A Copa do Mundo FIFA 2014, que tem Cuiabá como uma das 12 cidades-sede, trouxe impactos também para Várzea Grande, cidade ligada à capital de Mato Grosso apenas por uma ponte. O município se transformou em um canteiro de obras, mas o que poderia soar como algo bom, parece ter se tornado um pesadelo para os moradores. Da Avenida Filinto Muller até a FEB, motoristas têm de enfrentar buracos e interdições mal engenhadas devido às construções em andamento. E é por essas mesmas rotas que os turistas que vierem para prestigiar os jogos do mundial no Estado também terão que percorrer para chegar até a Arena Pantanal, pois ainda não foi divulgada a data para entrega dos empreendimentos nessa região.
Escolhida em maio de 2009 para sediar quatro jogos da Fifa, a capital mato-grossense teve mais de cinco anos para se preparar, no entanto, a maior parte das 56 obras prometidas só serão entregues depois do evento pelo governo do Estado, a título de “legado”, como a construção bilionária, atrasada e já desacreditada do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT).
Devido esse atraso, um dos principais problemas enfrentados pela população várzea-grandense está nas péssimas condições de trafegabilidade nas rotas de desvios, as quais também são confusas em muitos trechos. No bairro da Manga, por exemplo, condutores têm de fazer manobras arriscadas para passar pelas ruas, obrigando - em muitos casos - a invadirem pista contrária e calçadas.
Grande parte das intervenções é para implantação do VLT, licitado por quase R$ 1,5 bilhões. Com início na Cidade Industrial, o novo modal de transporte coletivo é uma das obras mais caras da preparação de Cuiabá para a Copa do Mundo. Devido a muitas incertezas relacionadas à sua construção, ainda não é possível dizer se a obra vai beneficiar realmente quem faz uso e depende do transporte público, como os trabalhadores e estudantes.
Entre as muitas promessas já feitas pelo governador de Mato Grosso, Silval Barbosa (PMDB), a maioria não cumprida, está a previsão de que até o início da Copa do Mundo, seja entregue à população apenas o trecho do VLT entre o Aeroporto Marechal Rondon e a entrada do Porto, colocando o espaço que compreende a avenida da FEB como a principal rota dos que forem assistir aos jogos do mundial.
Ampliação do Aeroporto - Além do Veículo Leve sobre Trilho, duas outras grandes obras para a Copa do Pantanal também tem território em Várzea Grande. São elas a ampliação do Aeroporto Marechal Rondon e o Centro de Treinamento (COT) da Barra do Pari. Mas nenhuma das duas está perto de ser concluída.
Há menos de 30 dias do início da Copa, o passageiro que chega ao aeroporto ainda não dispõe de uma estrutura adequada. O espaço do estacionamento está comprimido pelas obras de ampliação do terminal, o que obrigou a unidade estadual da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) a juntar embarque e desembarque à estrutura antiga do aeroporto, a qual já não suportava o fluxo normal de viajantes.
A obra no terminal, que já ultrapassa a casa dos R$ 82 milhões, e ainda assim não tem data certa para ser entregue, tem gerado transtornos aos usuários do serviço, que reclamam não só do empreendimento, como também do caos que atinge todo o município. O empresário Marciel Santos, 32, chegou de São Paulo e levou um susto quando desembarcou no local. “Parecia mais que eu estava em um campo de batalha. Há muita poeira, máquinas e barulho. Moro em Várzea Grande, mas fico grande parte do ano fora e já tinha escutado comentários negativos sobre as obras, mas não imaginava que estaria nesse estado caótico”, afirmou.
Embora o atraso seja visível, a assessoria da Secretaria Extraordinária da Copa do Mundo (Secopa) insiste em dizer que as obras estão dentro do cronograma e serão entregues antes da Copa. Segundo informou a assessoria à reportagem do VG Notícias, a cobertura do aeroporto já foi finalizada e agora falta apenas o processo de acabamento na parte interna de embarque de passageiros.
A Secopa afirmou que estão sendo instalados pisos, vidros, janelas, veneziana e as pastilhas nos dois reservatórios de água, além de calçamento em torno do aeroporto. Ainda de acordo com a secretaria, a nova área de estacionamento já está recebendo assentamento intertravado de pisos e, em breve, também será finalizado.
Já o COT da Barra do Pari, orçado em R$ 25.535.184,42, ainda está na fase de projetos. Não há sinais de obras, mas a Secopa assegura que a obra vai ocupar uma área de 52 mil metros quadrados, com capacidade para três mil torcedores. Após o mundial, o local deverá ser entregue a prefeitura de Várzea Grande, pois a cidade ainda não possui nenhum grande estádio. A intenção é transformá-lo em um centro esportivo para uso da comunidade.
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