A empresária Mônica Moura entregou ao Ministério Público Federal o registro com as imagens do e-mail que usou para trocar mensagens com a ex-presidente Dilma Rousseff, conforme revelou em depoimento sob acordo de delação premiada, na Operação Lava Jato.
Ela criou no computador da presidente uma conta de e-mail com nome e dados fictícios, segundo seu relato, com senha compartilhada entre as duas e o ex-assessor de Dilma, Giles Azevedo. As fotografias estão em uma Ata Notarial lavrada em 13 de julho de 2016 no 1º Tabelionato Giovannetti em Curitiba.
A solicitação do registro das imagens foi feita, segundo o documento, por Felipe Pedrotti Cadori. Na Ata Notarial, o funcionário do Tabelionato afirma que ‘às 15 horas e 14 minutos, acessei o sítio “http://www.gmail.com”, e, após o solicitante efetuar login com usuário e senha, acessei referido e-mail, registrando a rotina sugerida na forma a seguir, do que dou fé’.
Do documento constam três imagens. Em uma delas, há um rascunho de e-mail “[email protected]” com uma mensagem de ‘22 de fev’: “Vamos visitar nosso amigo querido amanha. Espero não ter nenhum espetáculo nos esperando. Acho que pode nos ajudar nisso, né?”.
Cardozo duvidava - Em entrevista ao programa "Bastidores do Poder", da rádio Bandeirantes, nesta sexta-feira (12), o ex-ministro da Justiça do governo Dilma José Eduardo Cardozo, que se encontra em Londres, tentou desqualificar a história sobre o e-mail. "Se isso fosse verdade, Mônica o teria fotografado e não apenas copiado para um arquivo do Word”.
A delatora fez mais que isso. Já presa, orientou o registro do e-mail Ata Notarial, no cartório, onde ele foi acessado e atestado. Ela também declarou em papel assinado de próprio punho e entregue à Procuradoria-Geral da República que a senha de acesso ao e-mail ‘2606iolanda’ era ‘iolanda47′.
Segundo ela, foi Dilma quem sugeriu o nome "Iolanda" em alusão à mulher do ex-presidente Costa e Silva – um dos generais da ditadura. Ainda segundo a delatora, 47 é o ano de nascimento da petista.
Delação negociada - Mônica é casada com o publicitário João Santana. O casal de marqueteiros fez as campanhas presidenciais de Lula (2006) e Dilma (2010 e 2014). Eles foram presos na Operação Lava Jato em fevereiro de 2016 e fecharam acordo de delação premiada para se livrar da cadeia. O juiz federal Sérgio Moro mandou soltar Mônica Moura e João Santana em 1 de agosto de 2016.
Segundo a delatora, ela e a então presidente combinaram que, se houvesse notícia sobre avanço da Lava Jato em relação ao casal, o aviso seria feito através desse e-mail. As mensagens escritas pela presidente ficariam na caixa de rascunhos do e-mail, para não circularem, e Mônica acessaria a conta de onde estivesse.
“Para preservar a existência da conta de e-mail, enquanto a colaboradora se encontrava presa, a senha de acesso foi trocada para “lice1984”, que permanece até hoje”, afirmou.
Em nota, após o STF liberar o sigilo da delação do casal, a assessoria de Dilma Rousseff disse que João Santana e Mônica Moura “prestaram falso testemunho e faltaram com a verdade em seus depoimentos, provavelmente pressionados pelas ameaças dos investigadores”. “Apesar de tudo, a presidente eleita acredita na Justiça e sabe que a verdade virá à tona e será restabelecida”, afirma a nota.
Entre no grupo do VGNotícias no WhatsApp e receba notícias em tempo real (CLIQUE AQUI).