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Cidades Quarta-feira, 11 de Abril de 2018, 17:45 - A | A

Quarta-feira, 11 de Abril de 2018, 17h:45 - A | A

Balanço

Governo desenquadra 159 empresas do Prodeic, mas postos de trabalho são mantidos

Gcom

Gcom-MT / Christiano Antonucci

Ambev

 

Cento e cinquenta e nove empresas foram desenquadradas do Programa de Desenvolvimento Industrial e Comercial (Prodeic) e mesmo assim, as que sobraram conseguiram manter o número de contratações e até expandir durante a crise econômica, entre 2015 e 2017. Conforme os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o número de empregos na indústria em geral passou de 98.090 para 95.604, enquanto o de contratados nas empresas beneficiadas pelo incentivo estadual, passou de 45.426 para 45.862.

Conforme Carlos Avalone, que esteve como secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico até sábado (07.04), os técnicos fizeram um saneamento na lista de empresas que compunham o Prodeic, pois entre os anos de 2011 e 2014, os incentivos, bem como as empresas favorecidas aumentaram muito. Os benefícios eram em torno de R$ 400 milhões em 2010 e, quatro anos depois, chegaram a R$ 1 bilhão.

Já em relação aos enquadramentos, apenas nos últimos 3 meses de 2014, ano de eleições e da Copa do Mundo no Brasil, foram registrados 77. A quantidade é alta se comparado a todo ano de 2017, quando houve 22 concessões. 

“Muitas destas empresas não atendiam as condições exigidas pelo programa. Eram do ramo de comércio, hotelaria, confecções, supermercados e até mesmo loja de departamento. Ofereciam poucos postos de trabalho e os números mostram que a retirada delas não afetou a economia”, afirma Avalone.

Atualmente, 435 empresas da indústria de transformação fazem parte do programa. Elas são dos setores de combustível, energia, beneficiamento de algodão, frigorífico, bebidas, fertilizantes e laticínios. “Elas estão distribuídas por todo o Mato Grosso e têm a função de melhorar o IDH – Índice de Desenvolvimento Humano – das áreas mais carentes e ainda contribuir para o plano de desenvolvimento das regiões”, argumenta.

Como funciona - Os incentivos representam um abatimento de até 90% no Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) dos produtos produzidos e esta porcentagem é calculada conforme uma série de fatores como o local de instalação, tipo de produtos que beneficia, se há compra de insumos locais, investimento previsto e empregos a serem ofertados.

Dados da Sedec mostram que R$ 1,6 bilhão será ofertado em incentivos este ano. Do total, R$ 1,4 bilhão é para acordos vigentes e R$ 285 milhões para novos credenciamentos. Outros R$ R$ 2 bilhões serão destinados a incentivos como o abatimento de imposto dos produtos da cesta básica, IPVA e comercialização de alguns produtos específicos, fixados por meio de convênios e decretos, os den.

Empresários - A presidente da Associação de Empresas do Distrito Industrial de Cuiabá, Margareth Buzett, explica que sem incentivos nenhum empresário tem condições de se instalar em Mato Grosso. Na opinião dela, os empreendedores têm três gargalos difíceis de superar: a logística, o pequeno mercado consumidor e a alta taxa tributária.

Buzett alega que apenas as agroindústrias costumam comprar insumos dentro do estado. As demais empresas, geralmente, precisam fazer a aquisição fora de Mato Grosso e até mesmo do Brasil. Isto onera sobre a produção, e se juntar as dificuldades de transporte, torna mais inviável instalar-se aqui, caso não haja o incentivo.

Ela assegura que toda a categoria é favorável aos incentivos, porém defende que o processo deve ser claro e garantir a isonomia, o que gera transparência e segurança. Para a presidente, entre as coisas que precisam mudar está à prestação de informações sobre os créditos do empresário no confronto das alíquotas dos produtos comprados fora de Mato Grosso. “No balaço geral, o benefício acaba sendo menor, porque temos que renunciar aos créditos para recebê-los”.

Oportunidades - A Cervejaria Ambev é uma das empresas que estão dentro do programa e conseguiram passar pela crise mantendo as contratações. A cervejaria funciona no mesmo local desde 1995 e, todos os dias, cerca de 70 caminhões saem carregados de bebida para os consumidores.

No período de crise, a empresa manteve o trabalho de divulgação e de abertura de novos postos de venda. Mesmo com cenário econômico instável, a unidade triplicou a capacidade em três anos e ainda investiu nos funcionários.

Paulo Henrique Araújo, 24, é engenheiro mecânico e passou a integrar o quadro de funcionários em novembro de 2016, auge da crise. Na época, Paulo tinha se formado e estava com incertezas sobre o mercado, mas logo conseguiu uma oportunidade.

Ele relata que se sente uma pessoa de sorte porque grande parte dos colegas de sala que saiu de Mato Grosso em busca de trabalho ainda não encontrou uma colocação. “Aqui estou sempre fazendo cursos de qualificação. Em alguns casos, eu não teria como fazer fora da empresa”.

Outra jovem recrutada durante a crise foi Amanda Giovana, 23. Ela é analista de Gestão da Cervejaria Ambev e entrou na empresa nos últimos meses de faculdade, ainda como estagiária. Em seguida, conseguiu ser contratada com funcionária e já realizou alguns sonhos pessoais como comprar um carro e viajar para os Estados Unidos. Agora, Amanda ainda vai iniciar um curso de especialização.

O quadro de funcionários da cervejaria de Cuiabá conta com 517 colaboradores, sendo 395 funcionários, 180 terceirizados, 14 aprendizes, 7 estagiários técnicos e 5 estagiários superiores. A Cervejaria Ambev está atualmente com dois programas de seleção em aberto: Estágio e Trainee Supply, que buscam jovens em formação ou com até dois anos de formado para atuar nas cervejarias e escritórios da empresa pelo Brasil.

Contrapartida - O superintendente do Programa de Incentivos da Sedec, Leandro Reyes Teixeira de Souza, explica que no processo de enquadramento, a empresa precisa fazer uma série de compromissos, que vão da implantação e qualificação de mão de obra, a geração de empregos e em alguns casos, projetos sociais.

Souza relata que muitas vezes, os próprios prefeitos defendem a concessão de incentivo às empresas por causa dos resultados na comunidade, como construção de prédios públicos, cursos oferecidos à população, entre outros benefícios. “Tudo isto acontece em parceria com a geração de emprego e renda que movimenta toda economia local”.

O acompanhamento das contrapartidas é feita pela equipe de técnicos da Sedec. Em 2016, eles conseguiram estar em 94% das beneficiadas, na época 263. Do total, 182 estavam agindo de acordo com as regras, porém 45 estavam fechadas, suspensas ou com as atividades temporariamente paralisadas. O restante tinham pendências com documentações e projetos.

Quem cumpre as regras pode usufruir do benefício por 10 anos, validade de um convênio, e o prazo pode ser prorrogado, desde que o interessado faça o pedido de renovação dentro do prazo estabelecido.

 

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