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Política Quarta-feira, 18 de Junho de 2014, 08:30 - A | A

Quarta-feira, 18 de Junho de 2014, 08h:30 - A | A

Lavagem de Dinheiro Público

Blairo e Silval seriam os “mentores” do esquema de lavagem de dinheiro público; Eder Moraes o "operador"

“A função de banco clandestino viabilizava, de forma segura, as operações no interesse do grupo, sem chamar a atenção dos órgãos de controle” trecho extraído dos autos.

por Rojane Marta/VG Notícias

As investigações da Operação Ararath, deflagrada pela Polícia Federal (PF) em conjunto com o Ministério Público Federal (MPF), apontam que o governador Silval Barbosa (PMDB) e o ex-governador, atual senador Blairo Maggi (PR), seriam os principais “mentores” do suposto esquema de lavagem de dinheiro. Já o ex-secretário de Estado, Eder Moraes, que se encontra preso no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, seria o “executor” do esquema, ou seja, cumpria ordens dadas por Blairo e Silval.

“Evidenciou-se que Eder Moraes Dias era o verdadeiro operador do sistema financeiro ilegal, agindo como articulador e arquiteto das transações identificadas, em muitas delas agiu, no entanto, a mando e no interesse de Blairo Maggi (então governador do Estado e atualmente senador da República) e Silval Barbosa (na condição de vice-governador e atualmente governador do Estado)”, diz trecho extraído dos autos da investigação da Operação Ararath.

Conforme as investigações, o “trio” adquiria empréstimos ilegais com Júnior Mendonça, por meio de suas empresas que funcionavam como um “banco clandestino”, para serem empregados em fins diversos, incluindo o financiamento de campanhas eleitorais, sem chamar a atenção dos órgãos controladores e fiscalizadores.

“A função de banco clandestino viabilizava, de forma segura, as operações no interesse do grupo, sem chamar a atenção dos órgãos de controle” trecho extraído dos autos.

Já para quitar a dívida, eles utilizavam empresas, normalmente construtoras. De acordo com o Ministério Público Federal, há indícios de que “foi utilizado um engenhoso esquema para ocultar a origem e natureza dos recursos utilizados para pagamento dos empréstimos contraídos por Silval, Blairo e Eder, com a utilização, mais de uma vez, de pessoas jurídicas interpostas para a realização de transferencias bancárias, havendo indícios de que os recursos empregados nesse esquema sejam resultado de desvio de recursos públicos do Estado de Mato Grosso”.

Silval e a corrupção passiva- As investigações apontam ainda, que além de crime contra o Sistema Financeiro, Silval Barbosa é acusado de cometer o crime de corrupção passiva.

Conforme a procuradora da República, Vanessa Cristhina Marconi Zago Ribeiro Scarmagnani, o esquema começou em 2008, por meio de Silval Barbosa. Foi o governador que apresentou Eder Moraes ao Júnior Mendonça.

Desde o primeiro contato de Silval e Eder com Mendonça, em 2008, ficou estabelecido um organizado esquema para recebimento dos empréstimos, cujos valores eram fracionados em diversos cheques emitidos a fim de dificultar seu rastreamento.

Na época, Silval contraiu empréstimos na ordem de R$ 4 milhões, para ser usado como fundo do PMDB. “Além de crime contra o Sistema Financeiro Nacional, revela-se, por parte de Silval Barbosa, a prática do crime de corrupção passiva, consubstanciada na solicitação – e  posterior recebimento – de emprestimos de R$ 4 milhões, quantia que não seria obtida mediante operação regualr em instituição bancária (vantagem indevida), para fins eleitorais e partidários (satisfação das necessidades do PMDB), circunstância diretamente ligada a sua atividade política e cargo ocupado, a conduta foi praticada portanto, em razão da função” trecho extraído dos autos.

Ararath- A Operação Ararath, foi deflagrada pela Polícia Federal (PF) em novembro de 2013, e apura crimes contra o sistema financeiro nacional e lavagem de dinheiro. Por meio de operações de empréstimo fraudulentas, as empresas lavavam dinheiro e fraudavam o sistema financeiro, movimentando mais de R$ 500 milhões em seis anos.

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