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Política Terça-feira, 22 de Novembro de 2016, 19:00 - A | A

Terça-feira, 22 de Novembro de 2016, 19h:00 - A | A

Irregularidades

CPI da renúncia fiscal deve ser votado ainda este ano

Redação VG Notícias com AL/MT

Com mais de 100 reuniões realizadas e 450 volumes em relatório, até o momento, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Renúncia e Sonegação Fiscal entra em sua reta final e a expectativa é apresentar o relatório final até 15 de dezembro. Nesta terça-feira (22.11), mais uma rodada de interrogatórios foi realizada, com a presença de produtores rurais e diretores da Cooperativa Agroindustrial de Mato Grosso (Cooamat), Roberto Machado Bortocello e Donato Cechinel.

Os produtores rurais foram convocados para prestar depoimento sobre as operações realizadas via cooperativa. Segundo Roberto Bortocello, que produz 14 mil toneladas de soja, três mil toneladas de algodão e seis mil toneladas de milho por ano, a aquisição de insumos para sua produção é feita quase que totalmente por meio da cooperativa e que 90% do algodão exportado são embarcados pela cooperativa.

Mas, além de produtor e diretor da Cooamat, Roberto Bortocello também é diretor comercial do Grupo Bom Futuro, uma das principais empresas do agronegócio no país e responsável por grande parte das operações da Cooamat. A presença de Bortocello na oitiva da CPI foi requerida para que ele detalhasse como o Grupo Bom Futuro atuava na cooperativa.

O presidente da CPI, deputado José Carlos do Pátio (SD), explicou que, de acordo com os documentos apresentados à CPI, 83% da movimentação financeira da Cooamat eram decorrentes de apenas três associados, todos sócios do Grupo Bom Futuro. Segundo o deputado, este modelo de atuação descaracteriza a função da cooperativa, que deve ter cunho social ao agregar valor à produção e viabilizar a participação de todos no mercado.

De acordo com o depoente, Roberto Botocello, o fato de o Grupo Bom Futuro representar a maior parte das operações da Cooamat não representa nenhuma uma irregularidade. “O Bom Futuro é uma das principais empresas do setor e por isso o volume movimentado por ele é maior. O que beneficia os produtores de menor porte que com comprar e vender em associação com ele e assim conseguir melhores condições de mercado”.

O deputado Gilmar Fabris, sub-relator da CPI, questionou qual seria a vantagem do Grupo Bom Futuro em se cooperar, e Bortocello explicou que não há vantagens para um grande grupo, mas que quando a cooperativa foi fundada, o Grupo tinha menor porte e vender em condomínio garantia melhores condições de mercado.

A Cooamat possui 36 associados e, segundo as investigações, somente 22 utilizam a empresa para comprar ou vender insumos e commodities agrícolas. A CPI apura se empresas e produtores associados não utilizam a cooperativa para obter vantagens indevidamente. Essa suposição foi veementemente refutada pelo produtor, que declarou que a cooperativa não é beneficiada por nenhum incentivo fiscal, a não ser pela Lei Kandhir, que atinge qualquer produtor exportador.

O produtor Donato Ceccinel teve a oitiva suspensa e poderá ser convocado para prestar esclarecimentos em nova data.

Próximos passos - Está marcada para esta quarta-feira (23.11), às 13h, mais uma rodada de oitivas, desta vez com o empresário e produtor rural Eraí Maggi, sócio-proprietário do Grupo Bom Futuro. Sua convocação foi questionada, durante a reunião desta terça-feira, pelo deputado Gilmar Fabris, que a considerou desnecessária.

Ao propor que a convocação de Eraí Maggi fosse votada entre os componentes da CPI, o presidente José Carlos do Pátio discordou e a sessão precisou ser suspensa para que todos os deputados que compõem a CPI, Dr. Leonardo (PSD), Emanuel Pinheiro (PMDB), Max Russi (PSB), José Carlos do Pátio (SD) e Gilmar Fabris (PSD) decidissem entre si.

Após a reunião fechada, Pátio anunciou o encerramento da reunião e disse que a oitiva desta quarta-feira ficou mantida. “Conseguimos construir uma unanimidade e encerramos a reunião de hoje e que os próximos passos da CPI continuam. Todos os parlamentares não vão abrir mão de uma vírgula do que foi investigado até o momento”, afirmou Pátio.

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