Paranaense, nascida em Santa Izabel D’Oeste, Márcia Aparecida Kuhn Pinheiro, primeira-dama de Cuiabá, se destaca pelos projetos focados em cuidar das pessoas, especialmente aquelas mais distantes do poder público, frequentemente invisíveis às políticas públicas. Ao lado do marido, prefeito Emanuel Pinheiro, ao longo de dois mandatos, ela continua motivada em fazer o bem e acolher quem mais precisa. 

Recentemente eleita vice-presidente da "Associação Nacional das Primeiras-Damas", Márcia Pinheiro ganhou destaque com o programa "Solidariedade em Ação", voltado aos órfãos do feminicídio. Originado na capital mato-grossense, o projeto tornou-se referência nacional, adotado por diversos Estados como Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo, Acre, entre outros.

Ela diz que o legado da gestão é a humanização e o respeito às pessoas. "Ao construir esse legado, tornamo-nos referência em todo o país, exemplificando uma cidade humanizada e transparente, que busca justiça social e igualdade para seus cidadãos", celebrou a primeira-dama da capital mato-grossense.

Confira a entrevista exclusiva:

VGN - Primeira-dama, sabemos que a senhora tem desempenhado um papel importante no apoio às crianças que perderam suas mães, vítimas de feminicídio. Como funciona essa ajuda e quais são os objetivos desse programa?

Márcia Pinheiro - Existia uma falta de política pública em nível nacional no que se diz respeito aos órfãos do feminicídio. Essas crianças acabavam com suas mães assassinadas e ficavam sem nenhum amparo do poder público. Essa discussão começou a ser feita em Cuiabá, quando conseguimos a aprovação da lei que concedia o benefício ainda em 2019.

Entretanto, veio o período pandêmico da Covid-19 e as prioridades acabaram se tornando outras. Mas já em 2022, pós-pandemia, seguimos com essa pauta que acabou se tornando um ponto de partida para todo o país. Diversos Estados como SP, PE, RJ, AC e outros seguiram a nossa iniciativa como modelo.

Nós concedemos um salário mínimo, cerca de R$ 1.320, para cada criança que perdeu sua mãe por feminicídio. Esse dinheiro ajuda a família que acaba ficando com a guarda dessa criança em inúmeras necessidades familiares.

Tem um caso de uma tia que ficou com a guarda dos dois sobrinhos porque a irmã foi morta pelo ex-companheiro. Ela já tinha outros três filhos e preciso alugar uma casa maior para abrigar toda a família. São alguns dos diversos casos que o benefício ajuda essa criança e, consequentemente, a sua nova família.

VGN - Como a cidade de Cuiabá está trabalhando para sensibilizar a população sobre o feminicídio e suas consequências?

Márcia Pinheiro - A falta de informação, sem dúvidas, é um desafio que a Secretaria da Mulher e nosso Núcleo de Apoio tem avançado e focado ao longo desses anos. Muitas mulheres permanecem em seu ciclo de violência doméstica porque não sabem e não têm nenhuma orientação dos mecanismos de denúncia. Ou mesmo elas não são encorajadas a buscar um Espaço de Acolhimento da Mulher, que é uma unidade nossa, referência em todo o país, sendo a primeira nesse modelo de atendimento exclusivo à mulher em uma unidade pública de saúde.

A educação também é outro fator prioridade para começarmos a almejar uma sociedade menos machista. O deputado federal Emanuelzinho, criou uma lei que estabelece a Semana Escolar de Combate à Violência Doméstica, onde leva aos mais de 50 mil alunos da nossa rede escolar municipal o debate sobre a igualdade de gênero e o respeito às nossas mulheres. Trabalhar a nossa base educacional, as nossas crianças, é fundamental para buscarmos uma sociedade com menos violência doméstica e familiar.

VGN - Outro projeto de grande destaque criado pela primeira-dama, o programa "Prato Cheio". Pode nós dizer como ele está ajudando a combater a fome em Cuiabá?

Márcia Pinheiro - O Prato Cheio é a maior política de combate à fome da história de Cuiabá e de Mato Grosso. Por quê? Nós estamos descentralizando a política de Segurança Alimentar ao levar para 14 bairros a alimentação social ao preço de R$ 2,00. Ou seja, aquela família em vulnerabilidade social, tem a opção, ao lado da sua casa, em seu próprio bairro, de ter acesso a essa alimentação ao preço socialmente acessível à população mais carente.

