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VGNJUR Sexta-feira, 13 de Janeiro de 2023, 11:12 - A | A

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O preço da beleza

Sem UTI, advogado diz que Valore Day assumiu risco na morte de vendedora após lipo

Os médicos sabiam que Keitiane era uma paciente com infecção pulmonar pelo coronavírus

Gislaine Morais & Kleyton Agostinho/VGN

A defesa da vendedora Keitiane Eliza da Silva, 27 anos, que morreu em 14 de abril de 2021, após fazer lipoaspiração e mais dois procedimentos estéticos na Clínica Valore Day, em Cuiabá, acusa os médicos responsáveis pela cirurgia de terem assumido o risco ao fazer procedimentos estéticos, em uma paciente com danos da Covid, em um local que não possui uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). A declaração foi em coletiva à imprensa, concedida na manhã desta sexta (13.01).

Segundo o advogado Heliodorio Santos Nery, Keitiane fez três procedimentos estéticos na Clínica Valore Day, com os médicos Alexandre Rezende Veloso, Klayne Moura Teixeira de Souza e Cristhiano Camargo Prados, os quais, conforme ele, mesmo sabendo se tratar de uma paciente com infecção pulmonar pelo coronavírus, deram prosseguimento aos procedimentos em um local desassistido de UTI.

“A Keitiane, se tornou uma paciente emergencial e quando ela chega a esse patamar vai complicando a vida dela e da própria clínica, porque a clínica não oferecia emergência e nem Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Então quando eu disse do descumprimento da recomendação, que diz que se a cautelar em relação à pacientes a procedimentos eletivos a pacientes com originários de infecção pulmonar pelo coronavírus, esse procedimento eletivo já estava suspenso principalmente para as pessoas que haviam sido infectados pelo coronavírus, porque naquela ocasião, momento de pandemia, as UTIs estavam destinadas e reservadas para eventuais pacientes acometidos pela Covid-19” declarou.

O advogado entende que os médicos assumiram um risco enorme quando fizeram três procedimentos seríssimos na vítima. “E por falar nisso, há uma classificação, e nessa classificação, a clínica Valore Day tem até uma nomenclatura chamada de hospital, mas ela não é, pois, hospitais estão preparados para cirurgias de grande porte”, complementa.

Outro fato destacado pelo advogado, é que em depoimento, Gabriel, marido de Keitiane, contou que ela fez as cirurgias com o “doutor Alexandre porque ele fez um preço menor, já que um outro médico não teve a coragem de fazer a cirurgia, pois eram três procedimentos e a possibilidade de complicação era muito grande e na Keitiane muito mais, porque ela estava num prazo de espera para se habilitar para cirurgia”.

“Segundo doutor, a abdominoplastia, lipoaspiração e mastopexia era exatamente o limite da clínica e ela está autorizada, tinha alvará para isso e os procedimentos eram tidos como médio porte. Mas no momento que ela assumiu o risco de fazer a reabordagem tornou-se ali uma cirurgia de grande porte e ela não estava habilitada. O primeiro choque que Keitiane recebeu foi dia 13 às 21 horas, ficou a noite toda, inclusive aberta até o outro dia às 8 horas quando ela foi transferida. E os parentes nem ficaram sabendo, só tomaram conhecimento duas horas depois, e ninguém sabe se ela foi para o hospital viva ou morta”.

Para a defesa, houve uma série de incógnitas – “quero abrir um parêntese para dizer que tudo que estou falando está no parecer técnico, a única coisa que não estava laudo e que o Gabriel nos informou que Keitiane disse para ele que outro médico cobrava muito caro, mas não podia fazer a cirurgia porque ela estava no período de espera, das seis semanas e ela fez com 22 dias”.

Então segundo o advogado, Keitiane, conforme parecer técnico, deveria ser estabilizada e transferida tão logo quando aconteceu a primeira parada cardíaca, a primeira das seis.

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