O deputado estadual Valdir Barranco (PT), em entrevista ao nessa segunda-feira (12.06), disse que o projeto de lei que proíbe a pesca comercial por cinco anos no Estado é conveniente para o governador Mauro Mendes (União), visto que há interesse estadual nas construções de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) no Rio Cuiabá.
Conforme o petista, um dos motivos para que as PCHs não sejam implantadas são, além das questões ambientais, a subsistência de famílias que sobrevivem através da pesca. Barranco classificou a atitude do Governo como uma “rasteira” na população, pois, segundo ele o projeto de lei que proíbe a pesca já havia sido negado em 2019, e Mauro Mendes voltou com o assunto novamente após o pedido de instalação das centrais hidrelétricas.
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“Acredito que essa discussão tenha a ver com as PCHs. Até porque, um dos percalços, dos obstáculos para que as PCHs possam ser implantadas, fora as questões ambientais, é a da subsistência das famílias que necessitam da pesca para sobreviver. O Governo aplicou uma rasteira trazendo esse projeto novamente, porque em 2019, ele havia sido vencido e não deveria voltar. De repente, na calada da noite, sem que ninguém esperasse por isso, o projeto vem logo após dos pedidos das instalações dessas PCHs”, disse.
O parlamentar declarou que o governador Mauro Mendes nunca se importou com os problemas ambientais em Mato Grosso, e observou a falta de comprometimento, citando como exemplo: centenas de peixes morreram no Rio Teles Pires, no município de Sinop (a 479 km de Cuiabá), por duas vezes, devido à barragem da Usina Hidrelétrica de Sinop (UHE).
“As duas coisas são ruins para Mato Grosso. Mas, além disso, o problema da pesca é porque não há nenhum comprometimento do Governo do Estado com a questão ambiental, com a existência das espécies, não há. O Governo não tem nenhum compromisso ambiental, basta vermos o que aconteceu com o represamento do rio que formou a usina de Sinop. Duas vezes, nós tivemos mortandades de milhares de toneladas de peixes, e o Governo não fez nada”, observou.
Barranco também disse que além deste problema específico, há outras questões importantes para serem observadas, como a falta de fiscalização nos períodos de piracema e de pesca predatória.
Ele apontou que há interesse do Governo do Estado por trás do projeto de lei. "O Governo do Estado também não faz acordo de cooperação para permitir que as Prefeituras possam fazer a fiscalização para a piracema. E quem vai pagar o pato são os pescadores profissionais que respeitam a piracema e que não fazem a pesca predatória. Está muito mal explicado, acho que tem caroço nesse angu, algum interesse a mais do Governo ou de outras pessoas, e não tem a coragem de falar ao povo o porquê eles querem impedir os pescadores de continuar sobrevivendo dessa profissão milenar”, apontou Barranco.
O parlamentar ainda relembrou que cerca de 10 mil pescadores ficarão sem emprego, e por consequência, sem conseguir alimentar as famílias. Barranco destacou que, com o deputado Wilson Santos (PSD), irá tentar contato com o Governo Federal para apoiar o projeto de lei.
“Nós vamos ter aí 10 mil pais de famílias desempregadas no Estado de Mato Grosso, isso vai ser chocante, abrupto. Conversei com o deputado Wilson Santos, e vamos fazer um esforço para que o Governo Federal também possa tentar sensibilizar para que isso não aconteça”, finalizou.
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