O Conselho Superior do Ministério Público Federal (CSMPF) determinou nesta terça-feira (03.06) que uma força-tarefa composta por três procuradores reforce as investigações da operação Ararath, em Mato Grosso, por um prazo de 30 dias.
A medida foi proposta pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, devido à complexidade e abrangência do esquema investigado, que envolveria a prática de pelo menos oito crimes – como crimes financeiros, fraudes e corrupção - e a participação de servidores e autoridades de diversos níveis dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário em Mato Grosso.
Pelo menos 59 pessoas são investigadas até o momento pela Procuradoria da República em Mato Grosso, que atua perante a Justiça Federal, e pela Procuradoria-Geral da República, em Brasília, a qual atua perante oSupremo Tribunal Federal por conta da citação de investigados com prerrogativa de foro – como o senador Blairo Maggi (PR). Os mandados judiciais expedidos por conta da investigação foram cumpridos em etapas pela Polícia Federal (PF) desde o ano passado.
Após proposta do procurador-geral Rodrigo Janot, a criação da força-tarefa foi aprovada por unanimidade na reunião do CSMPF nesta terça-feira. Durante 30 dias, os três procuradores designados deixarão suas funções para se dedicarem exclusivamente à análise do material apreendido pela PF mediante cumprimento de mandados de busca e apreensão no último dia 20, data da deflagração da quinta etapa da operação Ararath em Cuiabá. Esta foi a etapa de maior repercussão da Ararath.
Foram designados o procurador regional da República da 1ª Região, Gustavo Pessanha Veloso, o procurador da República em Minas Gerais, Rodrigo Leite Prado, e o procurador da República no Rio Grande do Norte, Ronaldo Pinheiro Queiroz.
O prazo de dedicação exclusiva dos três à operação Ararath poderá ser prorrogado caso necessário pelo CSMPF, segundo nota publicada nesta terça-feira.
Esquema investigado
De acordo com a PGR, o esquema investigado desde 2010 atuava por meio de um “banco clandestino” a serviço de interesses políticos e particulares, como financiamento de campanhas, pagamento de dívidas, compra de sentenças no Poder Judiciário e até de vagas para conselheiros no Tribunal de Contas do Estado (TCE).
Esse banco seria operado pelo empresário Júnior Mendonça, o qual atualmente colabora com o Ministério Público Federal (MPF) sob acordo de delação premiada. Também de acordo com o depoimento de Mendonça contido na denúncia do MPF, o operador político do esquema, por sua vez, seria o ex-secretário de estado Éder Moraes, hoje preso na carceragem da PF no Complexo da Papuda.
As operações financeiras ilegais teriam movimentado cerca de R$ 500 milhões desde 2008, ainda durante o governo de Blairo Maggi, e teriam se prolongado no atual governo de Silval Barbosa(PMDB), ex-vice de Maggi.
Entre no grupo do VGNotícias no WhatsApp e receba notícias em tempo real (CLIQUE AQUI).