As investigações da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), da Polícia Civil, no âmbito da Operação Apito Final, apontaram que a organização criminosa formada por Paulo Witer Farias Paelo, o WT, usou miniestádio público para promover assistencialismo e difundir facção.
Segundo notificação recomendatória feita pela 11ª Promotoria de Defesa do Patrimônio Público e da Probidade Administrativa da Capital e Coordenadoria do Núcleo de Ações de Competências Originárias Criminal (Naco), o poder público de Cuiabá deverá revogar a cessão do miniestádio do Jardim Florianópolis, em Cuiabá, que foi reformado e estava em uso da organização criminosa acusada de lavar dinheiro do tráfico de drogas na Capital.
Conforme informações da Polícia Civil, no documento, os promotores Mauro Zaque de Jesus e Carlos Roberto Zarour requerem à Prefeitura de Cuiabá e Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e Lazer, que o município, além de revogar a cessão que autorizou a utilização do espaço público, também faça a remoção de todos os sinais, símbolos e marcadores do espaço onde constam o nome do time de futebol, que conforme as investigações da GCCO, é usado como fachada para as atividades da organização criminosa.
A 11ª Promotoria de Defesa do Patrimônio Público estabelece, que o poder público, imediatamente retome a posse do imóvel para que o Município e não permita mais o acesso de nenhuma dessas pessoas envolvidas nas investigações que apuram fatos gravíssimos. “E que em cinco dias sejam retirados todos os sinais, símbolos e marcadores do espaço público que está com o time de futebol”, cita trecho da recomendação.
De acordo com a Polícia Civil, o uso do espaço público no Jardim Florianópolis foi identificado como forma de promover e difundir o nome de Paulo Witer Farias Paelo, líder do grupo criminoso e tesoureiro da facção, além de responsável por gerenciar o tráfico de drogas na região. A Polícia Civil aponta, ainda, que as condutas criminosas praticadas estão a promoção de atos assistencialistas para inserir a organização criminosa no meio da sociedade.
Outro lado - Em nota sobre à notificação nº 001/2024 do Ministério Público do Estado de Mato Grosso, proferida em 5 de abril de 2024, expedindo recomendações sobre o mini-estádio do bairro Jardim Florianópolis, em Cuiabá, a Secretaria Municipal de Governo esclarece, que inicialmente, cabe informar que o espaço está cedido para a Associação de Moradores do bairro Jardim Florianópolis e reiteramos que não existe nenhuma parceria ou qualquer tipo de associação para obras do mini-estádio. "Seguiremos todas as recomendações expedidas pelo Ministério Público do Estado de Mato Grosso, através da notificação nº 001/2024. Afirmamos ainda que manteremos o diálogo com os entes, com o intuito de manter a transparência e comprometimento com a integridade em todas as ações."
INVESTIGAÇÃO
Segundo informações da Polícia Civil, a Arena Floripa foi pichada com frases e nomes do time de Paulo Witer, em cores que fazem alusão à facção criminosa. O local era utilizado para treinamentos e disputas de jogos amadores, inclusive o tradicional Peladão da capital. O time foi constituído e é mantido com a finalidade clara e exclusiva de lavar o dinheiro proveniente do tráfico de drogas.
CENTRO ESPORTIVO NO JARDIM UMUARAMA
Ainda conforme a Polícia Civil, as investigações apuraram que a organização criminosa começou a construir um centro esportivo no Jardim Umuarama, que ocuparia 10 lotes residenciais com a construção de dois campos de futebol, academia, lojas e lanchonetes. O empreendimento do líder criminoso tinha Andrew Nickolas Marques dos Santos como “testa de ferro”.
A Polícia identificou que Andrew, também preso na operação, seria peça fundamental para a organização criminosa chefiada por Paulo Witer, sendo um dos responsáveis pela compra e venda de imóveis e veículos para mascarar a movimentação do dinheiro do WT. Conforme os delegados, a construção da Arena Vip também foi financiada com o dinheiro do tráfico.
OPERAÇÃO APITO FINAL
A operação foi deflagrada no dia 02 de abril, para descapitalizar a organização criminosa e cumprir 54 ordens judiciais que resultaram na prisão de 20 alvos, entre eles o líder do grupo, identificado como tesoureiro da facção e responsável pelo tráfico de drogas na região do Jardim Florianópolis. As investigações apontam, que no período de dois anos, a organização movimentou R$ 65 milhões em bens móveis e imóveis adquiridos para lavar o dinheiro da facção. Além dos imóveis e veículos de luxo, as transações incluíram a criação de times de futebol amador e a construção de um espaço esportivo, estratégias utilizadas pelo grupo para a lavagem de capitais e dissimulação do capital ilícito.
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