Com falência decretada pela Justiça desde fevereiro, as empresas do deputado federal João Lyra (PSD-AL) devem R$ 2,027 bilhões, conforme dados publicados nesta semana pelo conselho de administradores da massa falida.
O montante é similar ao orçamento de Maceió para o ano de 2014, previsto em R$ 2,033 bilhões e, segundo especialistas ouvidos pelo UOL, grande parte dos credores não deve receber os valores devidos e ficará no calote.
Dono de cinco usinas em Alagoas e em Minas Gerais, o usineiro e presidente do grupo que leva seu nome foi eleito deputado federal pelos alagoanos em 2010 e chegou à Câmara com o status de parlamentar mais rico do país - seu patrimônio declarado é de R$ 240 milhões. Hoje, as dívidas de suas empresas são oito vezes maiores que os bens de João Lyra.
Assembleia
No próximo dia 5, uma assembleia de credores convocada pela Justiça vai definir o destino do Grupo João Lyra, que durante anos foi símbolo de poder econômico no Estado e segue funcionando sob comando de um grupo de gestores.
As dívidas do grupo vão desde débitos trabalhistas a contratos milionários com fornecedores não pagos. Todos as pessoas que têm débito a receber do grupo podem participar da assembleia.
Segundo o Ministério Público do Trabalho em Alagoas, existem 350 trabalhadores que tentaram um acordo para recebimento das verbas rescisórias após serem demitidos, mas sem sucesso. Fora isso, há centenas de trabalhadores que buscam valores diretamente na Justiça.
Em audiência no final de abril, o grupo propôs parcelar o débito das verbas a esses ex-funcionários, mas, como não apresentou datas, a proposta foi recusada pelos procuradores do Trabalho - que encerraram a intermediação e estudam medidas a serem tomadas contra o grupo.
Também no final do mês passado, a Justiça do Trabalho de Coruripe decidiu pelo bloqueio de 30% do salário de deputado federal para quitar um processo trabalhista.
Recurso na Justiça
Segundo a assessoria de imprensa de João Lyra, o deputado e empresário recorreu, há cerca de um mês, contra a decisão de falência do grupo. O recurso especial foi interposto no Tribunal de Justiça de Alagoas e ainda está sob análise.
Sobre o valor da dívida, a assessoria diz que não pode comentar, já que não o grupo não tem mais poder sobre a gestão e controle das contas das empresas.
O UOL não conseguiu contato com os administradores e foi informado por funcionários do grupo que eles não estão conversando com jornalistas.
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