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VGNJUR Quinta-feira, 30 de Setembro de 2021, 16:54 - A | A

Quinta-feira, 30 de Setembro de 2021, 16h:54 - A | A

Manifestação

MPE é contra prisão domiciliar de Ana Flor: “Ela é a responsável pelo intenso sofrimento das três filhas”

“Nem o amor pelas próprias filhas foi capaz de impedi-la de praticar o odioso crime de homicídio” cita o MPE.

Rojane Marta/VGN

Reprodução

Ana flor

 Ana Claudia Flor é suspeita de orquestrar e pagar pelo homicídio de seu marido Toni da Silva Flor

 

O Ministério Público do Estado se manifestou contrário ao pedido de revogação da prisão preventiva formulado pela defesa de Ana Claudia Flor, suspeita de orquestrar e pagar pelo homicídio de seu marido Toni da Silva Flor.

A defesa de Ana Flor alega a insubsistência dos requisitos autorizadores da prisão preventiva e subsidiariamente, pugna pela conversão prisão preventiva em domiciliar.

Contudo, o MPE cita que o “caderno policial revela meticulosa preparação do hediondo homicídio, com clara divisão de tarefas, que compreendeu desde a contratação do executor, aquisição da arma de fogo, monitoramento dos passos da vítima, etc., tudo a revelar uma frieza incomum e periculosidade exacerbada de todos os agentes envolvidos e, notadamente, da ‘viúva’, que detinha pleno domínio do fato delituoso”.

“A maneira como o crime foi planejado e friamente executado evidencia a gravidade in concreto do crime. É importante, neste aspecto, frisar o intenso desvalor da conduta de Ana Claudia, que ordenou a morte do pai de suas três filhas menores, jamais revelando qualquer arrependimento. É evidentemente macabra sua conduta de, após o delito por ela mesma planejada em todos os detalhes, ter promovido campanhas em mídias sociais e até eventos públicos onde cobrava justiça pela morte de seu marido” diz o MPE.

Ainda, o órgão contesta Ana Claudia que alega que as filhas estão sendo submetidas a intenso sofrimento, verdadeira tortura velada, por estarem sendo privadas da convivência da mãe. “Todavia, por todo o arcabouço probatório já amealhado, que ultrapassa sobremaneira meros indícios de autoria, é possível afirmar com veemência que a única responsável pelo sofrimento das filhas é a própria Ana Cláudia, que planejou e pagou pelo homicídio do genitor das crianças, privando-as, para sempre, do convívio paterno. A situação enfrentada pelas filhas do casal é inquestionavelmente comovente, o que reforça ainda mais a repugnância da conduta de Ana Claudia. Nem o amor pelas próprias filhas foi capaz de impedi-la de praticar o odioso crime de homicídio” enfatiza o MPE.

Leia mais: Sem saber que mãe era responsável por homicídio do pai, filha de Toni Flor desejou pena de morte para assassinos

Conforme o MPE, mesmo sabendo das consequências psicológicas devastadoras que a precoce orfandade traria às filhas, Ana Claudia “escolheu dar andamento no seu macabro intento homicida”.

O Ministério Público está convincente, tendo por base as provas já colhidas, de que Ana Flávia planejou, ordenou e pagou pela execução da vítima. Segundo relata o MPE, interrogatórios e acareações realizados na fase investigativa, de maneira uníssona, apontam Ana Claudia como mandante do crime.
O MPE transcreve que durante os períodos de interceptação, antes mesmo da prisão de Igor Espinosa, em 25/06/2021, em uma conversa com o seu ex-amante Kleber, logo após este sair da delegacia onde foi prestar depoimento acerca da morte de Toni, Ana Cláudia, repentinamente, como alguém que verbaliza um pensamento, afirma que “isso vai sobrar pra mim”.

Já após a prisão de Igor Espinosa, ela travou conversas telefônicas com a mãe e a irmã da vítima, ocasiões em que se mostrou completamente desnorteada com a prisão do acusado.

“O que chama atenção é a quantidade de vezes em que Ana Cláudia repete, por telefone e pessoalmente, à irmã e mãe da vítima, que irá matar Igor Espinosa. A requerente é categórica na afirmação de que mataria o comparsa, dando ares de que sua motivação seria vingança, mas, na verdade, fica evidente que estava armando o cenário ideal para eliminar um iminente delator. Também chama a atenção a quantidade de vezes que Viviane e Helena, respectivamente irmã e mãe da vítima, tentam acalmá-la, dizem que não é necessário, mas Ana Cláudia tenta convencê-las de que é o melhor a ser fazer, inclusive usa a própria filha, afirmando que seria a vontade desta” informa o MPE.

Diante disso, o órgão cita a necessidade de manter a prisão dela, para garantia da ordem pública e garantia da instrução criminal, principalmente pelo fato de Ana Claudia ter demonstrado a firme disposição de eliminar a vida de Igor Espinosa, que ainda será ouvido na ação penal, bem como de influir no andamento das investigações. “Ademais, quando ao requerimento de conversão da prisão preventiva em domiciliar o artigo 318-A do Código de Processo Penal veda expressamente essa possibilidade quando o crime é cometido com violência ou grave ameaça” cita.

Para o MPE, não houve nenhuma mudança fática em relação aos fundamentos da decisão que decretou a prisão preventiva de Ana Flor, não havendo razões que justifiquem, por ora, a sua revogação.

 
 
 

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