A duplicação na rodovia dos Imigrantes gera incertezas e dúvidas nos comerciantes de Várzea Grande, que alegam desinformação por parte da empresa Nova Rota do Oeste. Há 42 anos trabalhando com conserto de tratores e há 16 anos na Imigrantes, o empresário Marcos Antônio Cardoso Tobias, 71 anos, disse que já perdeu as esperanças de ver a rodovia duplicada, uma história que se arrasta há anos.
No mês passado, o governador Mauro Mendes (União) assinou a ordem de serviço e as obras vão iniciar no trecho de 16,3 km, entre o km 495,9 (Cuiabá) e o km 512,2 (Várzea Grande) da BR-070, incluindo a ponte sobre o Rio Cuiabá. A obra está orçada em R$ 302 milhões, com prazo para conclusão de 18 meses.
Um dos trechos considerados mais complexos da rodovia dos Imigrantes, está em Várzea Grande, entre o Trevo do Lagarto e a ponte sobre o Rio Cuiabá. Neste trecho, não há nem mesmo a contratação da empresa construtora para a execução das obras do segundo lote.
O projeto inicial de duplicação não previa obras em Várzea Grande. No ano passado, o presidente do Conselho Fiscal da Nova Rota do Oeste, Cidinho Santos, descartou a duplicação, alegando como principal empecilho o alto custo das desapropriações.
Várzea Grande só ganhou espaço no projeto da duplicação, após um movimento significativo, que foi desencadeado graças à mobilização promovida pelo portal . Políticos se mobilizaram pela causa e depois de uma reunião com o diretor-presidente da Nova Rota do Oeste, Luciano Uchoa, em Brasília, Várzea Grande entrou no projeito do Governo e da Nova Rota do Oeste.
Em entrevista ao , comerciantes ouvidos disseram que só acreditarão na duplicação da rodovia quando a obra começar, o que ele aposta que levará ainda uns cinco ou seis anos. Mesmo desacreditado, ele descreve como uma obra de suma importância para o comércio local.
Atualmente o fluxo de carretas que trafegavam na rodovia acaba espantando a clientela, levando em consideração que para atravessar a pista gasta-se no mínimo 10 minutos.
“Os clientes não estão vindo aqui devido ao movimento de veículos de cargas e até mesmo carros de passeio que são grandes demais. Então a duplicação e outras melhorias trarão benefícios para os comerciantes da região”, afirmou Marco Antônio Tobias.
Desapropriações para duplicar
Um levantamento feito pela reportagem do com dados geoespaciais da Prefeitura do município, mostrou que cerca de 76 imóveis que estão em área próxima do trecho de duplicação da Rodovia dos Imigrantes podem ser desapropriados pela concessionária Nova Rota do Oeste. Leia matéria relacionada - Duplicação da Rodovia dos Imigrantes pode desapropriar mais de 70 imóveis; veja lista de proprietários
O projeto de duplicação da Rodovia dos Imigrantes (BR-070), em Várzea Grande, inclui a construção de três viadutos e a remoção de semáforos ao longo da via. Confira - Projeto de duplicação da Imigrantes, em VG, com previsão para iniciar no 2º semestre, inclui três viadutos
Em relação a uma possível desapropriação e se poderia prejudicar a empresa, Marcos Tobias destacou que seu terreno está tudo certo. Ele lembra que no passado o local passou por desapropriação, e agora, se precisar desapropriar, bastaria recuar o muro.
Sobre as dúvidas após o anúncio da duplicação da rodovia, o empresário disse que não foram procurados ainda. Ele afirmou que assistiu em um programa de TV que falava sobre as desapropriações. Disse também que nenhum comerciante da região foi procurado pela empresa responsável pela obra.
Também desinformada em relação a possíveis desapropriações, a empresária do ramo da construção civil, Olesia Escopel de Souza, 64 anos, disse que calcula que sua empresa esteja dentro do limite. Olesia, que mora na região há 34 anos, reforçou a necessidade do acostamento, alegando que se não for construído prejudicará suas vendas, uma vez que não terá estacionamento para os clientes.
