

No entanto, o posicionamento de Fidelis tem sido alvo de discussão e críticas por parte daqueles que entendem que a cadeia de Chapada dos Guimarães seria um privilégio ao assassino da advogada.

Geraldo Fidelis afirmou que se o Ministério Público recorrer e houver decisão superior para que Almir volte a PCE, ele se curvará, respeitando os princípios legais e institucionais.

“Fiz minha parte, de acordo com minha consciência. Se houver decisão superior, eu cumpro na hora”, finalizou o magistrado.

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