Um estudo publicado recentemente por pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) mostra como a temperatura dentro de uma habitação de interesse social em Cuiabá poderá aumentar até 4,81ºC até 2080 em razão das mudanças climáticas.
O estudo foi apresentado no Encontro Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído e mostra. Os resultados revelam um aumento notável nas temperaturas médias anuais, com elevações de +2,45°C em 2050 e +4,81°C em 2080 em relação ao período histórico.
Houve também, segundo o estudo, um significativo aumento nas horas de desconforto por calor.
Mudanças Climáticas: Um Desafio para o Conforto Térmico
O estudo, conduzido por pesquisadores das universidades de Mato Grosso e Santa Catarina, simulou diferentes cenários climáticos futuros com base no modelo de emissões SSP5-8.5, considerado um dos mais pessimistas. As simulações mostram que, com o aumento das temperaturas, as horas de desconforto por calor nas habitações poderão crescer drasticamente. No quarto 1, por exemplo, o desconforto por calor saltará de 1% para 53% até 2080. Esse aumento terá um impacto direto na qualidade de vida dos moradores, que enfrentarão mais períodos de calor extremo dentro de suas casas.
Além disso, o estudo aponta que o consumo energético para resfriamento das habitações aumentará em 32% até 2050 e 50% até 2080 na tipologia HISbase, a versão de base das habitações sociais.
Soluções de Isolamento Térmico
Como resposta a esse cenário alarmante, os pesquisadores propuseram o uso de isolantes térmicos como o poliestireno expandido (EPS) e a lã de rocha nas paredes das habitações. As simulações indicam que essas intervenções podem reduzir significativamente o consumo de energia, com uma economia de até 45% em 2080 em comparação com habitações sem isolamento. No entanto, mesmo com essas melhorias, as horas de desconforto térmico ainda deverão aumentar, reforçando a necessidade de adaptações adicionais para mitigar os efeitos das mudanças climáticas.
A Importância de Políticas Públicas
O estudo destaca a importância de políticas públicas voltadas à construção de habitações mais resilientes às mudanças climáticas, especialmente em regiões de clima quente como o cerrado brasileiro. Sem intervenções adequadas, as famílias de baixa renda que habitam essas moradias estarão mais vulneráveis aos efeitos do aumento das temperaturas e ao consequente aumento do consumo energético.
Com o aumento contínuo das emissões de gases de efeito estufa e o consequente aquecimento global, a construção de habitações adaptadas ao clima futuro não é mais uma opção, mas uma necessidade urgente.
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