O tenente-coronel Mauro Cid foi preso nesta sexta-feira (22.03), por ter descumprido medidas cautelares e obstrução de justiça. O mandado de prisão preventiva foi expedido pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
A prisão ocorreu após o término de uma audiência de confirmação dos termos da delação premiada fechada por Cid com a Polícia Federal (PF). A validade da delação ainda está sob análise. O depoimento durou cerca de 30 minutos.
A audiência ocorreu após a revista Veja divulgar nesta quinta-feira (21) áudios em que Cid aparece criticando a PF e Alexandre de Moraes. Nos áudios, Cid ataca a investigação, diz que é embalada por uma "narrativa" dos polícias, que teve declarações distorcidas e tiradas de contexto, e é enfático sobre a conclusão para Bolsonaro e aliados: "O Alexandre de Moraes já tem a sentença pronta".
Pressão da PF
Cid aponta uma suposta pressão por parte da PF em delatar algo que o ex-ajudante de ordens não presenciou. "Eles (os policiais) queriam que eu falasse coisa que eu não sei, que não aconteceu", conta Cid. "Eles já estão com a narrativa pronta, eles não querem saber a verdade, eles só queriam que eu confirmasse a narrativa dele, e todas vezes eles falam 'a sua colaboração está muito boa'".
Ele sugere que a PF só quer confirmar a narrativa que já está pronta. "Eu vou dizer, o que eu senti, eles já tão com a narrativa pronta deles, é só fechar. E eles querem o máximo possível de gente para confirmar a narrativa deles, é isso que eles querem".
Alexandre de Moraes
Um dos tópicos da conversa nos áudios vazados é o ministro Alexandre de Moraes, do STF. O responsável pelos inquéritos que investigam Bolsonaro é apontado por Cid como "a lei". "O Alexandre de Moraes é a lei, ele prende, ele solta, quando ele quiser, com Ministério Público, sem Ministério Público, com acusação, sem acusação".
Cid ainda pontua que a investigação não tem sentido, já que "Alexandre de Moraes já tem a sentença dele pronta'. "Eu acho que essa é a grande verdade, ele só tá esperando passar o tempo, o momento que ele achar conveniente, denuncia todo mundo, o PGR acata, aceita, e ele prende todo mundo", diz o ex-ajudante de ordens da PF.
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