O diretório da Rede Sustentabilidade, partido político criado pela ex-senadora Marina Silva, não chegou a um consenso quanto ao apoio ao candidato Aécio Neves (PSDB), mas firmou posição em não apoiar Dilma Roussef (PT) no segundo turno das eleições à Presidência. De acordo com Walter Feldman, porta-voz da Rede, cerca de 20 integrantes do diretório se reuniram na noite desta terça-feira (7), por meio de teleconferência.
A decisão sobre o apoio da Rede no segundo turno é aguardada tanto pela campanha do PT quanto pela do PSDB. Marina foi a terceira colocada no primeiro turno da eleição presidencial, com 21% dos votos válidos. Ela disputou a eleição pelo PSB porque a Rede não conseguiu registro no TSE a tempo de participar do pleito de 2014.
O não apoio à reeleição de Dilma deverá ser ratificado em nova reunião do diretório, a partir das 19h desta quarta-feira (8), de acordo com Feldman. "Eu diria que são posições já firmadas, o 'não' à continuidade do atual governo, porque a Rede entende que a alternância de poder é fundamental na democracia. E ficaria dificultada (a alternância) com a vitória do atual governo", afirmou Feldman, já na madrugada desta quarta-feira.
Outro motivo, segundo Feldman, seria o empenho dos petistas para que a Rede não obtivesse o registro a tempo de lançar candidatura própria no pleito deste ano. "O PT trabalhou na questão da não aprovação da Rede Sustentabilidade, tanto por conta das dificuldades do seu registro, como na aprovação de lei que impede a criação do fundo partiidário e na utilização do tempo da televisão. Na nossa avaliação, é uma agressão à democracia muito grande", disse.
Seguno o porta-voz da Rede, a segunda posição firmada é de uma manifestação pela mudança na política brasileira. "Por uma mudança, porém qualificada; não apenas uma mudança. Dar uma substância, um conteúdo, para que a mudança seja sintonizada com o desejo da sociedade brasileira", completou.
Feldman disse que a Rede tem feito consultas informais com seus correlegionários por meio de pesquisas de telemarketing e estas apontaram que 73% são favoráveis a um eventual apoio a Aécio Neves e que de 10% a 15% seriam pró-Dilma. Mas que mesmo assim ainda não há um consenso em se apoiar Aécio Neves no segundo turno. Como o apoio não foi definido, também não foram discutidos acordos em torno de propostas de programa de governo com o PSDB, segundo Feldman.
Marina
Durante a tarde desta terça-feira (7) Feldman esteve no apartamento da candidata derrotada Marina Silva, no bairro Vila Nova Conceição, Zona Sul de São Paulo, onde os dois conversaram por cerca de uma hora.
Segundo Feldman, Marina deve seguir o posicionamento da Rede. "A Rede trabalha com consenso", disse. "A Marina quer ouvir a Rede."
Na tarde desta quarta, a Comissão Executiva Nacional do PSB se reunirá em Brasília. Após a reunião, deve ser anunciada oficialmente a posição do partido.
O PSB divulgou nota na noite desta terça informando que iniciou consulta às lideranças do partido, a fim de "assegurar a unidade". "O movimento está alinhado ao esforço empreendido, no mesmo sentido, por Marina Silva de consulta à Rede Sustentabilidade, e de acordo com compromisso assumido com os demais presidentes dos partidos que formam a Coligação Unidos pelo Brasil - PSB, PHS, PRP, PPS, PPL e PSL", diz a nota (leia a íntegra ao final desta reportagem).
No caso da coligação Unidos pelo Brasil (PSB-PPS-PHS-PPL-PRP-PSL), que sustentou a candidatura de Marina, a assessoria divulgou nota informando que na quinta-feira ela e as demais lideranças dos partidos aliados "participarão de encontro para construir um posicionamento comum da coligação".
Na nota, a coligação diz que as eleições "refletiram uma posição de insatisfação com as condições existentes no Brasil expressando sentimentos de mudanças", mas ressalva que "as opiniões individuais de cada partido, dirigentes e lideranças políticas das agremiações neste momento de construção devem ser respeitadas, mas não refletem em nenhuma hipótese a opinião da ex-candidata".
Marina Silva também mantém conversações com líderanças do PSB de Pernambuco, estado de Eduardo Campos, presidenciável do partido, morto em acidente aéreo em agosto e a quem Marina substituiu.
Devem se encontrar com a ex-senadora na residência dela, em São Paulo, o prefeito de Recife, Geraldo Junior, o governador eleito de Pernambuco, Paulo Câmara, e o senador eleito Fernando Bezerra Coelho, todos do PSB.
Leia abaixo a íntegra das notas divulgadas pelo PSB e pela coligação de partidos que apoiou Marina Silva:
Nota Oficial do PARTIDO SOCIALISTA BRASILEIRO (PSB)
A presidência do Partido Socialista Brasileiro (PSB), de forma preparatória à reunião já convocada da Comissão Executiva Nacional, está em plena consulta junto às suas lideranças visando à definição partidária em face das forças que disputam o segundo turno da eleição presidencial. Tal esforço busca assegurar a unidade do partido, jamais quebrada.
A decisão ocorrerá no âmbito da comissão Executiva Nacional, marcada para as 14 horas de quarta-feira (8), na sede do PSB, em Brasília.
O movimento está alinhado ao esforço empreendido, no mesmo sentido, por Marina Silva de consulta à Rede Sustentabilidade, e de acordo com compromisso assumido com os demais presidentes dos partidos que formam a Coligação Unidos pelo Brasil - PSB, PHS, PRP, PPS, PPL e PSL.
Na quinta-feira, às 10 horas, na sede do PSB, a pedido de Marina Silva, reunir-se-á o Colégio de Presidentes da Aliança para a tentativa de construção de uma posição unitária e programática.
Brasília 7 de outubro de 2014
Roberto Amaral
Presidente Nacional do Partido Socialista Brasileiro
NOTA DE ESCLARECIMENTO DA EX-CANDIDATA MARINA SILVA EM RELAÇÃO AO SEGUNDO TURNO DA ELEIÇÃO PRESIDENCIAL
A ex-candidata à Presidência da República pela Coligação Unidos pelo Brasil, Marina Silva, vem a público reafirmar o processo definido pelos partidos que integram a aliança para contribuir para o debate do segundo turno da disputa presidencial:
1. Os resultados das eleições refletiram uma posição de insatisfação com as condições existentes no Brasil expressando sentimentos de mudanças.
2. Os partidos da Coligação promoverão até amanhã, dia 8 de outubro, reuniões de suas instâncias deliberativas para definirem os pontos que consideram relevantes para a formulação de posicionamento conjunto das legendas aliadas.
3. Na quinta-feira, dia 9, Marina Silva e as demais lideranças dos partidos aliados participarão de encontro para construir um posicionamento comum da Coligação sobre a continuidade da disputa pela Presidência da República.
4. Marina Silva também contribuirá para a construção de uma posição da Rede Sustentabilidade nesse processo de unidade da Coligação.
5. As opiniões individuais de cada partido, dirigentes e lideranças políticas das agremiações neste momento de construção devem ser respeitadas, mas não refletem em nenhuma hipótese a opinião da ex-candidata.
São Paulo, 7 de outubro de 2014.
ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO DA COLIGAÇÃO UNIDOS PELO BRASIL
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