Descaso, abandono, cobranças, sofrimento e falta de responsabilidade, são uns dos adjetivos usados nos protestos de indignação dos moradores do Residencial Santa Bárbara, em Várzea Grande. Eles estão há 20 tendo que sobreviver consumindo água tratada misturada com esgoto, após uma infiltração na tubulação do Conjunto Habitacional.
A reportagem do VGN recebeu a primeira denúncia de moradores em 15 de abril, relatando que acionaram o serviço do Departamento de Água e Esgoto de Várzea Grande (Dae/VG), após sentir cheiro de água com esgoto que vinha do reservatório.
O Residencial foi entregue a menos de um ano, e, segundo moradores, as famílias estão preocupadas e incomodadas com o mau cheiro que está exalando na água das torneiras dos apartamentos. Eles alegam que uma infiltração na rede esgoto atingiu a rede de água tratada e as crianças e idosos estão sofrendo com problemas de saúde.
A moradora indignada ainda disse que após a equipe do Dae constatar o problema, eles pediram sigilo para os moradores. “As famílias estão tomando banho, fazendo comida e algumas até bebendo água de esgoto, pois não têm dinheiro para comprar garrafões de água. Segundo ela, além dessas famílias estarem arriscando a saúde, ainda no final do mês paga um absurdo de conta”, contou ela.
A reportagem do VGN esteve in loco e conversou com a síndica da 5º etapa, Erinete Ferreira Paiva, que disse que os responsáveis precisam fazer alguma coisa, pois todos estão assustados e apavorados. Ela contou ainda, que depois de pedidos de moradores foi feito uma coleta da água e eles estão aguardando o resultado que deve sair nos próximos dias.
Em conversa com o presidente do Dae, Carlos Alberto, na ocasião, ele confirmou que uma equipe esteve no local para averiguar a denúncia, no entanto, deixou claro que a entrada de água é de responsabilidade da autarquia, sendo dali para frente responsabilidade do condomínio. “Se tem alguma contaminação dali para frente nós podemos ajudar colaborar, identificar e resolver o problema, mas a nossa responsabilidade é entregar a água com qualidade, e isso entregamos na entrada”, declarou ele.
Em contato com a assessoria da Construtora Lorenzetti, empresa responsável pelas obras, informou por meio de nota, ‘jogou’ o problema ao DAE – alegando que o problema é do DAE de Várzea Grande, que não cabe à empresa. “Gostaria de informar que este problema é do DAE de Várzea Grande, não cabendo à empresa sobre isso”, disse por meio de nota a Construtora.
Já a assessoria da Caixa Econômica Federal, informou a reportagem do VGN que assim que tomou conhecimento da reclamação dos moradores, notificou a Construtora Lorenzetti, responsável pela execução das obras no Residencial Santa Bárbara, para verificação das instalações hidrossanitárias dos Condomínios, cujo projeto não prevê execução das tubulações em vala compartilhada.
Nesse jogo de empurra entre a Construtora Lorenzetti, Caixa Econômica Federal e Departamento de Água e Esgoto de Várzea Grande, os responsáveis viraram alvo de investigação do Ministério Público Federal (MPF) e Ministério Público Estadual (MPE), após denúncia encaminhada pela reportagem do VGN.
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Em resposta, O MPF informou que a manifestação do VGN foi encaminhada ao Núcleo de Tutela Coletiva da Procuradoria da República no Estado de Mato Grosso para análise pelo procurador-distribuidor.
“Vale ressaltar que a Sala de Atendimento ao Cidadão não faz nenhuma alteração no conteúdo da resposta e a envia exatamente como recebida dos setores demandados. Além disso, conforme Art. 14, da Resolução CNMP nº 89/2012, as decisões de indeferimento ao acesso à informação ou as razões da negativa estão sujeitas a recurso no prazo de dez dias, a contar da ciência, que deverá ser registrado por meio de uma nova manifestação”, diz trecho da nota encaminhada.
O Ministério Público Estadual comunicou que já existe um Inquérito Civil em andamento que apura a qualidade dos serviços de abastecimento de água em toda a cidade de Várzea Grande. “O Estado de Mato Grosso, por meio da Secretaria de Estado de Saúde (SES), já realizou inspeção in loco em todos os reservatórios de Várzea Grande e está elaborando relatórios que serão encaminhados ao Ministério Público em 60 dias”.
Já a Ouvidora do MP/MT informou que a ‘Noticia de Fato’ gerou um registro, e foi aberto um procedimento para apurar o caso, e poderá apontar possíveis irregularidades e apontar os responsáveis.
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