O secretário de Assuntos Estratégicos, José Arlindo, afirmou receber com estranheza o fato de o candidato ao Governo Mauro Mendes (DEM) ter tecido elogios ao programa Caravana da Transformação, da atual administração, uma vez que sua assessoria jurídica ingressou diversos pedidos na Justiça para tentar impedir que os serviços continuassem a ser prestados. Para ele, a promessa do democrata de manter o programa caso seja eleito, é uma incoerência.
“Vi na imprensa uma reportagem em que Mauro Mendes promete manter e ampliar a Caravana na hipótese de conseguir se eleger. Para mim foi uma surpresa. Na verdade, fiquei sem entender como uma pessoa pode pedir judicialmente que procedimentos sejam suspensos e na outra semana reconhecer publicamente a importância da Caravana para o cidadão-mato-grossense. Isso é ser incoerente consigo mesmo e com a população”, afirmou o secretário, que é também coordenador-geral do programa.
A primeira edição da Caravana da Transformação foi realizada em 2016, quando o Governo passou a reduzir o número de pessoas que esperam há décadas na fila do SUS por procedimentos oftalmológicos, como o de catarata. Ao todo, nas 14 edições realizadas em todas as regiões de Mato Grosso, foram beneficiadas quase 70 mil pessoas com a cirurgias nos olhos.
Apesar do sucesso do programa, a assessoria jurídica de Mendes tentou impedir que o Governo pudesse concluir pós-operatórios da última edição que ocorreu em Sinop. O argumento foi o de que Taques estaria usando o programa para se promover politicamente. A Justiça negou o pedido, mas caso tivesse decidido aceitar a solicitação de Mauro de suspender os procedimentos, pessoas poderiam ter ficado cegas, conforme apontam membros do Governo em documento entregue ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE).
Apesar disso, em recente entrevista à imprensa, perguntado sobre o que faria com a Caravana da Transformação, Mauro Mendes admitiu que se trata de uma importante política pública emergencial para tirar pessoas da cegueira.
Na avaliação de José Arlindo, o fato de um postulante ao Governo colocar questões políticas à frente do bem-estar social é preocupante. “Se fora do Executivo o candidato já se mostra capaz de priorizar coisas outras que não o cidadão, fico preocupado com o que pode fazer com a caneta na mão. Fato é que a Caravana parece estar incomodando bastante gente por aí, menos aquele que de fato importa, que é o cidadão que precisa de cirurgia”, concluiu o secretário.