VGN - Qual foi a inspiração por trás da criação do projeto "Prato Cheio" e como ele tem evoluído desde o seu início?

Márcia Pinheiro - A inspiração foi justamente ampliar o acesso à política de Segurança Alimentar. Pensa bem, uma pessoa ou família que está em grau de vulnerabilidade social extremo e mora distante do centro. Com qual condição financeira ela irá se deslocar ao centro para almoçar no restaurante popular? É pensando nessas pessoas, fazer com que o serviço público chegue até elas que idealizamos o Prato Cheio, que vai distribuir, em sua totalidade, mais de 25 mil refeições mês, por toda Cuiabá.

VGN - Pode compartilhar alguns resultados ou histórias de sucesso do projeto "Prato Cheio" até agora?

Márcia Pinheiro - A iniciativa é nova e está recém implantada, nós estamos ainda fazendo a busca ativa dos restaurantes parceiros. Nós já temos quatro de 20 restaurantes com a parceria firmada nos bairros Pedregal, Residencial Coxipó, Pedra 90 e Santa Izabel.

Nós fomos almoçar em todos, conhecer a realidade local e os proprietários estão bem entusiasmados porque a parceria irá fomentar o comércio e impulsionar a economia local nos bairros. No Pedregal, por exemplo, a proprietária disse que a projeção é aumentar as vendas em mais de 50%, ou seja, eles vão precisar contratar pessoal que acarretará geração de emprego e renda familiar.

VGN - Além do projeto de apoio às vítimas de feminicídio e o "Prato Cheio", quais são outras iniciativas em que a senhora está envolvida como primeira-dama?

Márcia Pinheiro - Nós temos alguns eixos dentro da Secretaria da Mulher. O eixo “Valoriza Mulher” é um importante trabalho que fazemos para levar qualificação profissional para essas mulheres, neste sentido como forma de independência financeira e buscar, em alguns casos, a saída do ciclo da violência doméstica.

Essa semana nós certificamos mais 150 mulheres para o curso de Hotelaria, realizado em parceria com a Associação Brasileira da Indústria e Hotéis, onde eles apresentam a demanda e nós fazemos a busca ativa de mulheres para capacitá-las e ingressá-las nessas vagas de emprego.

É uma das formas como temos trabalho o programa Qualifica Cuiabá que, desde 2018, já certificou mais de 7 mil pessoas, sendo mais de 5 mil mulheres que conseguiram emprego ou mesmo abriram seu próprio negócio.

O aumento do trabalho informal em Cuiabá cresceu com o avanço do Qualifica, além dos novos empreendimentos que estamos garantindo com o acesso ao microcrédito por meio do Cuiabanco, que é uma iniciativa pioneira de Cuiabá que tem levado centenas de mulheres a buscar abrir seu próprio negócio e gerar renda familiar.

VGN - Como a senhora enxerga o impacto de seus projetos na qualidade de vida dos cidadãos de Cuiabá - e quais são os principais resultados alcançados?

Márcia Pinheiro - Sempre destacamos a importância de obras estruturantes como asfalto, hospitais, escolas e creches. Entretanto, mais importante do que isso, e isso é a tônica da nossa gestão, é cuidar das pessoas. Oferecer condições de dignidade humana, oportunidade e tornar as pessoas menos dependentes do poder público.

Acredito que esse seja o grande legado da nossa administração que tem feito avanços por Cuiabá, em diversas áreas, mas, sobretudo naquilo que cuide das pessoas, principalmente aqueles mais distantes do poder público e que, muitas vezes, são invisíveis às políticas públicas.

VGN - Qual mensagem que a senhora gostaria de compartilhar com os cidadãos de Cuiabá e aqueles que estão interessados em apoiar essas causas?

Márcia Pinheiro - Como eu disse, o nosso grande legado foi construir políticas públicas que impactam diretamente na vida das pessoas, principalmente aos menos favorecidos. Emanuel sempre priorizou buscar ações que beneficiam diretamente as pessoas, em seus bairros, levando o serviço público mais perto das pessoas.

"Construímos um grande legado sob esse ponto de vista, com ações, referência em todo o país, dando exemplo de uma cidade humanizada e transparente que busca justiça social e igualdade aos seus cidadãos", concluiu a primeira-dama, Márcia Pinheiro.

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