O presidente Jair Bolsonaro (PL) celebrou nesta terça-feira (08.03), o Dia Internacional da Mulher cometendo uma gafe. Bolsonaro afirmou que hoje em dia as mulheres estão “praticamente integradas à sociedade”. “Assim como a mulher foi feita do homem, assim também o homem nasce da mulher e tudo vem de Deus”, disse ainda o chefe do Executivo durante a solenidade no Palácio do Planalto.
As declarações se somam a uma série de falas de Bolsonaro consideradas machistas. Ele já afirmara, por exemplo, que sua filha Laura foi uma "fraquejada" após ser pai de quatro filhos homens. No final do ano passado, foi filmado dançando uma paródia de funk que comparava mulheres de esquerda a cadelas e oferecia a feministas "ração na tigela".
Bolsonaro ainda repetiu uma fala da ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, e afirmou que a participação das mulheres no Governo é maior que em gestões anteriores. Ao considerar o segundo e o terceiro escalão, o número esconde que apenas três dos 23 Ministérios são chefiados por mulheres. Além de Damares, são ministras Flávia Arruda (Secretaria de governo) e Tereza Cristina (Agricultura). Em meio à guerra na Ucrânia, o presidente também afirmou no evento que, se dependesse das mulheres, não haveria guerra no mundo.
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Durante a solenidade, o mestre de cerimônias do Palácio do Planalto anunciou no sistema de som da cerimônia alusiva ao Dia Internacional da Mulher que o presidente Jair Bolsonaro assinará decreto que prevê a oferta gratuita de absorventes. O texto, no entanto, ainda não foi enviado à imprensa pela Secretaria Geral da Presidência.
Em outubro de 2021, Bolsonaro vetou a distribuição gratuita de absorventes e alegou que a medida contrariava o interesse público. Conforme anunciado no Planalto, haverá oferta gratuita de produtos de higiene e outros produtos relativos à saúde menstrual.
Pela reeleição e orientado pela ala política do Governo, Bolsonaro tem buscado se aproximar do público feminino, apesar de sua trajetória política ser marcada por frases de cunho machista. No início da manhã, participou de outro ato no Palácio da Alvorada com café da manhã e hasteamento da bandeira. Estava acompanhado pela primeira-dama Michelle e pela ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, que protagonizou o hasteamento.
Com duração de cerca de meia hora, a solenidade de hasteamento da bandeira foi marcada por fotos do presidente ao lado de mulheres. O Governo, no entanto, não informou quem eram elas. A banda marcial do Exército, depois do hino nacional, executou as músicas “Maria, Maria”, de Milton Nascimento, Smells Like Teen Spirit, da banda de rock Nirvana, e In the End, de Linkin Park.
Após o hasteamento, Bolsonaro e Michelle convidaram as mulheres presentes, incluindo jornalistas, para um café no Alvorada. Os homens foram barrados. O presidente não conversou com os apoiadores presentes no chamado “cercadinho”.
Machismo
O histórico de Bolsonaro é marcado por frases machistas que vão além da “fraquejada” e o caso da paródia de funk. Em 2020, ele insultou a repórter da Folha de São Paulo Patrícia Campos Mello em conversa com apoiadores. "Ela [repórter] queria um furo. Ela queria dar o furo [risos dele e dos demais]”. Neste ano, disse ter dado um bom dia “mais do que especial” à primeira-dama Michelle em plena cerimônia oficial no Planalto.
Enquanto era deputado federal, Bolsonaro declarou que mulheres deveriam ganhar menos do que os homens no trabalho porque engravidam. "Eu não empregaria [homens e mulheres] com o mesmo salário. Mas tem muita mulher que é competente", afirmou em 2016, em entrevista.
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