A CPI Mista do Cachoeira decidiu não discutir nem votar nesta quarta-feira (31), última sessão prevista da comissão, os mais de 500 requerimentos que pediam a quebra de sigilo das empresas "fantasmas" que recebiam repasses da construtura Delta. As empresas são suspeitas de repassar dinheiro não declarado a campanhas (caixa dois) ou para corromper agentes públicos.
Depois, a CPI suspendeu os trabalhos sem marcar a data de uma nova reunião administrativa. Oficialmente, a comissão tem até o próximo domingo (4) para encerrar a investigação, com a entrega do relatório final contendo as conclusões.
No final da manhã, a base governista protocolou na Mesa do Congresso Nacional requerimento, que pede prorrogação de 48 dias no prazo final da CPI do Cachoeira apenas para a discussão do relatório final, que será apresentado pelo deputado Odair Cunha (PT-MG).
Ao todo, o requerimento tem a assinatura de 212 deputados e 34 senadores. Para ser protocolado, foram necessárias as assinaturas de 171 deputados e 27 senadores. O prazo de 48 dias é defendido pelo próprio relator.
"Já conseguiram as assinaturas e está para conferência na Mesa do Congresso. Mas o impasse parmanece. Se o requerimento de 180 tiver as assinaturas, regimentalmente, ele prevalece [...] O prazo de 48 dias será para o relatório", disse o relator.
Um outro requerimento, defendido pela oposição, que pede prorrogação de 180 dias nos trabalhos, ainda busca assinaturas. Mas a oposição já admite que não conseguirá o total de assinaturas.
"A minha dúvida era zero de que o governo iria fazer isso. Não temos como chegar nas 171 assinaturas. Esses 48 dias é o tempo da farsa. Nada mais vai ser investigado", disse o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS).
Para que o requerimento já protocolado seja válido, as assinaturas precisam ser conferidas e o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP) precisa ler o requerimento em plenário. "Eu creio que ele [Sarney] vai ler ainda hoje", disse Odair Cunha.
Odair Cunha disse que, caso o prazo de 48 dias seja confirmado, deve ler e entregar o relatório na sessão do dia 20 de novembro. Ele não deixou claro, no entanto, se neste prazo adicional novas quebras de sigilo ou convocações poderiam ser aprovadas. "Foi uma forma que encontramos [requerimento] de adiar [a CPI] enquanto o prazo estiver incerto", disse Odair.
Já para o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) o que ocorre é uma enrolação.
"O que ocorre é uma enrolação. Vocês estão assistindo a maior vergonha do Congresso Nacional. É, descaradamente, uma forma de encobrir um esquema de corrupção", disse o senador Randolfe Rodrigues.
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