O Governo de Mato Grosso desembolsou mais de R$ 11.295.597,38 milhões, somente em abril deste ano, para empresas implicadas na Operação Espelho, deflagrada em 2021 pela Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (Deccor). Esta operação investiga um suposto "cartel da saúde" acusado de manipular licitações na Secretaria de Estado de Saúde (SES). Somado com o empenhos, valores que ainda serão pagos, a quantia chega a R$ 20.290.337,95 milhões.
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As empresas Medtrauma Serviços Médicos Especializados Ltda, Medsim Serviços Médicos Ltda e Adop Serviços Médicos Eireli, associadas aos empresários indiciados na Operação Espelho, ainda prestam serviços para a Secretaria de Saúde de Mato Grosso.
A equipe de reportagem do consultou o Sistema Fiplan, disponível no Portal do Governo de Mato Grosso, verificando que todas as empresas mencionadas estão associadas aos médicos Gabriel Naves Torres Borges, Alberto Pires de Almeida e Osmar Gabriel Chemin, todos réus na Operação Espelho.
A Medtrauma recebeu R$ 2.224.629,93 milhões; a Medsim, R$ 7.653.297,45 milhões; e a Adop, R$ 1.417.670 milhão, conforme consta do documento final da matéria. As empresas ainda tiveram valores empenhados, ou seja, aguardando pagamentos: Adop tem a receber R$ 5.561.352,50 milhões e a Medtrauma o valor de R$ 3.433.388,07 milhões.
Chama a atenção o fato de que as duas empresas operam no mesmo endereço. A empresa Medtrauma Medicina Especializada, Medsim Serviços Médicos Ltda e a Adop Serviços Médicos Eireli, na avenida Miguel Sutil, 8000, 18º andar, sala 1807, Edifício Santa Rosa Tower. Já Adop Serviços Médicos Eireli, no mesmo prédio, sala 1405.
A empresa Medsim Serviços Médicos Ltda, pertencente ao Grupo SANUS, cujos proprietários incluem Osmar Gabriel e Alberto Pires. E os valores são relacionados ao gerenciamento de uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pediátrica 24 horas no Hospital Estadual Santa Casa, em Cuiabá e pelo serviço de gerenciamento de UTI no Hospital Metropolitano de Várzea Grande.
Outra empresa ligada ao Grupo SANUS e aos empresários mencionados é a Adop Serviços Médicos Eireli, que também recebeu do Estado em abril, referente a serviços médicos especializados em UTI Neurológica no Hospital Regional de Rondonópolis e ortopedia e traumatologia no Hospital Regional de Cáceres.
Operação Espelho - A empresa é alvo de investigação da Polícia Federal em conjunto com a Controladoria-Geral da União (CGU), por integrar suposta organização criminosa que teria atuado para fraudar procedimentos licitatórios na área da Saúde, causando prejuízo na ordem de R$ 30 milhões.
Ganância, este foi o termo usado pelo Ministério Público do Estado para definir os empresários, médicos, acusados de fazerem parte de um esquema criminoso para fraudar licitações no Estado de Mato Grosso, em pleno auge da pandemia da Covid-19.
Consta da denúncia do MPE, que conversas interceptadas e as extraídas das conversas de WhastApp entre os suspeitos, causam indignação ao comemorarem friamente os números da Covid no Estado. "POR ENQUANTO NA COVID. O MUNDO É NOSSO", diz trecho de uma das mensagens, citadas no processo pelo MPE.
"Chega a causar indignação a ganância dos suspeitos, profissionais médicos, que possuem o compromisso com a vida das pessoas, ao se aproveitarem da situação gerada pela COVID 19 para auferir lucros ilícitos às custas das verbas públicas, sem se preocupar com as vidas de inúmeros mato-grossenses que morreram por falta de atendimento médico e recursos hospitalares. Inclusive, conforme trecho do diálogo mantido entre os médicos Gustavo Ivoglo e Osmar Ort, no dia 29.03.2021, às 25h27min07s, em que Osmar diz: “VAMOS FOCAR EM FLORESTA. POR ENQUANTO NA COVID. O MUNDO É NOSSO”.
Conforme apontado pela autoridade policial, a mais repugnante conversa do grupo versou sobre a possibilidade de omissão sobre ocorrência de eventuais mortes de pacientes e irregularidades no Hospital Regional de Alta Floresta para honrar o “selo de paz” entre os integrantes do grupo, conforme excerto de Renes Filho, em 27.3.2021, às 10h30min46", apontou o MPE.
Outro lado - A reportagem do entrou em contato com a assessoria da Secretaria de Estado de Saúde (SES); contudo, até o momento da publicação desta matéria, não recebemos retorno. O espaço permanece aberto para manifestações futuras.
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