Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Roberto Barroso e Gilmar Mendes, protagonizaram, na sessão desta quarta-feira (21.03), um "barraco" no Plenário, com troca de acusações e "bate boca" que levou a presidente da Corte, ministra Carmém Lúcia suspender a sessão.
A confusão começou quando Barroso reagiu a uma fala de Gilmar Mendes, que criticava decisões do Supremo, principalmente, a que proibiu as empresas de doarem para campanhas eleitorais – a Corte discutia na sessão a proibição de doações ocultas.
Gilmar Mendes fez referência a decisão de 2016, na qual a Primeira Turma revogou a prisão preventiva de cinco médicos e funcionários de uma clínica de aborto. O voto que conduziu a decisão foi de Barroso.
“Claro que continua a haver graves problemas. [...]. É preciso que a gente denuncie isso! Que a gente anteveja esse tipo de manobra! Porque não se pode fazer isso com o Supremo Tribunal Federal. ‘Ah, agora, eu vou dar uma de esperto e vou conseguir a decisão do aborto, de preferência na turma com três ministros, e aí a gente faz um dois a um’”, disse.
Neste momento o ministro Luiz Roberto Barroso reagiu e disse “me deixa de fora de se mal sentimento, você é uma pessoa horrível, é uma mistura do mal com o atraso com pitadas de psicopatia, isso não tem nada a ver com que está sendo julgado, é um absurdo, vossa excelência aqui, fazer um comício, cheio de ofensas, grosserias, vossa excelência não consegue articular um argumento, já ofendeu a presidente, já ofendeu o ministro Fux, agora chegou a mim. A vida pra vossa excelência é ofender as pessoas, não tem uma ideia, só ofende as pessoas, qual sua ideia, qual é sua proposta, nenhuma uma, nenhuma uma, vossa excelência não se envergonha, vossa excelência é uma desonra para o Tribunal e para todos nós. Um temperamento agressivo, grosseiro, rude, é péssimo isso. Vossa excelência sozinho desmoraliza o Tribunal, é muito penoso para nós ter que conviver com vossa excelência aqui. Não tem ideia, não tem patriotismo, está sempre atrás de algum interesse que não é da Justiça. Uma coisa horrorosa”.
A ministra suspendeu a sessão e Gilmar Mendes disse que continuava com a palavra e finalizou dizendo para Barroso deixar seu escritório. “Presidente, eu vou recomendar ao ministro Barroso que feche seu escritório, fecha seu escritório de advocacia”.
A sessão foi suspensa por Cármen Lúcia e os demais ministros deixaram o Plenário.
Em outubro do ano passado, eles se enfrentaram depois que Gilmar Mendes fez críticas à forma como o Rio de Janeiro – Estado de origem de Barroso e em grave crise fiscal – vinha utilizando dinheiro de terceiros depositados na Justiça para pagar dívidas que tinha com pessoas e empresas.
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