Com a iminente vitória de Davi Alcolumbre para a Presidência do Senado, o novo arranjo de forças na Casa sinaliza um equilíbrio mais dinâmico entre governo e oposição. Os blocos partidários já começam a definir suas prioridades e estratégias para os próximos anos, com temas econômicos, sociais e estruturais ganhando destaque.
Em entrevista à GloboNews nesta sexta-feira (31.01), os senadores Laércio Oliveira (PP) e Humberto Costa (PT) expuseram suas expectativas e as pautas prioritárias para suas respectivas bancadas.
Com uma postura mais estruturada, a oposição busca fortalecer sua influência dentro das comissões temáticas do Senado. O PP e o Republicanos, por exemplo, planejam manter a linha política adotada no último ano, focando na reforma tributária, na continuidade do Plano de Desenvolvimento da Amazônia (PATEM) e na urgência de avanços na reforma administrativa. A questão energética também está no radar, com o objetivo de revisar tarifas e políticas públicas do setor.
“Nosso alinhamento busca coerência ideológica e pragmatismo. Queremos discutir todas as matérias dentro de uma perspectiva ampla, contemplando diferentes espectros políticos”, afirmou o senador Laércio Oliveira.
A oposição também pretende fortalecer o debate sobre o teto das micro e pequenas empresas. "Desde 2018, essas empresas não têm o teto atualizado, o que prejudica o crescimento e a geração de empregos", destacou o parlamentar.
PT prioriza justiça social e distribuição de renda
No campo governista, o PT reforça sua agenda voltada à justiça social e à distribuição de renda. Entre as propostas prioritárias está a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, com a compensação tributária incidindo sobre faixas salariais mais altas.
Outro ponto de atenção é a discussão sobre a jornada de trabalho, com a proposta de redução do regime atual.
“O debate sobre a carga horária de cinco dias por dois de descanso pode trazer melhorias significativas para os trabalhadores e é um tema que nossa bancada pretende impulsionar”, afirmou o senador Humberto Costa.
PL e a nova configuração de forças no Senado
Diferentemente da última eleição para a Presidência do Senado, o PL optou por integrar a chapa de Alcolumbre, reposicionando-se estrategicamente. Com isso, o partido amplia sua presença em comissões fundamentais, como Infraestrutura e Segurança Pública, o que pode dificultar a tramitação de projetos governistas.
A nova composição do Senado indica um equilíbrio de forças que deve intensificar o debate político. A oposição, agora mais fortalecida, promete um enfrentamento mais ativo, sem renunciar a pautas econômicas e sociais.
Desafios para a nova gestão
Com previsões indicando que Alcolumbre será eleito com cerca de 70 a 72 votos, o governo Lula precisará negociar amplamente para garantir a aprovação de projetos prioritários. O novo ciclo político no Senado promete ser marcado por embates intensos, mas também por uma diversidade de opiniões que pode enriquecer o debate sobre os rumos do país.
Leia também - Randolfe Rodrigues rebate Kassab e defende Haddad como ministro mais forte do governo Lula