Em entrevista após a audiência pública na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (AL/MT), para discutir o Projeto de Lei nº 3.786/2021, de autoria do senador Jayme Campos (União), que visa a tipificação do crime de narcocídio, o deputado estadual Max Russi (PSB) afirmou que “muitas vezes, a nossa legislação mostra ao criminoso que o crime compensa”. Ele ressaltou a importância de combater essa percepção, principalmente quando se trata de assassinatos relacionados ao tráfico de drogas.
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Conforme o parlamentar, o projeto tem condições de avançar dentro do Estado, pois há uma necessidade imediata de intervir nas ações das facções criminosas. Ele destacou que é preciso “endurecer” a legislação com políticas públicas diferentes, para que não haver brechas para criminosos continuarem a cometer crimes.
“É uma proposta que vemos que tem condições de avançar, nós precisamos fazer algo, porque ficamos toda semana debatendo problemas, mortes, briga de facções, vidas sendo tiradas e algo precisa ser feito a respeito disso. A nossa legislação é branda, e muitas vezes mostra ao criminoso que o crime compensa, por isso precisamos endurecer essa legislação”, disse.
Russi citou a Colômbia como exemplo, visto que o país já foi dominado por facções criminosas e narcotráfico mais poderosas do mundo. A situação passou tanto do controle que as facções chegaram a influenciar enormemente a cultura colombiana. O deputado ressaltou a força das facções dentro do Estado, principalmente, devido ao grande recurso financeiro que elas têm, com isso, os criminosos conseguem um poder paralelo que acaba saindo do controle do Estado.
O parlamentar destacou que é preciso agir imediatamente para que pessoas inocentes deixem de morrer por esse “poder paralelo”. Conforme ele, a população não se importa no começo por ser mais um “noiado” ou viciado em drogas, porém, à medida que a facção ganha força, pessoas que não estão envolvidas com os criminosos também morrem no meio da “guerra” por poder.
“Temos a Colômbia como exemplo. Sabemos como era nos últimos 30 anos, e o tanto que as mortes diminuíram, os homicídios. As facções criminosas estão se fortalecendo e elas têm muitos recursos. Envolve muito dinheiro, porque ela começa a cuidar do bairro, começa a cuidar dos problemas da comunidade, isso se torna mais forte que o Estado, se torna um paralelo. O poder paralelo é muito complicado, porque nós perdemos um pouco a noção da proporção. Muitas vezes, só matam um “noiado”, mas amanhã matam a seu filho, depois matam o filho de um trabalhador, o filho de alguém no lugar errado, na hora errada e acaba sendo atingido por uma bala perdida. Não podemos deixar chegar nesse ponto, precisamos combater e enfrentar esse problema”, ressaltou.
Para o deputado, a solução é investir em legislações que enfrentem as facções, sem deixar espaço para os criminosos agirem, assim como o projeto de lei do senador. Max explicou que há diversos conjuntos que precisam ser avaliados para inibir as ações dos criminosos. Ele ainda relatou ser muito preocupante o rumo que o Estado está indo em relação aos crimes, e por isso é preciso agir imediatamente.
“É preocupante, e se não tomarmos providência, realmente teremos mais dificuldades de andar na rua, de conviver em sociedade, de criar os nossos filhos. Nós precisamos fazer um enfrentamento sério com legislações e com outras políticas públicas sociais. São várias ações, vários conjuntos. O Brasil tem que contribuir com uma legislação federal, de forma que irá inibir o poder do traficante. Muitos inocentes são mortos nessa guerra de espaço das facções, muitas pessoas que não tem nada a ver com o processo perdem as suas vidas, familiares e crianças. Temos que combater isso”, explicou o deputado.
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