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Política Terça-feira, 19 de Abril de 2022, 10:21 - A | A

Terça-feira, 19 de Abril de 2022, 10h:21 - A | A

delatora da Lava-Jato

Doleira Nelma Kodama é presa em hotel de luxo em Portugal

Primeira delatora da Lava-Jato foi detida pela Polícia Federal no âmbito da Operação Descobrimento, que visa combater o tráfico internacional de drogas

O Globo

A doleira Nelma Kodama, ex-namorada do também doleiro Alberto Youssef, foi presa pela Polícia Federal nesta terça-feira em um hotel de luxo de Portugal. Ela foi a primeira delatora da Lava-Jato e condenada a 18 anos de prisão em 2014.

Nelma foi detida no âmbito da Operação Descobrimento, deflagrada para combater o tráfico internacional de drogas. Os agentes cumprem mandados em cinco estados brasileiros - Bahia, São Paulo, Mato Grosso, Rondônia, Pernambuco - e Portugal. A PF suspeita que a doleira estaria atuando na lavagem de capitais para o tráfico das drogas.

As investigações tiveram início em fevereiro de 2021, quando um jato executivo Dassault Falcon 900, pertencente a uma empresa portuguesa de táxi aéreo, pousou no aeroporto internacional de Salvador para abastecimento. Após inspeção, foram encontrados cerca de 595 kg de cocaína escondidos na fuselagem da aeronave. 

A PF identificou a estrutura da organização criminosa atuante nos dois países. O grupo era composto por fornecedores de cocaína, mecânicos de aviação e auxiliares, transportadores e doleiros, encarregados da movimentação financeira.

As medidas judiciais foram expedidas pela 2ª Vara Federal de Salvador e pela justiça portuguesa. Além de mandados de buscas e apreensão e de prisão preventiva, foram decretados o sequestro de imóveis e bloqueios de valores em contas bancárias usadas pelos investigados.

Nelma foi acusada de atuar em parceria com Youssef em um esquema de lavagem de dinheiro que movimentou mais de R$ 10 bilhões em valores da época. Depois de cumprir cinco anos de pena por organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção ativa — entre o regime fechado e domiciliar —, ela se livrou em 2019 da tornozeleira eletrônica que usou por três anos.

Endividada, a doleira chegou a montar um bazar de peças das grifes mais caras do mundo, quando devia à Justiça mais de R$ 100 milhões em multas pelos crimes de sonegação fiscal, em reparação de danos apurados pela Lava-Jato e impostos retroativos. Nos tempos de milionária, ela movimentava em um único mês cerca de US$ 200 milhões sem documentação.

Nelma foi presa em 2014 no âmbito da Lava-Jato com 200 mil euros na calcinha, quando tentava embarcar no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo.

Procurada, a defesa de Nelma ainda não se manifestou. O espaço segue aberto.

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