Os delegados Luciani Pereira e Pablo Carneiro, em entrevista coletiva nesta terça-feira (07.03), na Delegacia de Estelionatos, em Cuiabá, falaram sobre a Operação Gênesis que cumpriu 36 mandados de prisão e busca e apreensão para suspeitos ligados a uma organização criminosa de golpes virtuais na Capital.
Conforme a delegada Luciani Pereira, a organização criminosa está centrada em Cuiabá, porém, existem integrantes que moram em Portugal e efetuam os golpes em brasileiros.
“As investigações deste grupo criminoso começaram no ano passado, e estamos na segunda fase da Operação. É uma organização criminosa concentrada em Cuiabá, mas vem aplicando golpes no Brasil todo, inclusive, temos dois membros dessa operação criminosa que está em Portugal aplicando golpes”, explicou a delegada.
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Segundo ela, os membros da organização moravam em Cuiabá, e se mudaram a pouco tempo para Portugal. A delegada revelou que existe mandado de prisão para essas pessoas.
“Esse pessoal foi para Portugal mais ou menos em outubro de 2022, e identificamos que de lá eles continuam no mesmo modus operandi, o mesmo relacionamento entre esses suspeitos que aqui estão presos, aplicando golpe diretamente de Portugal em vítimas brasileiras. Temos duas ordens encaminhadas para Portugal, e um pedido de cooperação jurídica internacional, e os suspeitos já estão sendo incluídos na difusão vermelha, e daqui a alguns dias também serão presos”, contou.
O delegado Pablo Carneiro explicou que na primeira fase da Operação, em julho de 2022, foram apreendidos materiais que forneceram provas para definir o grupo como uma organização criminosa.
Pablo Carneiro afirmou que o grupo utiliza a lavagem de capitais para enganar a origem do valor, e que durante as investigações foi possível identificar que os golpes ultrapassam R$ 1 milhão.
“Durante as investigações, nós conseguimos identificar, pelo menos, 20 vítimas desse grupo, em que somados os prejuízos, ultrapassam a casa de R$ 1 milhão. Conseguimos definir esse valor conforme as vítimas, mas temos noção que o valor adquirido pelo grupo é muito maior que R$ 1 milhão. Por isso, solicitamos um bloqueio na conta de todos esses suspeitos”, disse.
O delegado disse que identificaram vítimas de 13 Estados, e que por isso, eles solicitaram o compartilhamento das provas e das investigações. “As vítimas são de 13 Estados diferentes, e por essas pessoas viverem em outros estados, até por força de uma alteração legislativa, a competência para investigação no delito de estelionato eletrônico é do domicílio da vítima, também solicitamos o compartilhamento de provas com todas as unidades de cada federação onde existe uma vítima. Daqui, nós remeteremos cópia desse procedimento, e esses indivíduos devem responder também por outros inquéritos específicos em cada estado”, contou.
Ele também relatou que a maioria dos presos são mulheres, porque passa credibilidade durante o golpe. Ele também disse que diversas dessas pessoas mantêm uma ocupação lícita, mas trabalham em conjunto com a organização, fornecendo contas ou aliciando pessoas para fornecerem as contas.
“A maioria dos presos são mulheres, porque, conforme nossas investigações, eles preferem solicitar a conta de mulheres para poder passar uma credibilidade maior na hora de fornecer essas contas para as vítimas”, afirmou.
Conforme as investigações, o grupo golpista aplica golpes simples e fáceis de ser identificados, como o golpe de perfil falso, onde eles tentam enganar se passando por um conhecido ou familiar da vítima, ou pelo falso intermediário, onde eles utilizam a falsa comercialização de bens, como veículos e imóveis.
“Esse grupo pratica golpes mais simples, sendo o golpe do perfil falso, e o golpe do falso intermediário de vendas. Eles disparam várias ligações por dia e ficam na tentativa. No quesito de falso intermediário, onde eles usam falsa comercialização de bens, é utilizado muito a falsa venda de veículos e também de imóveis”, explicou o delegado Pablo Carneiro.
As investigações seguem em andamento para cumprir os 53 mandados deferidos pela Justiça, e para identificar os "escritórios" da quadrilha, espalhados por Cuiabá - local onde os criminosos ficam para realizar os golpes.
“Ainda não conseguimos localizar todos os suspeitos, mas as buscas ainda vão continuar até que todos sejam cumpridos todos os mandados. Temos informações de escritórios espalhados pela cidade inteira, estamos investigando e é nesses locais que acontecerá as próximas operações”, disse a delegada Luciani Pereira.
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