O prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), afirmou que a intervenção estadual na Saúde de Cuiabá "fugiu" diante do primeiro "grito de indignação" do povo e recusou-se a ouvir as preocupações sobre o agravamento da situação da Saúde na capital. A crítica refere-se à postura do cointerventor na Saúde da Capital, o procurador do Estado, Hugo Fellipe Lima, durante a conferência sobre "O Futuro da Saúde em Cuiabá Pós-Intervenção" realizada nesta segunda-feira (05.06).
A intervenção estadual foi criticada por tomar decisões sem consultar a população atendida pelo Sistema Único de Saúde (SUS), representada na conferência pelo Movimento Comunitário e pelo Conselho Municipal de Saúde. No entanto, Hugo deixou o debate alegando não conseguir falar.
"A Conferência Municipal de Saúde, que é a instância superior das políticas de saúde, quer ser ouvida, e isso é um pilar do SUS, inclusive legalmente. Durante a conferência, mais de 200 membros assinaram um documento repudiando a intervenção. Eles desejam ser ouvidos, assim como os vereadores. A intervenção quer tomar decisões que desestruturam a Saúde Pública, o que pode levar ao desmonte da saúde pública da capital, sem ouvir o maior interessado - a população atendida pelo SUS", criticou o prefeito.
Mais de 200 membros assinaram documento repudiando a intervenção
Emanuel Pinheiro afirmou que "técnicos engravatados, que não utilizam o sistema de saúde pública", querem decidir por milhares de usuários. Pinheiro também apontou que a intervenção ameaça fechar a Policlínica do Coxipó e a Policlínica do Verdão sem ouvir a opinião do povo. Ele também lamentou a decisão de fechar o Laboratório Central na capital.
"Sem ouvir a população atendida pelo SUS, eles fecharam o Lacec, único laboratório público da capital. Remanejaram centenas de servidores que estavam há décadas em suas unidades, atuando como responsáveis técnicos, principalmente enfermeiros e técnicos de enfermagem, sem consultar a população atendida pelo SUS, sem ouvir o Conselho Municipal de Saúde. Eles esqueceram que o SUS, além de ser tripartite - União, Estado e Município - se baseia no vínculo entre o trabalhador e o usuário da saúde", destacou.
Ainda em suas críticas, o prefeito afirmou que a intervenção transformou a saúde de Cuiabá em uma “caixa preta” e acusou os interventores de copiar o planejamento da gestão Emanuel. Segundo ele, sua preocupação é “o que Cuiabá vai receber de volta” quando a intervenção acabar.
Se pegar o planejamento para 2023 da nossa gestão é o planejamento que eles pegaram e estão copiando
“Era um trabalho feito por uma equipe fantástica discutidas a inúmeras mãos. Se pegar o planejamento para 2023 da nossa gestão é o planejamento que eles pegaram e estão copiando, mudando algumas coisinhas, para dar uma conotação que é deles. Estão tapando o sol com a peneira fazendo uma gestão midiática, mas não quiseram ouvir hoje as questões, como, será que o Estado está preparado para intervir no município de Cuiabá, como está a saúde no interior do Estado? Ausência de políticas públicas, falência dos hospitais regionais demostra a total ineficiência do Estado para lidar com a Saúde pública”, declarou o prefeito.
Emanuel também apontou como exemplo de intervenção, que segundo ele, não deu certo. A intervenção do Governo Mauro Mendes (União) na Santa Casa de Misericórdia, na qual considerou ineficiente e incompetente para lidar na Saúde Pública.
“Quebraram a Santa Casa, faliram e esse é o desespero do Movimento Comunitário, da Conferência Municipal de Saúde, o desespero meu como gestor, da maioria da Câmara e de milhares de usuários. Nossa preocupação é o que receberemos depois, quero debater com o Ministério Público, com o Judiciário, com o tribunal de Contas é temerário, precisa conhecer o SUS e ouvir a ponta. Que não quiseram discutir, que na primeira batida de pé fugiram, se acovardaram com a presença do povo em massa, que espontaneamente foram discutir. Confio na boa-fé do Ministério Público, confio na boa-fé do desembargador Perri, mas eles estão sendo induzidos ao erro”, declarou o prefeito.
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