O Mais Você desta quinta-feira (05.02) tratou de um assunto que assusta muita gente: as balas perdidas. Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) apontam que o Brasil é o segundo país com maior número de casos na América Latina, ficando atrás apenas da Venezuela. No país, 35% das ocorrências de balas perdidas terminam em morte e 45% das vítimas são crianças e adolescentes. Na Casa de Cristal, duas mães, que perderam seus filhos desta maneira, contam como enfrentam a tragédia.
Tatiane Costa Romagnoli perdeu sua filha Manuela, de 10 meses, no último domingo (01), em São Paulo. Manuela estava dentro de casa quando foi atingida. Emocionada e grávida de cinco meses, a mãe desabafou. "A gente precisa de leis, porque as pessoas em quem a gente votou, dedicou nossa confiança, não vieram nos dar apoio. Só sei sentar e chorar em casa". Tatiane detalhou também como foi o dia em que a filha morreu: "Meu marido estava cantando, eu estava sentada no sofá. Assim que terminei de trocá-la, fui para a cozinha, foi meu último momento com minha filha. Ela morreu no meu lugar. Não acredito que vá ter Justiça."
Já Milene de Carvalho perdeu sua filha Larissa, que levou um tiro quando saia de um restaurante com os pais em Bangu, no Rio de Janeiro. "Estávamos em um grupo de 11 pessoas, fechamos a conta para ir para o carro, por volta de meia-noite, em uma rua bem movimentada. Só vi a hora que a perninha dela ficou molinha, achei que era uma convulsão. No hospital, eu já sabia que minha filha não estava mais ali", contou, ela, que decidiu doar os órgãos da menina. "Era a maneira de mantê-la viva. Queria conhecer pelo menos a criança que receberia o coraçãozinho da minha filha", disse. Ana Maria, ao ouvir o depoimento, não segurou a emoção.
Morte do pequeno Kayo - O repórter Felipe Suhre conversou com a família do pequeno Kayo da Silva, de 8 anos, morto em 2013, também vítima de bala perdida em Bangu. A mãe, Tatiane da Silva, não se conforma. "Perguntava para minha mãe se ele não ia voltar para casa, se não ia chegar", contou ela, que ainda não conseguiu desfazer a mochila que Kayo levaria para a escola. A avó, Rosana da Silva, desabafou. "Nesse dia me senti uma inútil, não consegui fazer nada", disse ela, que ainda ressaltou que os tiros poderiam ter partido de policiais. A família alega também que não houve amparo do Estado após a tragédia.
A Secretaria de Estado de Segurança do Rio de Janeiro informou que o caso está na Justiça e, por isso, não comenta o assunto. Em relação a uma possível indenização à família, o Governo do Estado informou que, até o momento, não há decisão judicial que condene o Estado.
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