Em discurso para uma plateia de sindicalistas americanos, o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva afirmou neste domingo, 3, em Washington (EUA), que vai continuar ativo na política, além de defender enfaticamente o legado de seu governo.
"Eu falo todo dia para a minha mulher: Marisa, não espere que eu morra dentro de casa. Quando eu morrer um dia, vai ser num palanque, vai ser em algum lugar falando alguma coisa, brigando com alguém", disse Lula.
O presidente também aproveitou a ocasião para mandar um recado à sua sucessora Dilma Rousseff. Ele disse que os governos, incluindo o da petista, precisam ouvir os sindicatos.
"O presidente Obama têm de ouvir vocês, a Dilma tem de ouvir os sindicatos, e os argentinos...", disse Lula, na conferência anual da UAW, a maior central sindical do setor automotivo nos EUA.
A presidente Dilma vive nesse momento uma relação difícil com os sindicalistas brasileiros, que têm se queixado da pouca atenção por parte do governo.
Lula defendeu que o movimento sindical americano não pode tolerar a imposição de empresas, como a Nissan, que rejeitam a sindicalização de seus funcionários como requisito para realizar seu investimento no país. Estimulou ainda os sindicalistas a se candidatarem a postos públicos, assim como ele, e não esperar que políticos da elite os represente no Congresso.
"Eu nunca pensei em virar sindicalista, e virei presidente do sindicato; nunca pensei em ser político, e criei um partido; nunca pensei em ser candidato a vereador, a síndico do meu prédio e virei presidente. A luta fez com que eu desse passo atrás de passo", afirmou Lula. "Não há espaço na minha vida para desistir."
A expectativa é que nesta segunda-feira o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, envie ao Ministério Público de São Paulo a acusação do publicitário Marcos Valério de que Lula teria sido favorecido por recursos do mensalão. A denúncia foi feita em setembro do ano passado, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) já julgava o processo.
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