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Polícia Sexta-feira, 31 de Maio de 2024, 15:32 - A | A

Sexta-feira, 31 de Maio de 2024, 15h:32 - A | A

DISPUTA DE TERRA

“Ordens do governador”, falou major da PM que prendeu e agrediu defensora pública

Gabriela Beck foi puxada pelos cabelos e proibida de filmar ação da PM em área da União

Lázaro Thor/VGN

A ação policial que resultou na detenção da defensora pública Gabriela Beck, no município de Novo Mundo, foi realizada por ordens do governador Mauro Mendes (União) e de um "secretário" do atual governo, segundo depoimento registrado na ação envolvendo o conflito de terras na região. Por meio de nota, a Secretaria de Comunicação afirmou que a defensora pública "incitou" violência contra os policiais. Veja a nota no final da matéria

A informação consta no depoimento da coordenadora da Comissão Pastoral da Terra (CPT), identificada com as iniciais K.F.P., que disse à Polícia Civil em Guarantã do Norte que o policial militar que ordenou a prisão dos trabalhadores rurais e agrediu a defensora pública admitiu a ausência de decisão judicial para a retirada dos acampados, mas alegou que estaria cumprindo "ordens do governador". 

K.F.P contou que atende às famílias do Acampamento União Recanto Cinco Estrelas e que, na segunda-feira (27), sete viaturas chegaram no local. Segundo ela, um militar identificado como Major Neto disse que o grupo deveria sair da área "de uma forma ou de outra". 

"A declarante perguntou se tinha alguma decisão judicial, o Major respondeu que não, mas estava cumprindo ordens do Governador, e que o secretário ligou direto para ele, mas não disse qual secretário", diz trecho do depoimento da coordenadora registrado pela Polícia Civil.

PM puxou defensora pelos cabelos e proibiu gravação

A defensora Gabriela Beck foi acionada por K.F.P. para comparecer ao local. Ela teria filmado parte da ação e da confusão envolvendo policiais quando recebeu ordem de um dos policiais para que parasse. 

Um dos militares deu voz de prisão à defensora depois dela se negar a encerrar a gravação. "Major Neto" entrou novamente na discussão e pediu o celular da defensora, ao que ela negou entregar o aparelho. Momento em que o militar a puxou pelos cabelos e arrancou a sua bolsa. Depois da agressão, a defensora foi levada ao Núcleo da PM de Novo Mundo e, em seguida à Delegacia de Guarantã do Norte, onde prestou depoimento. 

O episódio de violência foi relatado por membros da defensoria em coletiva de imprensa realizada na terça-feira (28). Segundo declarou a defensora pública-geral de Mato Grosso, Luziane de Castro, a ação policial configuou "grave violação das prerrogativas profissionais da Gabriela Beck". 

"Mesmo tendo se identificado como defensora e estando usando camiseta da Defensoria Pública, ela foi detida, evidenciando todo o desrespeito dos policiais. Vamos exigir uma investigação independente do caso e punições imediatas", afirmou em coletiva de imprensa realizada na terça-feira (28). 

Governador defendeu ação da PM

Nesta quarta-feira (29), o governador Mauro Mendes defendeu a ação considerada "truculenta" da Polícia Militar na área, que é da União e aguarda regularização para se transformar em assentamento da Reforma Agrária. Mendes alegou que "invasão" não será tolerada. 

"Uma pessoa tinha posse mansa e pacífica e alguém chegou para invadir. Não adianta a defensora ir lá falar, não adianta o padre, não adianta o bispo, não adianta o político, o deputado. Existe uma lei e a lei será cumprida e quem tem posse vai ter a proteção da polícia do nosso estado", declarou. 

A Defensoria Pública de Mato Grosso realizou coletiva de imprensa para cobrar explicações ao governo do Estado. Em seguida, a assessoria de imprensa do órgão publicou notícia com a informação de que a defensoria representaria contra os policiais militares envolvidos na ação junto a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp). 

Outro lado

Por meio de nota, a Secretaria de Comunicação do Governo informou que o caso em questão se trata de invasão em propriedade rural e que a defensora pública, vítima da agressão, incitou violência contra os policiais. A assessoria de imprensa do governador também foi procurada, mas não enviou resposta. 

A Polícia Militar de Mato Grosso esclarece que atendeu a uma ocorrência de invasão a uma propriedade rural, em Novo Mundo, no dia 27 de maio. A denúncia foi feita pelo responsável pela propriedade, que relatou, no boletim de ocorrência, que disparos com arma de fogo foram feitos no momento da invasão.

Cerca de 100 invasores estavam na área quando as equipes das forças de segurança chegaram ao local. Um grupo, no qual estava a defensora pública, incitou violência e desacato contra os policiais e foi conduzido para a Delegacia de Guarantã do Norte, sem o uso de algemas, para registro da ocorrência.

A PMMT informa ainda que a ação foi realizada de maneira legal e que supostos abusos, se forem denunciados, serão apurados pela Corregedoria-Geral da instituição.

O Governo de Mato Grosso reforça que atua com tolerância zero a qualquer tipo de crime praticado no Estado, incluindo invasão de terras.

Leia mais: Defensoria vai processar policiais que prenderam defensora pública no interior de MT

 
 
 
 
 
 
 

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