A 13ª Promotoria de Justiça Criminal de Cuiabá - Crimes Militares, denunciou nesta quinta-feira (23.05) os envolvidos na morte do aluno soldado do Corpo de Bombeiros (CBM), Lucas Veloso Peres, ocorrida no dia 27 de fevereiro, durante um treinamento do curso de formação de soldados na Lagoa Trevisan, em Cuiabá.
Conforme o Ministério Público Estadual (MPE), o Capitão Daniel Alves de Moura e Silva e o Soldado Kayk Gomes dos Santos, prevalecendo-se da situação de serviço, não buscaram o resultado, mas assumiram o risco e causaram a morte do aluno mediante asfixia por afogamento. Eles vão responder pelo crime de homicídio duplamente qualificado.
De acordo com a denúncia, o promotor de Justiça Paulo Henrique Amaral Motta requereu a fixação de valor mínimo para reparação dos danos causados em favor dos familiares da vítima, sendo o valor de R$ 700 mil a ser arbitrado em desfavor do Capitão Daniel e R$ 350 mil do denunciado Kayk Gomes.
Ainda conforme consta da denúncia, Daniel Alves foi o responsável por comandar a atividade prática de instrução de salvamento aquático, tendo como monitores os soldados Kayk Gomes e Weslei Lopes da Silva. Inicialmente, o capitão determinou que os alunos se organizassem em grupos de quatro militares para realizar uma corrida de cerca de um quilômetro e, na sequência, atravessar o lago a nado.
Conforme a dinâmica do treinamento, a cada dois alunos, um deveria portar o flutuador do tipo Life Belt. Nessa divisão, o soldado Lucas Veloso ficou com a missão de levar o equipamento. Após percorrer aproximadamente 100 metros da travessia a nado, o aluno passou a ter dificuldades na flutuação e parou para se recompor, utilizando o Life Belt. Desconsiderando o estado de exaustão do soldado, o capitão determinou que ele soltasse o flutuador e continuasse o nado. A vítima tentou dar prosseguimento à atividade por diversas vezes, voltando a buscar o flutuador em razão das dificuldades.
Contudo, o capitão insistiu para o soldado soltar o equipamento de segurança, proferindo ameaças, até que determinou que o denunciado Kayk retirasse o flutuador de Lucas. O monitor retirou o Life Belt da vítima e lhe deu “vários e reiterados caldos”. Desesperado e com intenso sofrimento físico e mental, a vítima passou a clamar por socorro e pedir para sair da água.
O capitão, que estava em uma prancha, desceu do equipamento, ordenou que os alunos continuassem a travessia e disse que supervisionaria a vítima. Ele se posicionou à frente do aluno quando percebeu que ele submergiu. Ao retornar à superfície, Lucas estava inconsciente. A vítima foi colocada na embarcação e imediatamente constatada que “não havia pulsação, e, portanto, havia entrado em parada cardiorrespiratória”. O aluno morreu ainda no local. (Com informações MPE)
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