Um dia depois de romper relações com o Palácio do Planalto, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, afirmou que não há pauta de vingança contra a presidente Dilma Rousseff.
Em 20 posts na rede de microblogs Twitter, o peemedebista repetiu o teor do discurso apresentado a jornalistas na manhã da última sexta-feira e afirmou que não está buscando retaliação.
“Não existe pauta de vingança e nem pauta provocada pela minha opção pessoal de mudança de alinhamento político", escreveu o deputado federal.
Não existe pauta de vingança e nem pauta provocada pela minha opção pessoal de mudança de alinhamento politico
A afirmação acontece horas depois que ele desengavetou 11 pedidos de impeachment contra a presidente e autorizou a criação de duas CPIs incômodas ao governo federal: a do BNDES, que vai investigar supostos empréstimos irregulares, e outra para apurar pagamentos indevidos dos Fundos de Pensão das estatais.
Cunha também afirmou que não irá atrapalhar as votações do ajuste fiscal, previstas para o segundo semestre. “Não tenho histórico de ajudar a implementar o caos na economia”, afirmou.
Após flertar com o papel de oposição em diversas ocasições nos últimos meses, Cunha rompeu na manhã de ontem suas relações com o governo federal. A decisão foi tomada após o agravamento das denúncias contra ele na Operação Lava Jato.
Em depoimento ao juiz Sérgio Moro, o delator Júlio Camargo disse que Eduardo Cunha pediu propina de 5 milhões de dólares em um contrato de navios-sonda da Petrobras. No mesmo dia, o doleiro Alberto Youssef disse que estava sendo coagido por um deputado "pau mandado" do presidente da Câmara.
Na tarde de hoje, Cunha voltou a repetir que irá entrar com uma reclamação no STF contra o juiz Sérgio Moro:
Quanto ao juiz do Parana,nao fiz reparo a ele,so que realmente ele não poderia dar curso a participação minha,como detentor de foro
Por várias vezes em oitivas ele interrompia as testemunhas e dizia que não podia tratar de quem tinha foro de STF.Ao que parece ele mudou
E quanto a isso meus advogados ingressarão com reclamação no STF
Cunha ainda reiterou que, por enquanto, o rompimento com Dilma é uma decisão pessoal, mas que irá defender o posicionamento junto ao PMDB.
Não busquei e nem vou buscar apoio para isso,a não ser o debate na instância partidária competente
O meu gesto não significará que estou buscando ganhar número para enfrentar e derrotar governo.
Em nota, a direção nacional da sigla afirmou que a decisão do deputado é pessoal. Já a bancada do partido na Câmara, da qual Cunha já foi líder, deve decidir se segue o presidente da Casa só em agosto, quando termina o recesso parlamentar.
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