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Diante de inúmeras denúncias que tem chegado a redação do oticias, sobre servidores ‘fantasmas’, compra superfaturadas, materiais que não são entregues, mas atestados como se tivessem sido entregues na Câmara de Várzea Grande, a reportagem do oticias foi ‘in loco’ checar as suspeitas de irregularidades. Conforme consta do Portal Transparência da Câmara, 204 servidores são comissionados e apenas 21 são efetivos, ou seja, 90% dos servidores da Casa, são comissionados.
A desculpa para justificar a ausência destes assessores é que trabalham na rua. No entanto, não há sequer, um relatório de atividades, apenas no gabinete do vereador Claído Celestino – popular Ferrinho é que a reportagem encontrou os seis servidores, uniformizados e com relatório de atividades mensal. No demais, a reportagem encontrou um, dois no máximo três pessoas.
Outro fato que chama atenção, é que os próprios “colegas” de gabinete tem dificuldades para lembrar o nome dos assessores lotados com eles. A grande desculpa é que estão na rua, no médico ou em velório.
Na manhã dessa quarta-feira (23.05), a reportagem visitou todos os 21 gabinetes dos vereadores na Casa de Leis - para constatar quantos servidores estavam trabalhando na Casa - e quantos são lotados em cada gabinete. A constatação é estarrecedora para a população que paga os impostos, e, consequentemente, pagam os salários dos vereadores e dos servidores, mesmo a maioria não trabalhando.
No gabinete do vereador Jânio Calistro (PSD) tinha duas pessoas, e não quiseram relacionar o nome dos demais servidores, limitando-se a dizer que a chefe de gabinete, advogada Lúcia dos Santos, não estava presente, e que somente ela poderia informar. O vereador também não estava na Casa.
No gabinete do vereador Cleyton Nassarden – popular Sardinha (PTB), tinha apenas uma pessoa que se intitulou assessor. O vereador estava no gabinete, visivelmente irritado com a reportagem, concedeu entrevista, mas não soube dizer os nomes e sobrenomes de seus assessores. “Meu filho nasceu hoje, nem o sobrenome dele não sei, como vou saber dos outros”, disse irritadíssimo.
O vereador Pedro Paulo Tolares – popular Pedrinho (DEM), foi ao gabinete de Sardinha, muito irritado com a reportagem e em tom ameaçador, disse que não com ele a coisa é diferente – e que a reportagem não sabia com quem estava lidando. Ele ainda denunciou os colegas Jânio Calistro (PSD) e João Madureira – popular Madureira (PSC), Pedrinho afirmou que Madureira nunca abre seu gabinete, embora tenha os assessores lotados.
A reportagem foi de gabinete em gabinete acompanhada pelos vereadores Sardinha, Pedrinho e Rogério Dakar. O expediente inicia na Câmara as 7 e termina as 13 horas. Porém, o horário não é cumprido. Nem os próprios servidores e vereadores sabem o horário de expediente da Casa.
O vereador Pedrinho se recusou a informar quantos servidores estão lotados em seu gabinete e os nomes dos assessores. No momento em que a reportagem esteve in loco, tinham três pessoas sem eu gabinete, uma se intitulou secretária e que não conhece os colegas. Segundo ela, começou a trabalhar no gabinete na terça (22). Estava no gabinete de Pedrinho também, a ouvidora-geral do Legislativo, Rosane Pereira Leite. Ele, inclusive, em tom ameaçador, disse que não daria entrevista e que a jornalista não sabia com quem estava mexendo, que com ele a coisa é muito diferente.
No gabinete do vereador João Tertuliano – popular Joãozito tinha três assessores, e segundo a chefe de gabinete um estava no corredor e dois em trabalho externo. Mas garantiu que todos trabalham corretamente. Porém, segundo informação da Câmara, Joãozito teria 16 servidores lotados em seu gabinete. Sendo seis na cota de vereador e 10 por ser o primeiro-secretário da Mesa Diretora da Casa.
No gabinete do vereador Rodrigo Coelho (PTB), haviam duas assessoras, que mencionaram os nomes dos demais colaboradores - e disseram que o vereador estava ausente com os outros assessores comprando material para arrumar seu gabinete que está todo mofado.
No gabinete do vereador Miguel Angel (PSDB), tinha apenas uma assessora. E segundo ela, os demais colegas estavam na rua. Ela mencionou o nome de alguns, que estariam no Chapéu do Sol.
Já no gabinete da vereadora Gisa de Barros (PSB), estava apenas ela e um assessor. A parlamentar inclusive impediu a entrada da reportagem em seu gabinete. Ficou na porta para que não entrasse. Confira vídeo no final da matéria.