“A questão é duplicar os dois lados né? Não de um lado só. Se duplicarem só do meu lado, aí fica difícil, pois tem espaço lá debaixo bem mais do lado que eu estou, então não custa eles dividirem para os dois lados, vai dar a medida suficiente para duplicarem, e ainda, com acostamento”, ponderou Olesia.
Comerciantes temem nova Avenida da FEB
Olesia Escopel disse ao que não sabe se a duplicação da rodovia vai melhorar para o comércio, mas tem certeza que para o transporte, sim, principalmente para os caminhoneiros que ficam horas parados nas pistas.
Mesmo apostando nas melhorias, a empresária questionou sobre a pista receber acostamentos, pois segundo ela, não adianta somente alargar a pista e não ter acostamento para o fluxo de pedestre.
Outra preocupação de Olesia é em relação ao início das obras e como ficarão os trechos ou até mesmo o fechamento total das pistas. Temendo essa possibilidade, a idosa comparou que a Imigrantes poderá se tornar uma avenida da Feb, que devido ao rasgo feito na pista para obras primeiramente do Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT) e agora obras do Ônibus de Transporte Rápido (BRT), muitos comércios precisaram fechar as portas.
Questionado se os anúncios de obras na região estariam ligados ao período eleitoral, a empresário recordou que morando há quase 40 anos na região, sofreram anos e anos com a poeira, justiçando que ruas no entorno recebiam asfalto, contudo, a rua dela somente esse ano.
Ao final da entrevista, Olesia disse que tem esperança que desta vez a duplicação saia do papel, mesmo sabendo que é uma obra demorada. “Estamos há anos reivindicando. São anos olhando motoristas sofrendo dentro dos caminhões com esse calor de 40° graus. Além de inúmeros acidentes com vítimas. Então minha expectativa é que a obra saia do papel e vira uma realidade”, concluiu a empresária Olesia Escopel.
Outro lado
A reportagem do entrou em contato com a assessoria da Nova Rota do Oeste, empresa contratada pelo Governo do Estado para as obras de duplicação da rodovia dos Imigrantes (BR-070), que contorna Cuiabá e Várzea Grande, e questionou sobre as desinformações pautadas pelos comerciantes, e foi informada que o projeto de duplicação e melhorias da rodovia dos Imigrantes na travessia urbana de Várzea Grande está em fase final de aprovação pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) .
Conforme a concessionária, assim que concluída esta etapa, a Nova Rota do Oeste iniciará o contato com os proprietários cujas áreas serão impactadas. O procedimento é semelhante ao utilizado em outras obras realizadas pela empresa.
Confira nota na íntegra:
A Nova Rota do Oeste esclarece que o projeto de duplicação e melhorias da rodovia dos Imigrantes na travessia urbana de Várzea Grande está em fase final de aprovação pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e, assim que concluída esta etapa, a Concessionária iniciará imediatamente o contato com os proprietários cujas áreas serão impactadas. O procedimento é semelhante ao utilizado em outras obras realizadas pela empresa.
Sobre o tema, é importante destacar que os impactos de desapropriação devem ser mínimos para uma obra de grande porte. A maior parte dos investimentos será construída dentro da Faixa de Domínio da rodovia. O projeto foi revisitado tendo como uma das premissas o menor impacto possível nas áreas contíguas e a otimização alcançou uma redução de cerca de 80% no total em área de desapropriações em relação ao projeto original da duplicação, de 2014.
Em maio, a Concessionária anunciou a ordem de serviço para o início do primeiro lote de duplicação da Rodovia dos Imigrantes, entre a ponte Juscelino Kubitschek e o distrito industrial de Cuiabá. No mesmo evento foi concedida a autorização para contratação do segundo lote, entre a ponte e o Trevo do Lagarto. O processo está em curso.
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