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Política Quarta-feira, 15 de Maio de 2019, 13:30 - A | A

Quarta-feira, 15 de Maio de 2019, 13h:30 - A | A

Obras inacabadas

VLT, do sonho ao pesadelo

Edina Araújo & Geraldo Araújo/VG Notícias

Divulgação

 


 

Há cinco anos, o então governador de Mato Grosso pelo MDB, Silval Barbosa, dizia na entrega dos vagões do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), obra prevista para a Copa do Mundo de 2014 -, que: “Quando falamos para a sociedade que vamos fazer e entregar a obra. Está aqui”.

A entrega dos vagões soou como uma grande esperança para a população várzea-grandense e cuiabana, hoje, soa como tristeza e até vergonha. E o pior, a principal avenida de Várzea Grande, outrora pujante, com grandes concessionárias, hotéis, hoje mais parece um cemitério abandonado, causando transtornos e risco aos que transitam na avenida.

VG Notícias

VLT

 

Um sonho que já consumiu mais de R$ 1 bilhão dos cofres públicos, em apenas seis quilômetros de trilhos, por onde os trens deveriam passar, porém, nunca circularam e possivelmente não irá circular.

O governador Mauro Mendes (DEM), recentemente, admitiu a possibilidade de substituir o VLT – especialmente em função do subsídio milionário que o Estado terá que arcar para manter a passagem em condições da população pagar – atualmente R$ 3,85, praticada no transporte público intermunicipal (Cuiabá e Várzea Grande).

Segundo Mauro Mendes, estudos preliminares apontam que para manter a tarifa praticada atualmente nos ônibus R$ 3,85, (paga pelo cidadão), o Estado precisaria desembolsar em torno de R$ 60 milhões a R$ 80 milhões ao ano como subsídio para manter o tão propalado VLT. 


 

Mendes disse que o Estado não tem condições de arcar com este investimento, diante das dificuldades que o Governo enfrenta para honrar pagamentos básicos, inclusive, para fornecedores de serviços essenciais.

Mauro Mendes

Mauro Mendes

“Como vou dizer que tem dinheiro para inventar uma despesa nova para fazer um subsídio para um transporte coletivo na cidade de Cuiabá? O Governo é dos cuiabanos, dos várzea-grandenses, mas tem que olhar para todo o Estado, incluindo aí os demais 139 municípios que não seriam atingidos pelo VLT”, ponderou.

O governador reafirmou o que havia dito durante a campanha eleitoral, que irá apresentar, ainda neste ano uma solução para a obra. “Pedimos, no período eleitoral, um prazo de até um ano para estudarmos com profundidade esse assunto. Não é uma solução simples. Mato Grosso precisa de quase R$ 1 bilhão para terminar essa obra. Temos hoje quase 500 obras paralisadas em todo Estado, por falta de pagamento. Teremos que adotar algumas prioridades”, justificou.

Mauro Mendes lembrou do impasse jurídico envolvendo o VLT - e as ações na Justiça contra o consórcio. “Estamos fazendo reuniões nesse sentido e iremos apresentar solução para esse problema”, concluiu.

O que se esperava; o que esperar - Quando lançada a obra do VLT para Cuiabá e Várzea Grande havia grande expectativa que o modal de transporte coletivo ligasse as duas cidades por um sistema moderno e eficiente - solucionando o problema de transporte para a Copa do Mundo de 2014 e ficaria como legado para a população.  No entanto, no afã de uma obra imensa e cara, o projeto não levou em conta o pós-copa e a realidade da cidade de Várzea Grande. 

A equipe do VG Notícias, nestes anos de atraso pós 2014, fez levantamentos sobre a necessidade deste modal para a cidade industrial, que contradiz a efetividade do serviço de transporte coletivo.

Vejamos: O início de uma das linhas se dá em frente ao Aeroporto Marechal Cândido Rondon na cidade de Várzea Grande percorrendo ao longo da avenida da FEB, cruzando o rio Cuiabá pela ponte Júlio Muller e seguindo pelas avenidas XV de Novembro, Historiador Rubens de Mendonça, indo até o Centro Político Administrativo do Estado de Mato Grosso, conhecido por CPA.

Porém, a linha não vai beneficiar bairros que têm grande concentração, a exemplo do Grande Cristo Rei, que fica num percurso menor se a população da região optar pela Ponte Sérgio Motta, para ir para Cuiabá, já se optar pelo VLT, teria que fazer um percurso mais longo e inviável.

Outra grande concentração demográfica de Várzea Grande está na região do Chapéu do Sol, onde praticamente está sendo construída uma nova cidade, com vários conjuntos habitacionais, áreas de comércio, faculdades, órgãos públicos (Fórum, Defensoria Pública, OAB, UFMT e o Centro Tecnológico) sendo inclusive projetado a construção de uma ponte sobre o rio Cuiabá na Passagem da Conceição.

Portanto, esta parcela da população que mora na região do Chapéu do Sol, está muito distante do corredor do VLT na avenida da FEB. A falta de estudos técnicos sérios, judicialização, desvios, levam a acreditar que o VLT é impraticável porque não existe nenhuma definição do custo da passagem que deverá ser subsidiado eternamente pelo Governo. 

Já não é hora de o Governo atual repensar a viabilidade do VLT para Várzea Grande, quanto ao custo da passagem, quanto a matriz energética para mover os trilhos que é uma incógnita. Já não é tempo de se cair na realidade e voltar a implementar outro modal a exemplo de corredores para ônibus articulados, podendo ser movidos a eletricidade, diesel ou até mesmo o etanol. Não seria mais vantajoso?

Para Várzea Grande seria interessante, embora a obra seja estadual, o executivo municipal poderia propor a extinção do VLT e optar por um transporte público de qualidade que atenda o cidadão que realmente utiliza este meio de locomoção.

Com novos fatos, como o cancelamento da licença ambiental para o VLT, pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema) diminui muito mais a possiblidade da construção de uma obra que já custou mais de R$ 1 bilhão e não se sabe ainda quanto custaria o término de algo que não terá quase nenhuma serventia para a população de Várzea Grande.

 

VLT

 (Foto:Reprodução)

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