A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou nessa segunda-feira (20.11) o deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) por injúria contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e pelo crime de racismo contra o ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida.
De acordo com a denúncia, em 23 de junho deste ano, durante participação no "Podcast 3 irmãos", programa de entrevista transmitido pelo YouTube, o deputado Gustavo Gayer afirmou que a esquerda percebeu que “ter um Congresso também acaba com a democracia deles, então eles estão anulando o Congresso e estão super empoderando o Judiciário", tendo o Supremo Tribunal Federa (STF) se tornado um "escritório de advocacia particular", raciocínio realizado para, em seguida, injuriar Lula ofendendo-lhe a dignidade ao adjetivá-lo de "bandido".
“Na política, nós temos um bandido na Presidência, nós temos um STF escolhido pelos bandidos da esquerda, nós temos um Senado comprado, cujo presidente da Casa é um capacho do PT, porque ele quer comprar... ele quer conquistar a vaga dele no STF e ele tem WI os seus... o escritório de advocacia dele tem uns processos Id que ele vai ganhar em torno de uns R$ 100 milhões, tudo depende de uma canetada de um ministro do STF”, diz trecho da degravação sobre fala do deputado anexado na denúncia.
Na entrevista, o parlamentar e Rodrigo Barbosa Arantes (Rodrigo Tiorro – responsável por conduzir o programa) defenderam a ideia de que os povos africanos possuem uma capacidade cognitiva inferior, não sendo capazes de discernir o "bom e o ruim, o certo e o errado" e, por isso, as ditaduras seriam frequentes e a democracia não prosperaria naquele continente.
O entrevistador ainda empregou analogia historicamente vinculada a raça e à cor da pele dos povos africanos e afrodescendentes, comparou o quociente de inteligência (Q.I.) dos povos africanos ao dos macacos, afirmando que "tem macaco que tem Q.I. de 90", enquanto os africanos tem Q.I. entre 65 e 72, que foi apoiado pelo deputado Gustavo Gayer.
No dia 28 de junho, cinco dias após a veiculação do podcast, o ministro de Estado dos Direitos Humanos e da Cidadania, Sílvio Almeida, encaminhou ofício ao ministro da Justiça e Segurança, Flávio Dino “solicitando avaliação do material apresentado para a apuração por parte das autoridades competentes e eventual tomada de providencias”.
No mesmo dia, o deputado goiano publicou mensagem em sua rede social induzindo e incitando a discriminação e o preconceito de raça: “Mais um pra provar que QI baixo é fundamental para apoiar ditaduras. Infelizmente temos um ministro analfabeto funcional ou completamente desonesto”, escreveu Gustavo Gayer.
“Agindo dessa forma, Gustavo Gayer Machado De Araújo vinculou a afrodescendência de Silvio Luiz de Almeida a uma suposta inferioridade do quociente de inteligência dos povos africanos e afrodescendentes, sustentada dias antes no podcast 3 irmãos, reafirmando ser essa a causa das ditaduras, geradora, inclusive, de um analfabetismo funcional do Ministro de Estado dos Direitos Humanos e da Cidadania, reforçando estigmas reprodutores de inferioridade contra minoras raciais”, diz trecho da denúncia da PGR.
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