No gabinete do vereador Rogério Dakar (PV), popular Rogerinho, estavam várias pessoas sentadas – e, segundo o parlamentar, se tratavam de seus assessores.
No gabinete do vereador Carlos Garcia (PSB) havia apenas uma senhora, que não soube identificar nominalmente os colegas. Dois dias consecutivos apenas esta senhora foi encontrada no gabinete. O vereador não estava.
No gabinete do vereador Gordo Goiano (AVANTE) também tinha apenas uma senhora como assessora – e que justificou que os colegas estavam em campo – mas não soube também mencionar os nomes dos demais assessores.
No gabinete do vereador Nana, tinha um assessor e disse que os outros cinco colegas estavam na rua. Um, segundo ele, acompanhando o “pessoal do DAE”, outro no “IPTU”, e o restante em campo. Ele citou alguns nomes conforme está no vídeo.
No gabinete do vereador Nilo Campos (PV), o chefe de gabinete atendeu, informou seu nome e dos demais colegas, pediu para não ser filmado porque é professor em uma Universidade. Um deles, inclusive é advogado do parlamentar. Confira vídeo.
O gabinete do vereador Ademar Jajah (PSDB), estava fechado, em horário de expediente, por dois dias consecutivos.
No gabinete do vereador Ícaro Reveles (PSB), estava fechado, porém, a assessora veio ao encontro da reportagem e disse que havia fechado para buscar um processo. Apenas uma pessoa. E segundo ela, no gabinete trabalham mais cinco pessoas, e que estavam na rua com o vereador porque ele é candidato a deputado federal. Confira entrevista.
No gabinete do vereador Ivan dos Santos (PRB) tinha um chefe de gabinete e uma assessora. O vereador estava no local, porém, em reunião e pediu para a reportagem voltar em outro momento.
No gabinete do vereador Carlino Neto (PV), havia três assessores. Segundo uma assessora, os demais estavam acompanhando o vereador em reunião externa.
No gabinete do vereador Fábio Tardim – popular Fabinho (DEM), tinha apenas um assessor e que não soube informar o nome dos demais.
Já no último gabinete, do vereador João Madureira (PSC), estava fechado. E segundo o vereador Pedro Paulo Tolares nunca é aberto, e conforme Pedrinho, também tem seis assessores lotados.
A reportagem foi até o almoxarifado para conversar com o servidor, porém, estava fechado e do lado de fora da sala, encostado no corredor, o servidor denunciado na matéria de terça (22), Everton que conforme o Portal Transparência da Câmara, é servidor desde 01 de fevereiro deste ano, como ocupante de cargo comissionado de auxiliar de Divisão de Almoxarifado. No entanto, segundo informação, nunca havia comparecido para trabalhar. Nesta manhã ele estava do lado de fora do almoxarifado que estava fechado a chave e ele não soube dizer o motivo. Ou seja, não trabalha no local e estava totalmente perdido.
Por último a reportagem do oticias foi à Presidência da Câmara. O presidente da Casa, vereador Chico Curvo não estava e tinha no gabinete apenas quatro pessoas como assessores. Uma chefe de gabinete, uma secretária e mais duas pessoas que disseram trabalhar no gabinete. A secretária não quis informar o nome dos colegas que trabalham com ela, e disse que deveríamos fazer um ofício para formalizar o pedido de informação sobres servidores da Casa.
Segundo informação da Câmara, lotados na Presidência são 20 servidores. Destes, seis seriam para o vereador e 16 para à Presidência. Já o secretário-geral da Mesa Diretora, vereador João Tertuliano- popular Joãzito, seriam seis servidores para o parlamentar e 10 por conta do cargo na Mesa.
Conforme a Portal Transparência, a Câmara pagou no primeiro quadrimestre (janeiro a abril de 2018) R$ 917.245,82 mil para os servidores comissionados. Em média, a Câmara paga quase R$ 230 mil mensais para manter os comissionados e mais encargos sociais.
E para os servidores efetivos, a Câmara gastou de janeiro a abril deste ano R$ 509,166,66 mil. Em média, R$ 127 mil mensais para efetivos e mais os encargos sociais.
Outro lado – A reportagem do oticias tentou contato com os vereadores em que os gabinetes se encontravam fechados, como é o caso dos vereadores Ademar Jajah e João Madureira.
O vereador Ademar Jajah afirmou que seu gabinete está aberto todos os dias da semana. Segundo o vereador, ele não tem conhecimento dessa informação, pois estava nos bairros trabalhando e deve averiguar a situação no gabinete.
Quanto ao vereador João Madureira, a reportagem não conseguiu contato.
Confira vídeo.
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